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27/03/2007 - 16h12

Violência no Congo matou até 600 pessoas na última semana, diz UE

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da Folha Online

Cerca de 600 pessoas morreram na última semana durante confrontos entre forças governamentais e tropas leais a um ex-vice-presidente da República Democrática do Congo nas ruas de Kinshasa, afirmaram embaixadores da União Européia (UE) nesta terça-feira.

John James/AP
Fumaça cobre Kinshasa após confrontos que mataram 60
Fumaça cobre Kinshasa após confrontos que mataram 60
A violência foi detonada na última quinta-feira (22), depois que tropas leais ao ex-vice-presidente Jean-Pierre Bemba rejeitaram uma ordem para entregar as armas. Os confrontos com as forças de segurança do governo continuaram durante dois dias antes que as forças de Bemba fossem derrotadas.

"Temos indicações claras vindas de hospitais e necrotérios de que o número de mortos está entre 200 e 600 pessoas", afirmou hoje o embaixador alemão Karl-Albrecht Wokalek em uma entrevista coletiva.

Com um mandado de prisão por alta traição emitido para Bemba, o ex-vice-presidente continua abrigado na Embaixada da África do Sul. O governo sul-africano informou hoje que ele não fez ainda nenhum pedido formal para asilo.

Confronto

Os confrontos da última semana foram os primeiros em Kinshasa desde a eleição presidencial de 2006, que foi realizada com esperanças de restaurar a paz no Congo depois de uma guerra que durou de 1998 até 2003.

Na eleição, a primeira votação democrática no país em mais de 40 anos, Bemba foi derrotado pelo atual presidente, Joseph Kabila.

O embaixador britânico Andy Sparkes, um dos enviados europeus que falaram hoje a jornalistas sobre a situação no Congo, afirmou que a violência havia danificado o processo democrático. "Esta não é necessariamente a morte do processo, mas ele está seriamente ferido", comparou o embaixador.

"Agora queremos ver um compromisso real das autoridades para aceitarem o importante e legítimo papel da oposição política", disse Sparkes. "Bemba, em uma eleição que consideramos ter credibilidade, ganhou 42% dos votos. A segurança deste país depende, em alguma extensão, do que acontece com Bemba."

Força desproporcional

Os embaixadores europeus emitiram um comunicado conjunto no qual condenara o "uso prematuro de força", e um dos enviados disse que houve um "uso desproporcional da força militar" no conflito.

Autoridades congolesas emitiram um mandado para a prisão de Bemba na última sexta-feira (23), após o ex-vice-presidente ter sido culpado por iniciar a violência. O presidente Kabila disse nesta segunda-feira que aqueles por trás dos confrontos seriam "caçados" e que ele não tinha nada para negociar com o líder da oposição.

O vice-ministro das Relações Exteriores da África do Sul Aziz Pahad disse que Bemba tem o direito de permanecer na embaixada sul-africana em Kinshasa pelo tempo que for necessário, e expressou confiança no processo diplomático para a resolução do conflito.

"Esperamos que as negociações sejam concluídas o mais rápidos possível porque não é bom para ele nem para o nosso trabalho ter esse tipo de situação em nossa embaixada", disse Pahad, cujo país teve papel fundamental no acordo de paz que pôs fim à guerra no Congo.

Bemba

Por ser ex-vice-presidente, Bemba ainda conta com uma tropa particular ligada a ele, resquício da guerra que assolou o país entre 1998 e 2003, matando cerca de 4 milhões.

No entanto, recentemente, o atual governo resolveu acabar com as tropas, seguindo o que prevê a Constituição. Além da proibição das tropas, o estopim dos confrontos armados foi o seqüestro do irmão de Bemba na quarta-feira (21), que foi visto como uma "provocação".

Segundo o procurador-geral do Congo, nem a imunidade parlamentar de Bemba nem o fato de que ele buscou refúgio na embaixada sul-africana podem impedir a sua prisão.

Ontem, os 14 brasileiros que estavam sitiados na Embaixada do Brasil no Congo voltaram para suas casas. Segundo o embaixador do Brasil no país, Flávio Bonzanini, os brasileiros permaneceram três dias após a retomada do controle das forças do governo em Kinshasa (na noite de sexta-feira) por precaução.

"A embaixada fica a cem metros do escritório do líder rebelde Jean-Pierre Bemba. Durante os últimos dias nós estávamos no meio do fogo cruzado e um de nossos veículos chegou a ser atingido por tiros de Kalashnikov", disse Bonzanini em entrevista à BBC. "Foi assustador."

Com agências internacionais

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