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25/03/2007 - 20h50

Irã considera liberar acesso britânico a marinheiros após investigação

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da Folha Online

O Irã poderá conceder acesso britânico aos 15 marinheiros do Reino Unido detidos pelo governo de Teerã quando a investigação estiver concluída, disse neste domingo o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki.

A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett, "demonstrou preocupação com a detenção dos soldados britânicos e pediu acesso consular a eles no Irã" durante conversa telefônica com Mottaki, informou Mansour Sadeghi, porta-voz da missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Irã.

Mottaki, por sua vez, demonstrou preocupação com a "incursão dos soldados em águas do território iraniano", relatou o porta-voz à agência de notícias Reuters. "Ele disse que a questão está sendo estudada e considerada por autoridades iranianas. Depois que a investigação for concluída, a possibilidade do acesso consular será acordada", informou Sadeghi.

Momento complicado

20.dez.2006/Efe
Tony Blair exigiu hoje a libertação dos marinheiros detidos
Tony Blair exigiu hoje a libertação dos marinheiros detidos
A disputa entre os dois países devido aos marinheiros chega em um momento já complicado pela rejeição iraniana às novas sanções da ONU impostas contra seu programa nuclear em votação ontem.

Ao falar durante um encontro de líderes europeus em Berlim, o primeiro-ministro britânico Tony Blair negou que os marinheiros britânicos haviam entrado ilegalmente em águas iranianas, como afirma o Irã. "Isso simplesmente não é verdade", disse o premiê. O Irã acusou os britânicos de violar o espaço do país na última sexta-feira e já levou os capturados para Teerã, onde estão presos e sendo interrogados.

Segundo o jornal britânico "The Guardian", o Irã considera processar judicialmente os marinheiros, provavelmente por espionagem. O governo persa afirmou que os britânicos confessaram ter entrado ilegalmente nas águas iranianas e afirmou que o ato foi uma "clara agressão".

"Quero resolver essa situação pela via diplomática o mais rápido possível", disse Blair. Ele afirmou ainda que espera que os iranianos "entendam o quanto essa crise é fundamental para o governo do Reino Unido".

Acesso negado

O Reino Unido afirmou que seus diplomatas se reuniram com oficiais iranianos em Teerã neste domingo e exigiram acesso ao grupo de marinheiros --mas que o acesso foi negado. Segundo os diplomatas, o Irã se negou a dizer onde os britânicos estão sendo mantidos prisioneiros.

Frank Franklin II/AP
O ministro iraniano Manouchehr Mottaki rejeitou na ONU a nova resolução contra o país
O ministro iraniano Manouchehr Mottaki rejeitou na ONU a nova resolução contra o país
A TV estatal iraniana afirmou hoje que o Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou o embaixador do Reino Unido para protestar contra o que classificou de "entrada ilegal" de marinheiros britânicos nas águas do país, mas o governo britânico disse que o encontro foi realizado após um pedido seu.

De acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, os militares detidos, membros da Marinha Real, realizavam operações rotineiras em apoio ao governo iraquiano quando foram capturados por navios da Marinha iraniana por volta das 10h30 (4h30 de Brasília).

"Por volta das 10h30 desta sexta-feira, 15 marines que realizavam operações de rotina em águas territoriais do Iraque (...) foram capturados por embarcações iranianas", informou o ministério em um comunicado.

Os marines teriam completado uma inspeção de um navio mercante quando eles e seu dois navios foram cercados e escoltados por navios iranianos até águas territoriais iranianas.

Sanções

O confronto do país com a comunidade internacional é redobrado pela rejeição de Teerã da resolução aprovada ontem por unanimidade pelos 15 países que compõe atualmente o CS da ONU.

24.mar.2007/AP
Embaixadores da ONU durante reunião do Conselho de Segurança neste sábado
Embaixadores da ONU durante reunião do Conselho de Segurança neste sábado
Apesar das sanções, as potências renovaram ontem o convite para novas negociações, ao lado de um pacote de incentivos econômicos e tecnológicos, caso o Irã decida acatar a decisão do conselho e interromper seu programa nuclear.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, que esteve presente ontem na reunião do CS da ONU e rejeitou imediatamente a resolução, deverá fazer um anúncio formal para a imprensa neste domingo.

Ontem, ele afirmou que a votação da resolução havia sido manipulada por alguns de seus membros para que fosse tomada uma 'ação injustificada' contra um programa nuclear pacífico.

"A suspensão do programa nuclear iraniano não é uma opção nem uma solução", afirmou Mottaki.

Resolução

A resolução 1.747 adotada ontem vai além da esfera nuclear e bane também as exportações iranianas de armas convencionais, além de congelar bens de 28 indivíduos e entidades iranianas no exterior, incluindo o Banco Sepah do Irã e os comandantes da Guarda Revolucionária do país.

Alguns dos afetados são acusados de envolvimento em apoio de movimentos militares no exterior. A resolução de ontem afeta a economia iraniana, mas deixa intocada a indústria do petróleo do país --entre as cinco maiores do mundo.

As novas medidas completam uma resolução anterior, de 23 de dezembro último, que baniu o comércio de materiais nucleares e mísseis balísticos com o Irã, além de congelar bens de indivíduos e entidades associadas com programas atômicos. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã não apenas não atendeu a essa resolução como ainda expandiu seu enriquecimento de urânio, levando a ONU a adotar o novo pacote de sanções.

O chefe da política externa da União Européia, Javier Solana, afirmou neste domingo em uma reunião da UE em Berlim que irá contatar Ali Larijani, principal negociador do Irã para assuntos nucleares, hoje, "para ver se encontramos uma nova rota de negociações".

Diplomatas dos países que redigiram a resolução --Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha-- propuseram a continuidade das discussões com o Irã para tentar uma 'via aceitável para ambos os lados para manter abertas as negociações', de acordo com um comunicado conjunto lido ontem.

Israel

O premiê de Israel, Ehud Olmert, principal adversário do Irã no Oriente Médio, aprovou a adoção da resolução, afirmando que as medidas poderão eventualmente coibir as ambições nucleares de Teerã.

Israel, que acredita-se ser o único país do Oriente Médio a possuir um arsenal nuclear, sugeriu que poderia usar ataques militares se a diplomacia falhar com o Irã.

Os dois países muçulmanos do CS da ONU, Indonésia e Qatar, uniram-se ao consenso sem deixar de expressar certas reservas. "Nós nos sentimos profundamente entristecidos pelo conselho ter sido obrigado a adotar a resolução", afirmou o embaixador do Qatar, Nassir Abdulaziz Al Nasser, manifestando seu temor quanto às "prováveis conseqüências", devido à "volátil situação" na região. O Qatar é o único país árabe no CS da ONU atualmente.

A votação não contou com a presença do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que defende o caráter pacífico de seu programa nuclear, alegando que as autoridades americanas demoraram intencionalmente na entrega de vistos para sua delegação.

Com agências internacionais

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