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02/02/2007 - 18h46

ONU propõe plano para Kosovo e Sérvia mantém objeções

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da Folha Online

Uma proposta do enviado especial da ONU para Kosovo, Martti Ahtisaari, a respeito de uma autonomia parcial para a Província foi rejeitada nesta sexta-feira por autoridades da Sérvia logo após sua apresentação ao país. O presidente sérvio, Boris Tadic, criticou a proposta por sua "abertura para uma futura independência de Kosovo", rejeitada pelas autoridades em Belgrado.

Editoria de Arte/Folha Online
"Disse ao sr. Ahtisaari que a Sérvia e eu, como presidente, nunca aceitaremos a independência de Kosovo", afirmou Tadic em um comunicado. Ele recebeu a proposta em uma reunião realizada hoje com o envidado da ONU.

A proposta de Ahtisaari não menciona explicitamente a independência da Província, mas "também não menciona a integridade territorial da Sérvia", afirmou o presidente. "Este fato, assim como outras provisões do texto, abre a possibilidade para a independência de Kosovo", disse.

Protetorado internacional

Kosovo tem sido um protetorado internacional desde a guerra de 1998-1999 entre tropas sérvias e descendentes de albaneses (maioria na Província) lutando por independência. O governo em Belgrado ofereceu ampla autonomia à Província, mas rejeita uma separação total como exigida pelos kosovares albaneses.

"Impor a independência violaria princípios fundamentais da lei internacional e serviria como um precedente político e legal perigoso", afirmou Tadic.

O líder reconhece, no entanto, que o plano da ONU prevê autonomia para a comunidade sérvia em Kosovo e contempla medidas para proteger sua propriedade e herança história --especialmente as antigas igrejas e monastérios sérvios.

"Vamos analisar cuidadosamente estas provisões em consultas entre partidos políticos na próxima segunda-feira", afirmou o presidente. Pouco após as eleições parlamentares sérvias, a República ainda não finalizou o processo de formação do governo.

Outras críticas

O premiê sérvio Vojislav Kostunica, que se recusou a comparecer ao encontro com Ahtisaari nesta sexta-feira, descartou a proposta do enviado da ONU e a classificou como "ilegítima". Segundo o premiê, o plano viola acordos da ONU porque mina a soberania de um país-membro [a Sérvia].

Marko Djurica/Reuters
Martti Ahtisaari, enviado da ONU ao Kosovo, apresenta plano para Província em Blegrado
Martti Ahtisaari, enviado da ONU ao Kosovo, apresenta plano para Província em Blegrado
Ahtisaari "não tem autoridade para dividir a Sérvia e alterar suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", declarou Kostunica.

O plano da ONU prevê que Kosovo deveria ter sua própria Constituição, hino e bandeira, e que a Província pode pedir para ser membro de organizações internacionais --o que daria efetivamente a ela um status de governo soberano.

A Sérvia considera Kosovo --onde os descendentes de albaneses hoje formam uma maioria-- como seu território histórico, além do berço original do Estado e da religião sérvios.

Apoio

Ahtisaari apresentou a proposta a portas fechadas para Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos), na última sexta-feira (23).

Em sua reunião de ministros das Relações Exteriores em Bruxelas, a organização deu seu "pleno apoio" ao plano e pediu uma rápida resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU para a questão.

Já a Rússia aconselhou a comunidade internacional a esperar a reação de sérvios e albaneses para a proposta. O país pediu que qualquer decisão da ONU sobre Kosovo seja adiada até que a Sérvia tenha formado seu novo governo após as eleições da última semana. As eleições parlamentares sérvias não deram a nenhum partido votos suficientes para formar um governo sem coalizões, e ainda não foi anunciado o gabinete definitivo.

A apresentação da proposta de Ahtisaari dá início à fase final das negociações para determinar de forma definitiva o status legal de Kosovo na comunidade internacional.

A reunião entre chamado Grupo de Contato (formado pelos EUA, Rússia, Alemanha, França, Itália e Reino Unido), que negocia com a comunidade internacional o status de Kosovo, e o mediador internacional para a Província se prolongou na sexta-feira passada por quase duas horas em Viena.

Não houve declarações oficiais do grupo, mas parte das discussões vazou para a imprensa em Viena e Belgrado.

Outros pontos do plano

A proposta oferecida por Ahtisaari prevê que Kosovo será capaz de estabelecer relações autônomas com instituições internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a ONU.

Foram divulgados também outros pontos do plano:

- Cidadãos de Kosovo terão direito a uma cidadania dupla;

- Os cem mil sérvios que vivem em Kosovo terão direito a uma ampla autonomia governamental, controle considerável sobre a polícia local, e o direito a alguns laços especiais com Belgrado;

- A Sérvia poderá financiar áreas sérvias de Kosovo, desde que o dinheiro passe pelo governo local;

- Locais especiais da religião ortodoxa sérvia serão transformados em zonas de proteção;

- A Otan manterá inalterado o número de soldados atualmente na região --16.500-- até 2008.

A proposta, fruto de mais de um ano de esforço diplomático e de negociações diretas entre sérvios e albaneses, ainda precisa de uma resolução da ONU para ter efeito.

Com agências internacionais

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