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26/03/2007 - 08h46

Irã afirma que marinheiros detidos estão bem, diz Reino Unido

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Folha Online

O Irã afirmou que os 15 marinheiros detidos na sexta-feira (23) por forças iranianas no golfo Pérsico "estão bem", informou nesta segunda-feira o Ministério britânico de Relações Exteriores.

De acordo com um porta-voz ministerial, o embaixador britânico em Teerã, Geoffrey Adams, reuniu-se com membros do Ministério iraniano de Relações Exteriores, que teria dado a garantia a respeito da segurança do grupo de marinheiros. "O Irã assegurou que nossos homens estão bem, mas não forneceu detalhes neste momento", disse o ministério britânico.

Segundo o ministério, Teerã informou ainda a Adams que está trabalhando para resolver o impasse "o mais rápido possível".

"Acompanhamos a situação e a consideramos muito séria. Obviamente, tratamos de assegurar a libertação imediata de nossos homens", disse o porta-voz britânico.

O premiê britânico, Tony Blair, qualificou o incidente de "injustificado e equivocado", e disse que os militares estavam em águas territoriais iraquianas quando foram detidos.

Ao falar durante um encontro de líderes europeus em Berlim, Blair negou que os marinheiros tenham entrado ilegalmente em águas iranianas, como afirma o Irã. "Isso simplesmente não é verdade", disse o premiê.

"Quero resolver essa situação pela via diplomática o mais rápido possível", disse Blair. Ele afirmou ainda que espera que os iranianos "entendam o quanto essa crise é fundamental para o governo do Reino Unido".

A ministra de Relações Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett, "demonstrou preocupação com a detenção dos soldados britânicos e pediu acesso consular a eles no Irã" durante conversa telefônica com Mottaki, informou Mansour Sadeghi, porta-voz da missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Irã.

Neste domingo, Mottaki afirmou que poderá conceder acesso britânico aos 15 marinheiros detidos pelo governo de Teerã quando a investigação estiver concluída.

O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.

Troca de presos

Nesta segunda-feira, o Irã negou que pretenda troca os 15 marinheiros por cinco iranianos detidos no norte do Iraque. O vice-ministro iraniano de Relações Exteriores, Mehzi Mostafavi, afirmou à TV iraniana que o grupo está sendo interrogado, sem detalhar quando será solto.

"O Irã possui evidências de que os militares britânicos estavam em nossas águas", afirmou.

O Irã alega que os britânicos entraram ilegalmente em águas territoriais iranianas, mas o Reino Unido nega, dizendo que os marinheiros realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab, localizado na fronteira sul entre Irã e Iraque.

Neste domingo, o ministro de Relações Exteriores do Iraque, Hoshiyar Zebari, pediu que o Irã liberte os 15 marinheiros em um telefonema feito a seu colega iraniano, Manouchehr Mottaki. "O ministro pediu que os detidos sejam liberados, e que o Irã lide de maneira inteligente com o caso", diz um comunicado iraquiano a respeito do incidente, que causou tensões diplomáticas entre Irã e Reino Unido.

Programa nuclear

Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.

A resolução 1.747 adotada no sábado vai além da esfera nuclear e bane também as exportações iranianas de armas convencionais, além de congelar bens de 28 indivíduos e entidades iranianas no exterior, incluindo o Banco Sepah do Irã e os comandantes da Guarda Revolucionária do país.

Alguns dos afetados são acusados de envolvimento em apoio de movimentos militares no exterior. A resolução de ontem afeta a economia iraniana, mas deixa intocada a indústria do petróleo do país --entre as cinco maiores do mundo.

As novas medidas completam uma resolução anterior, de 23 de dezembro último, que baniu o comércio de materiais nucleares e mísseis balísticos com o Irã, além de congelar bens de indivíduos e entidades associadas com programas atômicos.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã não apenas não atendeu a essa resolução como ainda expandiu seu enriquecimento de urânio, levando a ONU a adotar o novo pacote de sanções.

Diplomatas dos países que redigiram a resolução --Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha-- propuseram a continuidade das discussões com o Irã para tentar uma "via aceitável para ambos os lados para manter abertas as negociações", de acordo com um comunicado conjunto lido ontem.

Israel

O premiê de Israel, Ehud Olmert, principal adversário do Irã no Oriente Médio, aprovou a adoção da resolução, afirmando que as medidas poderão eventualmente coibir as ambições nucleares de Teerã.

Israel, que acredita-se ser o único país do Oriente Médio a possuir um arsenal nuclear, sugeriu que poderia usar ataques militares se a diplomacia falhar com o Irã.

Os dois países muçulmanos do CS da ONU, Indonésia e Qatar, uniram-se ao consenso sem deixar de expressar certas reservas. "Nós nos sentimos profundamente entristecidos pelo conselho ter sido obrigado a adotar a resolução", afirmou o embaixador do Qatar, Nassir Abdulaziz Al Nasser, manifestando seu temor quanto às "prováveis conseqüências", devido à "volátil situação" na região. O Qatar é o único país árabe no CS da ONU atualmente.

A votação não contou com a presença do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que defende o caráter pacífico de seu programa nuclear, alegando que as autoridades americanas demoraram intencionalmente na entrega de vistos para sua delegação.

Com agências internacionais

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