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13/03/2007
-
10h24
da Folha Online
O Irã descartou completamente a suspensão do seu programa de enriquecimento de urânio nesta terça-feira, apesar da crescente perspectiva de novas sanções da ONU (Organização das Nações Unidas), que, segundo Teerã, não inquietam o país persa.
Gholam Hossein Elham, porta-voz do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que a suspensão do enriquecimento de urânio está "completamente descartada", e que as grandes potências também abandonaram a questão.
Na noite desta segunda-feira, porém, embaixadores na ONU dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) e a Alemanha afirmaram que houve "avanços importantes" no caminho para uma nova resolução, que exige novamente a suspensão do programa nuclear do Irã.
O conteúdo da resolução, ainda em discussão, deve aumentar as sanções adotadas em dezembro contra o Irã, quando o CS havia dado um prazo, até fevereiro, para que Teerã abandonasse o programa de enriquecimento de urânio.
Urânio enriquecido pode ser usado tanto como combustível para plantas nucleares como para fabricar armas nucleares. O governo iraniano, porém, tem ignorado a pressão do CS e insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
As novas medidas em estudo incluem a proibição de viagem ao exterior de iranianos envolvidos no programa nuclear, um embargo de armas e restrições comerciais e financeiras.
"A adoção de uma nova resolução não é bem-vinda, mas não nos preocupa", declarou Elham. "[As sanções] não são nada de novo para nós e não nos inquietam", acrescentou.
O Irã sofre sanções econômicas dos EUA há muitos anos, e as medidas adotadas em dezembro pelo Conselho de Segurança foram limitadas aos setores nuclear e balístico.
Mesmo assim os EUA exerceram pressões sobre bancos internacionais para que restrinjam negócios com o Irã. O setor petroleiro do país persa, quarto produtor mundial, também se encontra sob pressão, sofrendo com a falta de investimento estrangeiro.
Crise com a Rússia
O último obstáculo foi o anúncio, feito pela Rússia nesta segunda-feira, de um novo atraso de pelo menos dois meses para o término da construção da primeira estação de energia nuclear iraniana de Bushehr. O adiamento também implica o atraso do envio de combustível para a planta nuclear, prevista inicialmente para este mês.
Sem estabelecer uma ligação direta com esse anúncio, uma fonte em Moscou disse também nesta segunda-feira que a Rússia está cada vez mais impaciente com a intransigência do Irã.
"Se o Irã não responder às interrogações da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que se responsabilize por seus atos", disse a fonte. Moscou é o maior aliado de Teerã para evitar que o Conselho de Segurança defina sanções severas demais.
Elham anunciou há alguns dias que o presidente Ahmadinejad quer participar pessoalmente de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para defender o caso iraniano.
Ameaças
Também nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, acusou Israel e EUA de serem as maiores ameaças para a segurança no Oriente Médio.
Mottaki declarou durante a Conferência de Desarmamento, o principal fórum de desarmamento mundial, que Israel é o único país na região que se recusa a fazer parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, embora o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, tenha reconhecido no ano passado que seu país possui armas nucleares. Olmert nega essa informação.
"[Israel com armas nucleares representa] uma ameaça grave para a segurança e a paz regional e internacional e requer que seja lidada seriamente pela comunidade internacional", disse Mottaki durante a conferência, que reúne 65 países.
Ele chamou a atenção para a crescente pressão exercida sobre o Irã pelo Conselho de Segurança da ONU.
"É surpreendente que enquanto nenhuma medida prática é tomada para conter a real fonte de perigo nuclear no Oriente Médio, meu país esteja sob tremenda pressão para que renuncie ao seu direito inalienável do uso pacífico de energia nuclear", declarou Mottaki.
A outra ameaça ao Oriente Médio vem dos EUA, segundo Mottaki. Ele disse que os americanos invadiram o Iraque sob o pretexto de eliminar armas de destruição em massa e de trazer mais segurança à região.
"Após anos de busca por armas de destruição em massa, é óbvio que o preparativo para o ataque ao Iraque foi baseado em informações falsas ou, de fato, forjadas", declarou o ministro iraniano. "Pode-se julgar facilmente se há mais segurança ou insegurança na região como resultado de tal operação militar. Aqueles que criaram essa situação no Iraque não podem fugir de sua responsabilidade".
A Conferência de Desarmamento visa negociar tratados de desarmamento, mas divisões profundas sobre com quais armas lidar transformaram-na em pouco mais que um fórum para discursos, desde a criação de um tratado que proíbe testes nucleares em 1996.
Com agências internacionais
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Irã descarta totalmente a suspensão do enriquecimento de urânio
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O Irã descartou completamente a suspensão do seu programa de enriquecimento de urânio nesta terça-feira, apesar da crescente perspectiva de novas sanções da ONU (Organização das Nações Unidas), que, segundo Teerã, não inquietam o país persa.
Gholam Hossein Elham, porta-voz do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que a suspensão do enriquecimento de urânio está "completamente descartada", e que as grandes potências também abandonaram a questão.
Na noite desta segunda-feira, porém, embaixadores na ONU dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) e a Alemanha afirmaram que houve "avanços importantes" no caminho para uma nova resolução, que exige novamente a suspensão do programa nuclear do Irã.
O conteúdo da resolução, ainda em discussão, deve aumentar as sanções adotadas em dezembro contra o Irã, quando o CS havia dado um prazo, até fevereiro, para que Teerã abandonasse o programa de enriquecimento de urânio.
Urânio enriquecido pode ser usado tanto como combustível para plantas nucleares como para fabricar armas nucleares. O governo iraniano, porém, tem ignorado a pressão do CS e insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
As novas medidas em estudo incluem a proibição de viagem ao exterior de iranianos envolvidos no programa nuclear, um embargo de armas e restrições comerciais e financeiras.
"A adoção de uma nova resolução não é bem-vinda, mas não nos preocupa", declarou Elham. "[As sanções] não são nada de novo para nós e não nos inquietam", acrescentou.
O Irã sofre sanções econômicas dos EUA há muitos anos, e as medidas adotadas em dezembro pelo Conselho de Segurança foram limitadas aos setores nuclear e balístico.
Mesmo assim os EUA exerceram pressões sobre bancos internacionais para que restrinjam negócios com o Irã. O setor petroleiro do país persa, quarto produtor mundial, também se encontra sob pressão, sofrendo com a falta de investimento estrangeiro.
Crise com a Rússia
O último obstáculo foi o anúncio, feito pela Rússia nesta segunda-feira, de um novo atraso de pelo menos dois meses para o término da construção da primeira estação de energia nuclear iraniana de Bushehr. O adiamento também implica o atraso do envio de combustível para a planta nuclear, prevista inicialmente para este mês.
Sem estabelecer uma ligação direta com esse anúncio, uma fonte em Moscou disse também nesta segunda-feira que a Rússia está cada vez mais impaciente com a intransigência do Irã.
"Se o Irã não responder às interrogações da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que se responsabilize por seus atos", disse a fonte. Moscou é o maior aliado de Teerã para evitar que o Conselho de Segurança defina sanções severas demais.
Elham anunciou há alguns dias que o presidente Ahmadinejad quer participar pessoalmente de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para defender o caso iraniano.
Ameaças
Também nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, acusou Israel e EUA de serem as maiores ameaças para a segurança no Oriente Médio.
Mottaki declarou durante a Conferência de Desarmamento, o principal fórum de desarmamento mundial, que Israel é o único país na região que se recusa a fazer parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, embora o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, tenha reconhecido no ano passado que seu país possui armas nucleares. Olmert nega essa informação.
"[Israel com armas nucleares representa] uma ameaça grave para a segurança e a paz regional e internacional e requer que seja lidada seriamente pela comunidade internacional", disse Mottaki durante a conferência, que reúne 65 países.
Ele chamou a atenção para a crescente pressão exercida sobre o Irã pelo Conselho de Segurança da ONU.
"É surpreendente que enquanto nenhuma medida prática é tomada para conter a real fonte de perigo nuclear no Oriente Médio, meu país esteja sob tremenda pressão para que renuncie ao seu direito inalienável do uso pacífico de energia nuclear", declarou Mottaki.
A outra ameaça ao Oriente Médio vem dos EUA, segundo Mottaki. Ele disse que os americanos invadiram o Iraque sob o pretexto de eliminar armas de destruição em massa e de trazer mais segurança à região.
"Após anos de busca por armas de destruição em massa, é óbvio que o preparativo para o ataque ao Iraque foi baseado em informações falsas ou, de fato, forjadas", declarou o ministro iraniano. "Pode-se julgar facilmente se há mais segurança ou insegurança na região como resultado de tal operação militar. Aqueles que criaram essa situação no Iraque não podem fugir de sua responsabilidade".
A Conferência de Desarmamento visa negociar tratados de desarmamento, mas divisões profundas sobre com quais armas lidar transformaram-na em pouco mais que um fórum para discursos, desde a criação de um tratado que proíbe testes nucleares em 1996.
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