Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/04/2007 - 10h20

Para analista, notoriedade motiva ação

Publicidade

DENYSE GODOY
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Intrigada com a série de ataques com armas de fogo em escolas dos EUA no final da década de 90, a socióloga Katherine Newman, da Universidade Princeton, fez uma pesquisa na qual conversou com 163 jornalistas, estudantes, professores e familiares dos envolvidos e formulou uma teoria. O trabalho originou o livro "Rampage: the Social Roots of School Shootings" (surto: as raízes sociais dos tiroteios nas escolas). Leia a seguir trechos da entrevista que ela concedeu à Folha:

FOLHA - Existe alguma explicação para uma tragédia como essa do Virginia Tech?
KATHERINE NEWMAN
- O perfil de quem faz algo assim é: homens jovens, que têm problemas de relacionamento social e dificuldade para serem aceitos por seus pares. Podem até se destacar em algumas áreas, mas não são bons em esportes, não fazem sucesso com as garotas. Ficam deprimidos e sentem que precisam tomar uma atitude para mudar o conceito que as pessoas têm deles de "perdedores". Infelizmente, há outras imagens disponíveis que eles podem adotar, como a de pessoa violenta, perigosa.

FOLHA - Mesmo se eles vão morrer ao final da ação, sem presenciar a sua repercussão?
NEWMAN
- Alguns, como esse do Virginia Tech, planejam o suicídio ou têm consciência de que podem ser mortos por um policial. Porém outros, mais novos, acham que realmente vão conseguir ser mais populares. Eles percebem que atirar nas pessoas funciona, que a sociedade passa a prestar atenção. É perverso.

FOLHA - A senhora vê uma escalada da violência entre jovens nos EUA?
NEWMAN
- Episódios de tiroteio tendem a ocorrer justamente em locais pacíficos, não em cidades grandes. Em parte porque uma pessoa que não se sente socialmente aceita em uma pequena localidade não encontra ali muitas opções mais de amizade.

FOLHA - Quais traços da cultura americana podem facilitar o surgimento de criminosos assim?
NEWMAN
- Temos milhões de jovens que se sentem pressionados e pouquíssimos se transformam em atiradores. Não podemos forçar a ligação entre uma coisa e outra. São vários os fatores que concorrem.

FOLHA - Existe alguma maneira de evitar esse tipo de acontecimento?
NEWMAN
- A principal medida a ser tomada é dar, a quem desconfia de algo errado, oportunidade de comunicar a uma pessoa de confiança. Muitos estudantes não falam nada por medo de serem apontados como delatores. Nas escolas que eu analisei, não era difícil achar redações violentas escritas pelos atiradores, como as do assassino do Virginia Tech, mas os professores não mostraram para ninguém.

Leia mais
  • Atirador falou com vítimas no momento do massacre na Virgínia
  • Parentes e alunos fazem luto por mortos em massacre na Virgínia
  • Carta indica premeditação de massacre que matou 32 na Virgínia
  • Comentário: Tragédia nos EUA traz à tona questão de liberdade e porte de arma
  • Para "New York Times", controle de armas é necessidade urgente

    Especial
  • Enquete: O que pode ajudar a prevenir ataques dentro de universidades nos EUA?
  • Leia a cobertura completa sobre o massacre na Virgínia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página