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15/05/2007
-
14h06
LIGIA BRASLAUSKAS
Editora da Folha Online
Hoje, data em que os palestinos costumam sair às ruas pelo Dia da Naqba (catástrofe), em que lembram o êxodo de centenas de milhares de seus cidadãos e condenam a criação do Estado de Israel, em 1948, paira sobre as manifestações a sombra da crise interna do governo Hamas-Fatah e a morte de 11 palestinos nas ruas de Gaza.
Desde a morte de Iasser Arafat, em 2004, os palestinos parecem viver uma crise de identidade, sem saber, com certeza, que voz do governo seguir. A vitória do Hamas [partido político que possui braço armado], legitimamente eleito em janeiro de 2006, só acirrou a crise e, dia-a-dia, o que se vê é o crescente confronto nas ruas, com mortos e feridos vítimas da violência interna.
O mais recente golpe ao governo palestino, liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, foi noticiado ontem, com a renúncia do ministro palestino do Interior, Hani Kawasmeh, apenas três meses após a formação do governo de coalizão em parceria com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas --ligado ao Fatah, partido político que também possui braço armado e que liderava o Parlamento até a eleição do Hamas.
Haniyeh já havia negado dois pedidos de demissão de Kawasmeh, mas acabou sucumbindo à saída do ministro ontem, em meio à crescente violência nas ruas de Gaza. A renúncia enfraquece ainda mais o Acordo de Meca, de 8 de fevereiro último, responsável pela formação do governo de união atualmente em vigor.
O curioso é que Kawasmeh, apontado pelo próprio Hamas para o cargo, apresentou como motivo de sua renúncia a falta de perspectiva de ter autoridade suficiente [do governo que o indicou] para barrar a violência entre as facções palestinas. Tarefa que, para ter resultado efetivo, precisa de respaldo e ação.
As batalhas nas ruas de Gaza, que inclui a captura mútua de membros de ambas as facções e cenas muito próximas a uma guerra civil, expõem a fragilidade do controle de segurança e a falta de rumo do novo governo de coalização.
Aparentemente, as lideranças palestinas têm priorizado a rixa partidária ao bem-estar da população. O Fatah, inconformado com sua saída do poder, amarga até hoje a derrota nas urnas e usa a violência como aviso. Já o Hamas, que não quer descer do trono conquistado de jeito nenhum, faz vistas grossas a qualquer sinal de abertura e mantém viva a luta armada contra Israel --Estado cuja existência se nega a reconhecer.
O preço do governo indolente da coalizão Hamas-Fatah é pago pela população, que enfrenta crise financeira, desemprego, isolamento e corpos espalhados pelas ruas, só que desta vez tombados por "fogo amigo". Polêmicas à parte, o governo palestino deveria usar a manifestação popular da Naqba em favor próprio, para reunir seu povo e oferecer uma direção política, e não abafá-la com 11 corpos.
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Hoje, data em que os palestinos costumam sair às ruas pelo Dia da Naqba (catástrofe), em que lembram o êxodo de centenas de milhares de seus cidadãos e condenam a criação do Estado de Israel, em 1948, paira sobre as manifestações a sombra da crise interna do governo Hamas-Fatah e a morte de 11 palestinos nas ruas de Gaza.
Desde a morte de Iasser Arafat, em 2004, os palestinos parecem viver uma crise de identidade, sem saber, com certeza, que voz do governo seguir. A vitória do Hamas [partido político que possui braço armado], legitimamente eleito em janeiro de 2006, só acirrou a crise e, dia-a-dia, o que se vê é o crescente confronto nas ruas, com mortos e feridos vítimas da violência interna.
O mais recente golpe ao governo palestino, liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, foi noticiado ontem, com a renúncia do ministro palestino do Interior, Hani Kawasmeh, apenas três meses após a formação do governo de coalizão em parceria com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas --ligado ao Fatah, partido político que também possui braço armado e que liderava o Parlamento até a eleição do Hamas.
Haniyeh já havia negado dois pedidos de demissão de Kawasmeh, mas acabou sucumbindo à saída do ministro ontem, em meio à crescente violência nas ruas de Gaza. A renúncia enfraquece ainda mais o Acordo de Meca, de 8 de fevereiro último, responsável pela formação do governo de união atualmente em vigor.
O curioso é que Kawasmeh, apontado pelo próprio Hamas para o cargo, apresentou como motivo de sua renúncia a falta de perspectiva de ter autoridade suficiente [do governo que o indicou] para barrar a violência entre as facções palestinas. Tarefa que, para ter resultado efetivo, precisa de respaldo e ação.
As batalhas nas ruas de Gaza, que inclui a captura mútua de membros de ambas as facções e cenas muito próximas a uma guerra civil, expõem a fragilidade do controle de segurança e a falta de rumo do novo governo de coalização.
Aparentemente, as lideranças palestinas têm priorizado a rixa partidária ao bem-estar da população. O Fatah, inconformado com sua saída do poder, amarga até hoje a derrota nas urnas e usa a violência como aviso. Já o Hamas, que não quer descer do trono conquistado de jeito nenhum, faz vistas grossas a qualquer sinal de abertura e mantém viva a luta armada contra Israel --Estado cuja existência se nega a reconhecer.
O preço do governo indolente da coalizão Hamas-Fatah é pago pela população, que enfrenta crise financeira, desemprego, isolamento e corpos espalhados pelas ruas, só que desta vez tombados por "fogo amigo". Polêmicas à parte, o governo palestino deveria usar a manifestação popular da Naqba em favor próprio, para reunir seu povo e oferecer uma direção política, e não abafá-la com 11 corpos.
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