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20/01/2007 - 08h40

Congresso e Casa Branca intensificam embate sobre Iraque

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da Folha Online

O embate entre a Casa Branca e o Congresso dos Estados Unidos --dominado pela primeira vez em 12 anos pelo Partido Democrata-- a respeito da nova estratégia do presidente George W. Bush para a ação americana no Iraque se intensificou neste sábado após a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusar o governo de "brincar de política" com as vidas dos soldados.

A nova estratégia de Bush para tentar reverter o curso da guerra no Iraque inclui o envio de 21.500 soldados adicionais para a luta no país árabe, em uma decisão polêmica anunciada na última semana.

Pelosi fez as duras acusações contra a Casa Branca no popular programa de TV "Good Morning America", da rede de TV americana ABC. "O presidente sabe que, uma vez que as tropas estejam em perigo, nós [o Congresso] não vamos cortar verba para a guerra", disse a líder.

"É por isso que eles estão se movendo tão rapidamente para colocar os soldados na linha de perigo", completou Pelosi. A resposta do governo foi curta e rápida --a Casa Branca classificou as declarações da líder democrata de "venenosas".

Na próxima semana, os EUA aguardam um novo pronunciamento oficial do presidente que deverá incluir uma defesa de sua nova estratégia. O discurso de Bush deverá ser feito na próxima terça-feira (23).

Oposição interna

Na última quarta-feira (17), congressistas democratas, aliados a pelo menos um republicano, anunciaram que apresentarão uma resolução contra o plano de enviar 21.500 soldados adicionais para o Iraque.

A resolução, apesar de não ter poder efetivo de impedir a implementação do plano de Bush, já está causando o primeiro grande impasse entre novo Congresso dos EUA.

"Farei tudo o que puder para impedir a estratégia do presidente", disse o senador Chuck Hagel, que assim com o Bush, é membro do Partido Republicano. Hagel, um potencial candidato nas eleições presidenciais americanas de 2008, se uniu aos democratas na oposição à guerra. "Considero [o plano] perigosamente irresponsável", afirmou.

Já preparada para a agressiva oposição do Congresso, a Casa Branca deixou claro a republicanos nos últimos dias que o governo não desistirá de implementar a nova estratégia.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, afirmou que resoluções aprovadas no Congresso não afetarão a decisão de Bush. "O presidente tem obrigações como comandante-em-chefe. E ele vai cumpri-las", disse Snow.

Vida curta

Em meio a intensas críticas dentro e fora dos Estados Unidos, o plano de Bush pode ter vida curta. Segundo uma reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal americano "The New York Times" (NYT), o general George Casey, atual comandante da ação americana no Iraque, afirmou que as novas tropas poderão voltar para os EUA já no final do verão (inverno no Brasil).

"Creio que as projeções são para o final do verão", disse Casey. "Provavelmente vamos ter que esperar até lá para que as pessoas em Bagdá se sintam seguras em seus bairros", completou o general, citado pelo "NYT".

Também ontem, segundo o "Times", o Exército americano anunciou a prisão de um suspeito considerado "líder de um grupo armado ilegal de alto nível", assim como de dois outros suspeitos, em uma operação no leste de Bagdá feito pelas tropas americanas e pelas forças especiais do Iraque.

Um dos auxiliares do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr --feroz crítico da presença americana no Iraque-- afirmou que o xeque Abdul Hadi al Darraji, diretor de mídia de uma milícia ligada a Al Sadr em Bagdá, foi capturado na operação.

Há meses, oficiais americanos afirmam que o desmantelamento da milícia de Al Sadr, o Exército Mahdi, é crucial para encerrar o ciclo de violência sectária em Bagdá, que já custou a vida de dezenas de milhares de iraquianos.

Governo iraquiano

O general Casey, que falou a jornalistas no Iraque após se reunir com o novo secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, não revelou a identidade dos detidos na operação.

Ele confirmou, no entanto, a prisão de líderes de milícias, e disse que o governo iraquiano esta fazendo sua parte no novo plano de segurança para o Iraque elaborado por Bush. De acordo com o general, o governo não interferiu na operação contra os grupos insurgentes.

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, prometeu enviar três nova brigadas do Exército iraquiano para Bagdá como apoio à nova estratégia de Bush para tentar reverter o curso da guerra, mas as tropas ainda não chegaram à capital.

Retirada

O general Casey, que será substituído no comando das forças americanas no Iraque em breve, planejou originalmente uma retirada gradual das tropas já presentes no país árabe ainda em 2006, e resistiu à idéia de receber soldados adicionais.

Segundo ele, os iraquianos precisam tomar as rédeas do esforço pela estabilização e segurança do país.

Hoje, ele afirmou que as novas forças americanas e iraquianas levariam algum tempo até impactar efetivamente a violência em Bagdá. "Veremos um progresso gradual ao longo dos próximos dois ou três meses. No final do verão, teremos alguns resultados e aí poderemos pensar em retirar as tropas", completou.

Quando Bush fez o anúncio de sua nova estratégia, ele não fixou uma data para o retorno dos soldados americanos.

Al Sadr

A reportagem do "NYT" afirma que a maior dificuldade para a implantação do novo plano é o potencial para confrontos com as forças de Moqtada al Sadr --que é também um dos mais importantes apoiadores do governo de Al Maliki no Iraque.

Membros do Exército Mahdi reclamaram hoje da prisão de seus aliados pelo Exército dos EUA, o que classificaram de "provocação americana".

O porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, no entanto, indicou apoio à ação americana de hoje, dizendo que a operação não foi contra os "sadristas" (aliados de Al Sadr).

Com Reuters e agências internacionais

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