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11/05/2007 - 14h12

Gordon Brown faz campanha no Reino Unido e promete mudar política

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da Folha Online

Provável sucessor de Tony Blair como premiê do Reino Unido, o ministro das Finanças, Gordon Brown, lançou nesta sexta-feira sua campanha oficial para suceder o líder do Partido Trabalhista com promessas de mudança. Brown afirmou que seu governo seria um servo do Estado e ouviria os eleitores, sem medo de admitir erros e de mudar.

"Não acredito que a política seja sobre celebridades", disse o ministro hoje. "Nunca acreditei que as aparências podem substituir as políticas. Esta é a visão do século 21: o cidadão no controle, sendo servido, não mandado, pelo Estado", completou.

Lefteris Pitarakis/AP
O ministro das Finanças, Gordon Brown, inicia campanha para suceder Blair como premiê
O ministro das Finanças, Gordon Brown, inicia campanha para suceder Blair como premiê
Após dez anos à frente do governo do Reino Unido, Blair disse ontem que deixará o cargo no final de junho, logo depois que seu partido eleger um novo líder. Sua saída se dá em um momento de queda de popularidade, principalmente em razão do apoio do premiê à guerra no Iraque. Espera-se que o substituto de Blair seja anunciado no dia 24 de junho e que ele deixe o poder no dia 27. Brown é o favorito, mas precisará do aval do Partido Trabalhista.

As promessas de mudança tocam num ponto delicado para a opinião pública britânica: a guerra no Iraque. Em discurso, o ministro disse hoje que seu governo irá "honrar os compromissos" do Reino Unido com o Iraque, mas admitiu que "erros foram cometidos" na condução do conflito.

"Acredito que, nos próximos meses, o foco [no Iraque] irá mudar. Temos que nos concentrar na reconciliação política no país, e no desenvolvimento econômico, para que o povo do Iraque (...) possa sentir que terá seu lugar no país no futuro". acrescentou Brown.

Iraque

Enquanto o provável futuro premiê promete mudar o foco no Iraque, o presidente do país árabe, Jalal Talabani, fez um apelo hoje pela manutenção das tropas britânicas e americanas no conflito. Para o presidente, as tropas precisam continuar no Iraque por mais um ou dois anos para ajudar a controlar a segurança.

Talabani afirmou a estudantes na Universidade de Cambridge que o Iraque estava mais seguro hoje por causa da queda do ditador Saddam Hussein, e que muitas pessoas viviam "vidas normais".

Ele expressou apoio a Brown. "Eu não o conheço pessoalmente", disse Talabani. "Mas todos os iraquianos que o conheceram, incluindo nosso excelente embaixador no Reino Unido, o elogiam e afirmam que ele é um homem muito inteligente, capaz e esperto."

Blair e Brown

Especula-se que Brown, cuja residência fica ao lado de Downing Street, aguardava com impaciência a renúncia de Blair. Críticos dizem que a rivalidade entre ambos atrapalhava o governo. O principal desafio do novo premiê será melhorar a imagem do partido, cuja popularidade cai a cada dia nas pesquisas de opinião entre os britânicos.

10.mai.2007/AP
O premiê britânico, Tony Blair, anunciou renúncia ontem
O premiê britânico, Tony Blair, anunciou renúncia ontem
Para os críticos, Blair, que possuía uma grande maioria no Parlamento no início de seu mandato, centralizou o poder e ignorou os parlamentares. Ele também teria sido prejudicado por alegações de que partidos políticos nomeavam pessoas para honras de Estado em troca de dinheiro.

Apesar de uma leve recuperação nas últimas semanas, o premiê britânico deixa o governo com impopularidade recorde. Para Steven Kettell, professor de política da Universidade de Warwick (Inglaterra) e editor do periódico "British Politics" (Política Britânica), Blair será lembrado no Reino Unido especialmente pela guerra no Iraque.

A popularidade de Blair sofreu sua maior queda depois que, sob seu comando, o Reino Unido se uniu aos EUA na invasão do Iraque em 2003. Uma mini rebelião do Partido trabalhista em setembro último forçou o premiê a dizer que anunciaria sua renúncia em no máximo um ano. Em novembro último, ele cedeu à pressão e afirmou que milhares de soldados britânicos deixariam o Iraque em 2007, diminuindo significativamente a presença das tropas deste país no combate.

George W. Bush desenvolveu um relacionamento próximo a Blair durante os anos, e a Casa Branca o classificou ontem como um "líder extraordinário", um amigo e forte aliado. "O premiê demonstrou sua habilidade ao trabalhar com presidentes [americanos] de ambos os partidos e manter a longa tradição de uma aliança de extraordinária importância estratégica", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.

Renúncia

Blair, 54, é a única pessoa em um século, além de Margaret Thatcher, a permanecer dez anos à frente do Reino Unido como premiê. "Acho que é tempo suficiente, não apenas para mim, mas para todo o país".

Paul Faith/AP
Líderes do governo de divisão de poder na Irlanda do Norte tomam posse em Belfast
Líderes do governo de divisão de poder na Irlanda do Norte tomam posse em Belfast
Ele é o líder trabalhista que obteve mais vitórias eleitorais, após ser reeleito em junho de 2001 e em maio de 2005. "Sempre fiz o que acreditei ser certo."

Blair tornou-se chefe de governo em 2 de maio de 1997, após vencer, no dia anterior, as eleições gerais por arrasadora maioria. Ele se tornou o líder trabalhista que obteve mais vitórias eleitorais, após ser reeleito em junho de 2001 e em maio de 2005.

Além do papel no conflito no Iraque, Blair também deve ser lembrado por ter mediado o acordo de paz entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Após décadas de conflitos, o líder protestante Ian Paisley, do Partido Democrático Unionista (DUP), e o líder católico Martin McGuinness, do Sinn Fein, assumiram nesta terça-feira (8) os cargos de premiê e vice-premiê, respectivamente.

Uma pesquisa publicada pelo jornal britânico "The Guardian" nesta quinta-feira indica que 60% dos britânicos dizem acreditar que a era Blair será lembrado como um tempo de mudanças, nem sempre positivas. Segundo o estudo, menos da metade (44%) afirmam que Blair foi "bom" para o país.

Com Reuters, Efe e Associated Press

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