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03/04/2007 - 08h09

Blair diz que próximas 48 horas serão críticas para crise com Irã

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da Folha Online

A crise entre Irã e Reino Unido em torno da detenção de 15 militares britânicos no golfo Pérsico, há 11 dias, deve passar por um momento "crítico" e "decisivo", disse o premiê britânico, Tony Blair, nesta terça-feira.

"As próximas 48 horas serão bastante críticas", disse Blair à uma rádio britânica. Segundo ele, a aparente disposição do Irã em negociar traz "esperança" para o fim da crise. "Se eles [o Irã] quiserem resolver isso de forma diplomática, as portas estão abertas", acrescentou.

No entanto, caso as negociações para a rápida libertação dos britânicos enfrentem dificuldades, o Reino Unido não descarta "tomar uma posição mais dura", disse Blair.

Na segunda-feira, Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, afirmou que seu país pretende "resolver a questão por meio da diplomacia" e propôs que uma delegação determine se os militares britânicos invadiram ou não as águas iranianas.

O Irã acusa o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas. O Reino Unido nega, dizendo que os militares faziam uma inspeção de rotina em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab.

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido informou que pretende negociar com o Irã, mas não deixou claro quando tais discussões teriam início. "Conversas a respeito [da crise] já estão em andamento e irão continuar", disse uma porta-voz ministerial.

No entanto, enquanto o Reino Unido exige a libertação imediata de seus militares, o Irã exige que o governo britânico peça desculpas e dê "garantias" de que tais violações não se repitam.

Em Teerã, o chefe do comitê parlamentar iraniano para a política externa e a segurança nacional, Allaeddin Broujerdi, disse que o Reino Unido deveria enviar um representante a Teerã para discutir a questão. "Esta é a única solução", disse Broujerdi à rádio estatal.

"Há a necessidade de firmar um acordo bilateral para evitar novos problemas futuros".

Impasse

O impasse começou no último dia 23 de março, quando 15 militares britânicos foram detidos por Teerã por terem supostamente entrado ilegalmente nas águas iranianas, acusação que o Reino Unido nega.

Marcelo Katsuki/Fol
Os dois países viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.

A tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.

Ontem, a TV estatal de Teerã informou que os militares britânicos admitiram ter invadido águas territoriais do Irã. Segundo a Isna, agência de notícias oficial iraniana, o país não exibiria as imagens das confissões devido à "mudança de postura" do Reino Unido.

A Isna não detalhou a que tipo de mudança Teerã se refere, mas, neste domingo (1), o ministro da Defesa do Reino Unido, Des Browne, afirmou que seu governo estaria em "comunicação direta" com Teerã para negociar a libertação dos soldados capturados.

Um porta-voz do Ministério da Defesa informou que Browne se referiu a cartas trocadas por diplomatas e não a negociações cara-a-cara entre representantes dos dois governos. O Reino Unido rejeitou as declarações sobre confissões, dizendo que elas são "inaceitáveis", e reiterando que os militares faziam uma inspeção em águas iraquianas quando foram detidos.

Imagens

Neste domingo, a TV iraniana mostrou novas imagens dos marinheiros britânicos. Dois soldados, mostrados separadamente, vestem uniformes militares e falam para a câmera, mas suas vozes não são transmitidas. No lugar do áudio original, um locutor afirma que ambos confessaram ter invadido águas iranianas.

AP
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos
Na sexta-feira (30), a Embaixada iraniana em Londres divulgou uma terceira carta supostamente escrita pela marinheira britânica Faye Turney, 26, na qual ela critica a política adotada pelos governos do Reino Unido e dos Estados Unidos no conflito no Iraque.

A primeira carta atribuída à marinheira britânica foi divulgada pelo Irã na quarta-feira (28). No texto, ela já admitia que o grupo havia entrado em águas do Irã. Uma segunda carta foi divulgada pela rede Sky News. "Eu pergunto à Câmara dos Comuns por que deixam episódios como este ocorrerem novamente, e por que o governo não foi questionado", dizia.

Além da nova carta, o Irã também divulgou na sexta-feira (30) um vídeo que mostraria um dos 15 militares britânicos detidos há uma semana por forças iranianas, Nathan Thomas Summers, pedindo desculpas pelo grupo ter supostamente invadido áreas territoriais ido Irã.

Turney apareceu em um primeiro vídeo divulgado pelo Irã na quarta-feira (28). Na gravação, a marinheira também admite que o grupo violou o limite da fronteira entre o Iraque e o Irã.

O premiê britânico, Tony Blair, afirmou que os vídeos são "manipulados" e "não enganam a ninguém", e reiterou que a via diplomática é a "única solução possível" para a crise.

União Européia

Também na sexta-feira, a União Européia (UE) exigiu a libertação imediata dos 15 militares.

"A União Européia reforça o pedido para a libertação imediata e incondicional dos militares. Todas as evidências indicam que, no momento da captura, a equipe britânica realizava uma patrulha em águas iraquianas".

Um dia antes, o Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas) também pediu ao Irã que liberte os 15 britânicos detidos.

"O Conselho de Segurança da ONU expressa grande preocupação com a captura, pela Guarda Revolucionária, e pela contínua detenção pelo governo do Irã dos 15 membros da Marinha do Reino Unido, e apela ao governo do Irã para permitir acesso consular aos detidos, nos termos das leis internacionais relevantes", diz o texto do comunicado.

"Membros do Conselho de Segurança apoiam o pedido por uma solução rápida para o problema, incluindo a libertação dos 15 britânicos", acrescenta o CS da ONU.

Com agências internacionais

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