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15/03/2007 - 18h36

Senado dos EUA veta saída do Iraque; Pentágono já vê guerra civil

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da Folha Online

Pouco depois que o Pentágono admitiu pela primeira vez que o conflito no Iraque constitui uma guerra civil, o Senado dos Estados Unidos rejeitou nesta quinta-feira, após semanas de discussões, uma lei que propunha a retirada das tropas americanas do combate até março de 2008.

Com 50 votos contra e 48 votos a favor, a medida foi reprovada nesta Casa --para a aprovação, seriam necessários 60 votos a favor.

Dennis Cook/AP
Harry Reid (centro), líder democrata no Senado, e congressistas falam à imprensa
Harry Reid (centro), líder democrata no Senado, e congressistas falam à imprensa
A medida não fazia exigências, mas sugeria o prazo de cerca de 12 meses para a volta dos soldados em combate no Iraque para os EUA. Ela foi divulgada na última semana, e imediatamente levou a Casa Branca a ameaçar vetar a proposta.

O início do debate formal foi possível nesta quarta-feira graças a uma votação no Senado que aprovou por 89 votos a nove a discussão da medida. A proposta foi apresentada pela maioria democrata no Senado e previa que a retirada das tropas americanas seria iniciada em cerca de quatro meses.

Apesar do fracasso da medida, a discussão da lei impõe mais um golpe contra o presidente George W. Bush e sua estratégia cada vez mais impopular para a guerra do Iraque. Bush se recusa a fixar um prazo para a retirada das tropas.

Para a Casa Branca, a resolução "viola a autoridade constitucional do presidente como comandante-em-chefe das Forças Armadas ao impor um prazo artificial para a retirada das tropas americanas do Iraque, sem levar em consideração as condições do combate e as conseqüências da derrota".

Debate na Câmara

Na Câmara dos Representantes, a oposição à guerra no Iraque alcançou uma vitória hoje. No Comitê de Apropriações da Câmara, a votação sobre uma proposta similar à do Senado sobre a retirada das tropas americanas do Iraque foi aprovada por 36 votos a favor e 28 contra.

"Quero que esta guerra acabe. Não quero ir a mais nenhum funeral", afirmou o deputado Jose Serrano, um dos muitos democratas que declararam seu apoio à legislação.

Uma das medidas aprovadas no comitê se refere à liberação de gastos emergenciais de US$ 124,1 bilhões, incluindo US$ 95,5 bilhões para a continuidade da luta no Iraque e no Afeganistão em 2007. A legislação aprovada hoje também fixa condições rígidas para a continuidade da guerra no Iraque pelos próximos 18 meses e prevê que o combate deverá terminar até setembro de 2008.

A legislação deverá passar agora por uma votação com todos os deputados da Câmara na próxima semana. Mas, mesmo que ela seja aprovada nesta Casa, as perspectivas não são boas: após o fracasso de hoje dificilmente o Senado aprovará a medida, que pode enfrentar também um veto da Casa Branca.

Guerra Civil

No mais recente relatório para analisar a situação do Iraque, divulgado nesta quarta-feira no site do Pentágono, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirma, pela primeira vez, que a violência que assola o país pode ser descrita como guerra civil.

Namir Noor-Eldeen/Reuters
Feridos são levados do local de explosão de um carro-bomba no centro de Bagdá
Feridos são socorridos em local de explosão em Bagdá; EUA admitem guerra civil
"Alguns elementos [do conflito] no Iraque podem ser considerados parte de uma guerra civil", diz o documento, que aponta o período entre outubro e dezembro de 2006 como o mais violento do conflito desde a invasão do país pelos EUA, em março de 2003, há quatro anos.

Ataques e baixas sofridas por civis e pelas forças de coalizão foram mais altas nesse período do que em qualquer outro período de três meses, segundo dados recolhidos pelo Pentágono.

Grande parte das estatísticas citadas no relatório de 47 páginas referem-se ao período anterior ao anúncio do envio de mais 21.500 soldados, feito por Bush em janeiro.

Análises

Um relatório divulgado em fevereiro pela inteligência americana apresentou uma conclusão similar. O novo documento é o mais recente de uma série de análises realizadas pelo Pentágono para medir os avanços nas medidas para segurança e estabilidade no Iraque.

O documento indica ainda que 80% dos ataques ocorridos de novembro de 2006 a janeiro de 2007 concentraram-se em quatro Províncias --Bagdá, Anbar, Diyala e Salah ad Din. A capital Bagdá chegou a vivenciar 45 ataques ocorridos em um mesmo dia, segundo o relatório.

De acordo com o Pentágono, o Iraque é alvo de uma média de mil ataques por semana, contra cerca de 800 por semana no período de maio a agosto de 2006. Embora muitas ações tivessem como alvo as forças de coalizão, grande parte das vítimas foram civis iraquianos.

Ainda segundo o documento, cerca de 70% dos iraquianos dizem acreditar que as condições estão se agravando, e mais de 9.000 pessoas deixam o país a cada mês.

Ataques

Um carro-bomba explodiu nesta quinta-feira atingindo um ônibus que levava funcionários de uma indústria estatal na cidade de Iskandariya, cerca de 40 km ao sul de Bagdá, matando quatro pessoas e ferindo 24, informaram fontes policiais.

"Estacionado diante de uma fábrica, o ônibus explodiu às 8h15 (2h15 em Brasília), quando os funcionários chegavam ao trabalho", afirmou um policial.

Dois dias atrás, um executivo da companhia foi morto a tiros na mesma cidade.

A área imediatamente ao sul de Bagdá, com uma população mista de árabes sunitas e xiitas, é uma das muitas regiões no Iraque que têm presenciado cenas de violência.

Iskandariya, na região sunita chamada de "triângulo da morte", é uma cidade industrial afetada pela violência e onde poucas empresas permanecem em funcionamento.

Com agências internacionais

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