Publicidade
Publicidade
07/05/2007
-
19h26
da Folha Online
A vitória do conservador Nicolas Sarkozy na eleição presidencial francesa continua a despertar reações negativas de alguns setores do público nesta segunda-feira. Após protestos violentos que ocorreram depois da divulgação do resultado da eleição, neste domingo, a polícia voltou a ser chamada hoje para dispersar manifestantes que se reuniram na região da Bastilha, no sudeste de Paris, informou a agência France Presse.
Por volta das 22h (17h de Brasília), a polícia francesa ainda tentava afastar pequenos grupos de manifestantes que ocupavam ruas próximas à Avenida da República.
O número de detidos não foi informado pela polícia, mas a France Presse afirmou que dezenas de franceses foram presos.
Pelo menos 500 manifestantes contrários a Sarkozy se reuniram na tarde de hoje na Praça da Bastilha, antes do início de uma passeata que desencadeou atos de violência em poucos minutos.
Muitos jovens, vários vestidos de preto e com os rostos cobertos, quebraram vitrines e cabines telefônicas. Protestos contra Sarkozy também ocorreram nesta segunda-feira em Caen, Nantes, Tours e Lyon.
Violência
Na noite deste domingo, vários episódios de violência foram registrados na França após a eleição. Segundo a polícia, 270 pessoas foram detidas para questionamento e 367 veículos foram incendiados. Em uma típica noite na França, cerca de cem carros são queimados.
Em Paris, os primeiros distúrbios ocorreram também na praça da Bastilha, local emblemático onde tradicionalmente a esquerda celebra suas vitórias, onde se reuniram cerca de 5.000 pessoas.
Na praça, centenas de jovens que gritavam palavras de ordem contra Sarkozy, atirando paralelepípedos e outros objetos contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo.
Paralelamente, centenas de manifestantes, em sua maioria jovens, se manifestavam sem incidentes na praça da República, procedentes da sede do Partido Socialista (PS), situado na outra margem do rio Sena.
Em Toulouse, no sul do país, cerca de 2.000 pessoas se reuniram para protestar contra a eleição de Sarkozy e, no centro da cidade, alguns manifestantes apedrejaram um escritório do partido do novo presidente, o UMP.
Em Lyon (centroeste), onde cerca de 500 pessoas desfilaram em protesto ao futuro chefe de Estado, houve choques com a Polícia. Em Lille (norte) houve incidentes no centro, com alguns carros queimados e várias detenções.
Em Bordeaux, a manifestação de aproximadamente duas mil pessoas gerou enfrentamentos com a polícia. Um dos policiais foi gravemente ferido nos confrontos na cidade.
Novas eleições
Os protestos não pareceram abalar o presidente eleito do país. Depois de conquistar 53% dos votos no segundo turno da eleição, Sarkozy tirou alguns dias de folga enquanto seu partido (UMP) se concentra no próximo desafio político a ser enfrentado: as eleições parlamentares, que ocorrem no começo de junho. A composição do Parlamento da França a partir do próximo mês definirá o poder de Sarkozy para implementar as grandes mudanças planejadas para seu governo.
"Vamos estudar como dar a ele a maior maioria parlamentar possível para que Sarkozy possa materializar seus planos", afirmou nesta segunda-feira a ministra da Defesa, Michele Alliot-Marie. Sarkozy assume o governo em menos de duas semanas, após a saída do atual presidente, Jacques Chirac, em 16 de maio.
As eleições gerais serão realizadas em dois turnos, nos dias 10 e 17 de junho, para eleger 577 membros do Parlamento por sufrágio universal para mandatos de cinco anos --a não ser que a Assembléia Nacional seja dissolvida prematuramente. Apesar de difícil, não é tão incomum o fechamento da Casa: desde 1958, o Parlamento foi dissolvido cinco vezes (1962, 1968, 1981, 1988 e 1997, segundo o Ministério das Relações Exteriores da França).
Sarkozy já planejou a agenda dos seus cem dias de governo e pretende apresentar propostas de grandes reformas ao Parlamento francês em julho.
Entre as propostas, estariam a isenção de impostos sobre as horas extras, para incentivar os franceses a trabalharem mais, punições mais severas a criminosos reincidentes e critérios mais rígidos para os imigrantes que querem trazer a família para a a França.
Descanso
Sarkozy deixou Paris na manhã de hoje com sua mulher, Cécile, e seu filho. Apesar de não ter sido divulgado o destino das férias do futuro presidente, seus assessores não negaram quando questionados se ele iria para a ilha mediterrânea de Córsega, informou o "New York Times".
"Estes poucos dias de descanso foram planejados para deixa-lo pronto para assumir a Presidência depois dessa batalha tumultuada", disse o diretor da campanha conservadora, Claude Gueant. "Serão também alguns dias nos quais ele poderá refletir sobre a composição do novo time de governo", afirma.
A expectativa é que ele aponte seu principal aliado político, François Fillon, como premiê, e que indique mulheres para a metade dos cargos do gabinete de 15 ministros.
Derrota
Após a derrota nas urnas da candidata Ségolène Royal, que alcançou cerca de 47% dos votos neste domingo, os socialistas se concentram agora para tentar reverter o resultado nas eleições parlamentares. Foi a terceira derrota consecutiva do Partido Socialista para a Presidência francesa, o que elevou temores de divisão interna do partido e perda de seu papel tradicional na sociedade.
O secretário-geral do partido, François Hollande, companheiro da candidata derrotada, expressou preocupação com o futuro do partido. "Hoje temos que liderar a batalha pela eleição legislativa. Depois, vamos precisar reconstruir a esquerda" disse.
A análise dos resultados da eleição deste domingo feita pelo instituto de pesquisas Ipsos apresentou dados negativos para os socialistas. Sarkozy conseguiu o apoio da maioria dos trabalhadores do setor privado, dos pensionistas e dos autônomos. Ele também alcançou a taxa de 52% dos votos das mulheres.
Royal, que tentou ser a primeira mulher na Presidência da França, teve os votos dos desempregados e dos com menos de 25 anos.
Em uma pesquisa de opinião separada, o partido UMP, de Sarkozy, aparece na frente dos socialistas, com 34% contra 29% da preferência dos eleitores. Se a pesquisas se provar correta, os conservadores vencerão a eleição geral em junho.
Com France Presse, Reuters, Efe e Associated Press
Leia mais
Sarkozy obtém uma vitória "brilhante" para direita, diz a imprensa
Leia trechos do discurso da vitória de Nicolas Sarkozy
Nicolas Sarkozy obtém 53,06% dos votos após fim das apurações
Veja as principais propostas do conservador Nicolas Sarkozy
Eleição pode decidir destino da esquerda na França, diz especialista
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Nicolas Sarkozy
Leia cobertura completa sobre a eleição na França
Novos protestos sacodem Paris após vitória de Nicolas Sarkozy
Publicidade
A vitória do conservador Nicolas Sarkozy na eleição presidencial francesa continua a despertar reações negativas de alguns setores do público nesta segunda-feira. Após protestos violentos que ocorreram depois da divulgação do resultado da eleição, neste domingo, a polícia voltou a ser chamada hoje para dispersar manifestantes que se reuniram na região da Bastilha, no sudeste de Paris, informou a agência France Presse.
Lionel Cironneau/AP |
O presidente eleito, Nicolas Sarkozy, deixa hotel em Paris |
O número de detidos não foi informado pela polícia, mas a France Presse afirmou que dezenas de franceses foram presos.
Pelo menos 500 manifestantes contrários a Sarkozy se reuniram na tarde de hoje na Praça da Bastilha, antes do início de uma passeata que desencadeou atos de violência em poucos minutos.
Muitos jovens, vários vestidos de preto e com os rostos cobertos, quebraram vitrines e cabines telefônicas. Protestos contra Sarkozy também ocorreram nesta segunda-feira em Caen, Nantes, Tours e Lyon.
Violência
Na noite deste domingo, vários episódios de violência foram registrados na França após a eleição. Segundo a polícia, 270 pessoas foram detidas para questionamento e 367 veículos foram incendiados. Em uma típica noite na França, cerca de cem carros são queimados.
Em Paris, os primeiros distúrbios ocorreram também na praça da Bastilha, local emblemático onde tradicionalmente a esquerda celebra suas vitórias, onde se reuniram cerca de 5.000 pessoas.
Na praça, centenas de jovens que gritavam palavras de ordem contra Sarkozy, atirando paralelepípedos e outros objetos contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo.
Eric Gaillard/Reuters |
Policiais e manifestantes se confrontam em Paris após vitória de Sarkozy em eleição |
Em Toulouse, no sul do país, cerca de 2.000 pessoas se reuniram para protestar contra a eleição de Sarkozy e, no centro da cidade, alguns manifestantes apedrejaram um escritório do partido do novo presidente, o UMP.
Em Lyon (centroeste), onde cerca de 500 pessoas desfilaram em protesto ao futuro chefe de Estado, houve choques com a Polícia. Em Lille (norte) houve incidentes no centro, com alguns carros queimados e várias detenções.
Em Bordeaux, a manifestação de aproximadamente duas mil pessoas gerou enfrentamentos com a polícia. Um dos policiais foi gravemente ferido nos confrontos na cidade.
Novas eleições
Os protestos não pareceram abalar o presidente eleito do país. Depois de conquistar 53% dos votos no segundo turno da eleição, Sarkozy tirou alguns dias de folga enquanto seu partido (UMP) se concentra no próximo desafio político a ser enfrentado: as eleições parlamentares, que ocorrem no começo de junho. A composição do Parlamento da França a partir do próximo mês definirá o poder de Sarkozy para implementar as grandes mudanças planejadas para seu governo.
"Vamos estudar como dar a ele a maior maioria parlamentar possível para que Sarkozy possa materializar seus planos", afirmou nesta segunda-feira a ministra da Defesa, Michele Alliot-Marie. Sarkozy assume o governo em menos de duas semanas, após a saída do atual presidente, Jacques Chirac, em 16 de maio.
As eleições gerais serão realizadas em dois turnos, nos dias 10 e 17 de junho, para eleger 577 membros do Parlamento por sufrágio universal para mandatos de cinco anos --a não ser que a Assembléia Nacional seja dissolvida prematuramente. Apesar de difícil, não é tão incomum o fechamento da Casa: desde 1958, o Parlamento foi dissolvido cinco vezes (1962, 1968, 1981, 1988 e 1997, segundo o Ministério das Relações Exteriores da França).
Sarkozy já planejou a agenda dos seus cem dias de governo e pretende apresentar propostas de grandes reformas ao Parlamento francês em julho.
Entre as propostas, estariam a isenção de impostos sobre as horas extras, para incentivar os franceses a trabalharem mais, punições mais severas a criminosos reincidentes e critérios mais rígidos para os imigrantes que querem trazer a família para a a França.
Descanso
Sarkozy deixou Paris na manhã de hoje com sua mulher, Cécile, e seu filho. Apesar de não ter sido divulgado o destino das férias do futuro presidente, seus assessores não negaram quando questionados se ele iria para a ilha mediterrânea de Córsega, informou o "New York Times".
"Estes poucos dias de descanso foram planejados para deixa-lo pronto para assumir a Presidência depois dessa batalha tumultuada", disse o diretor da campanha conservadora, Claude Gueant. "Serão também alguns dias nos quais ele poderá refletir sobre a composição do novo time de governo", afirma.
A expectativa é que ele aponte seu principal aliado político, François Fillon, como premiê, e que indique mulheres para a metade dos cargos do gabinete de 15 ministros.
Derrota
Após a derrota nas urnas da candidata Ségolène Royal, que alcançou cerca de 47% dos votos neste domingo, os socialistas se concentram agora para tentar reverter o resultado nas eleições parlamentares. Foi a terceira derrota consecutiva do Partido Socialista para a Presidência francesa, o que elevou temores de divisão interna do partido e perda de seu papel tradicional na sociedade.
6.mai.2007/Efe |
A candidata socialista Ségolène Royal teve 47% dos votos |
A análise dos resultados da eleição deste domingo feita pelo instituto de pesquisas Ipsos apresentou dados negativos para os socialistas. Sarkozy conseguiu o apoio da maioria dos trabalhadores do setor privado, dos pensionistas e dos autônomos. Ele também alcançou a taxa de 52% dos votos das mulheres.
Royal, que tentou ser a primeira mulher na Presidência da França, teve os votos dos desempregados e dos com menos de 25 anos.
Em uma pesquisa de opinião separada, o partido UMP, de Sarkozy, aparece na frente dos socialistas, com 34% contra 29% da preferência dos eleitores. Se a pesquisas se provar correta, os conservadores vencerão a eleição geral em junho.
Com France Presse, Reuters, Efe e Associated Press
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice