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04/04/2007 - 08h24

Síria faz mediação de crise entre Irã e Reino Unido

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da Folha Online

A Síria faz a mediação do impasse entre o Reino Unido e o Irã em torno da detenção de 15 militares britânicos no golfo Pérsico, há quase duas semanas, informou o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al Moallem, a um jornal do Kuait nesta quarta-feira.

"A solução deve ser diplomática, e a Síria agora auxilia nesse processo entre os dois países", afirmou Moallem ao jornal "Al Anba", em entrevista em Damasco. "Nós torcemos por uma solução satisfatória, que leve à resolução da crise em torno da prisão dos britânicos".

O ministro não detalhou que tipo de medida seu país irá tomar para tentar dar fim à controvérsia. O Irã acusa o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas.

O Reino Unido nega, dizendo que os militares faziam uma inspeção de rotina em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab quando foram capturados.

Entre as nações árabes, a Síria é o mais próximo aliado do Irã, que é um país persa. Os dois países estreitaram ainda mais as relações quando passaram a ser acusados pelos Estados Unidos e pela União Européia (UE) de interferirem nos conflitos no Iraque e no Líbano.

A guerra do Líbano, que teve início em julho de 2006, durou 34 dias e deixou 1.200 mortos.

Herwig Prammer/Reuters
Ali Larijani discutiu detenção com gabinete de Tony Blair
Ali Larijani discutiu detenção com gabinete de Tony Blair
Após quase 15 dias de crise, Irã e Reino Unido dão sinais de que irão contornar a questão por meio da diplomacia. Nesta quarta-feira, Naigil Shinvald, conselheiro do premiê britânico, Tony Blair, conversou por telefone com Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, para discutir a questão, segundo a agência oficial iraniana Irna.

Não foram divulgados detalhes a respeito do teor da conversação entre ambos. Segundo a Irna, o governo britânico confirmou a existência de um telefonema em um comunicado.

Após cortar relações com o Irã, o Reino Unido só permite discussões sobre a detenção dos marinheiros e fuzileiros navais britânicos detidos no país persa.

Em um comunicado divulgado ontem, Blair disse que "ambos os lados compartilham o desejo de uma resolução rápida para a questão através de conversas diretas".

Horas depois que a chanceler britânica Margaret Beckett advertiu contra a expectativa de uma resolução rápida para o impasse, o gabinete do premiê emitiu uma nota mais otimista, anunciando que "novos contatos" entre os dois países haviam sido feitos. "O Reino Unido propôs negociações bilaterais diretas e espera agora a resposta iraniana para decidir sobre o início das discussões", diz o texto da nota.

Imagens

O Irã divulgou nesta terça-feira novas imagens dos 15 militares britânicos detidos por Teerã desde o dia 23 de fevereiro. Anteriormente, o país havia prometido não divulgar mais imagens do grupo.

As fotografias, aparentemente reproduções de um vídeo, mostram seis militares reunidos em uma sala ao redor de um tapete, aparentemente fazendo uma refeição.

Na segunda-feira, a mídia estatal iraniana informou que não divulgaria mais gravações ou fotos dos militares devido à "mudança positiva" na postura do Reino Unido na controvérsia.

Hora crítica

Mais cedo nesta terça-feira, Blair afirmou que o impasse em torno da detenção de 15 militares deve passar por um momento "crítico" e "decisivo". "As próximas 48 horas serão bastante críticas", disse Blair à uma rádio britânica.

Marcelo Katsuki/Fol
Segundo o premiê, a aparente disposição do Irã em negociar traz "esperança" para o fim da crise. "Se eles [o Irã] quiserem resolver isso de forma diplomática, as portas estão abertas".

No entanto, caso as negociações para a rápida libertação dos britânicos enfrentem dificuldades, o Reino Unido não descarta "tomar uma posição mais dura", disse Blair.

Em Teerã, o chefe do comitê parlamentar iraniano para a política externa e a segurança nacional, Allaeddin Broujerdi, disse que o Reino Unido deveria enviar um representante a Teerã para discutir a questão. "Esta é a única solução", disse Broujerdi à rádio estatal.

"Há a necessidade de firmar um acordo bilateral para evitar novos problemas futuros".

Captura

O impasse começou no último dia 23 de março, quando os 15 militares britânicos foram detidos por Teerã por terem supostamente entrado ilegalmente nas águas iranianas, acusação que o Reino Unido nega.

Os dois países viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.

A tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.

Na segunda-feira (2), a TV estatal de Teerã informou que os militares britânicos admitiram ter invadido águas territoriais do Irã. Segundo a Irna, agência oficial iraniana, o país não exibiria as imagens das confissões devido à "mudança de postura" do Reino Unido.

A Irna não detalhou a que tipo de mudança Teerã se refere. O Reino Unido rejeitou as declarações sobre confissões, dizendo que elas são "inaceitáveis", e reiterando que os militares faziam uma inspeção em águas iraquianas quando foram detidos.

Com agências internacionais

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