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18/05/2007 - 13h12

Após ataque de Israel, Hamas e Fatah voltam a se enfrentar em Gaza

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da Folha Online

Homens armados dos movimentos palestinos rivais Fatah e Hamas voltaram a se enfrentar na Cidade de Gaza nesta sexta-feira, após a região sofrer novos ataques aéreos de Israel que mataram ao menos cinco pessoas hoje. O islâmico Hamas e o nacionalista Fatah vivem a pior onda de enfrentamentos desde o acordo de formação do governo palestino de união, que divide o poder entre os dois grupos desde fevereiro.

Mohammed Saber/Efe
Membro armado do movimento Fatah exibe arma no centro da Cidade de Gaza
Membro armado do movimento Fatah exibe arma no centro da Cidade de Gaza
Hoje, membros dos dois grupos trocaram tiros de armas automáticas na Universidade Islâmica da Cidade de Gaza, tida como bastião do Hamas. Segundo a agência de notícias Associated Press, lutadores do Hamas, que controlavam a universidade, se chocaram com forças do Fatah que assumiram posições no prédio do Ministério das Relações Exteriores, próximo à instituição.

Ao menos uma pessoa ficou ferida no confronto, que contou com lançamento de granadas e tiroteios. Granadas atingiram o escritório do diretor da universidade, Kamelen Shaath, que fez um apelo para o fim imediato da violência.

"Universidades têm que ficar de fora do círculo da violência. Eu peço ao presidente [da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas] e às pessoas sábias de ambos os lados que tentem poupar a universidade da agonia desta luta", disse Shaath.

Apesar do apelo, o som de tiros foi constante hoje em vários locais da faixa de Gaza, e homens armados usando máscaras se posicionaram em bloqueios nas estradas e sobre telhados.

O retorno dos confrontos desafia os mediadores e políticos, que tentam desde a última sexta-feira, quando os choques se iniciaram, organizar um cessar-fogo e retirar os homens armados das ruas. O general Jamal Kayed, comandante de segurança do Fatah em Gaza, disse que seu grupo estava implementando uma trégua, mas que o Hamas não estava fazendo sua parte.

A semana de lutas deixou mais de 50 mortos e quase destruiu o frágil acordo de formação do governo de coalizão palestino.

Ataques israelenses

Além da continuidade da crise interna, os palestinos enfrentam a crescente ação de Israel. A força aérea israelense lançou novos ataques aéreos contra alvos do Hamas na manhã desta sexta-feira, um dia após o início da ofensiva militar em retaliação aos lançamentos de foguetes Qassam contra territórios israelenses.

Hatem Moussa/AP
Palestinos se reúnem em frente a prédio do Hamas atacado em Gaza
Palestinos se reúnem em frente a prédio do Hamas atacado em Gaza
Segundo fontes médicas palestinas, citadas pela rede de TV americana CNN, os ataques de Israel mataram ao menos 11 pessoas desde esta quinta-feira --seis delas ontem e mais cinco durante a madrugada de hoje.

Entre os ataques de hoje está o lançamento de mísseis contra uma estrutura do Hamas que servia de proteção para um túnel, segundo o Exército de Israel.

Ao menos oito foguetes Qassam caíram na região de Sderot, no sul de Israel, na manhã desta sexta-feira, ferindo uma pessoa, segundo fontes israelenses. Desde o início desta semanas, mais de cem foguetes foram lançadas de Gaza contra Israel.

Os ataques foram lançados nesta quinta-feira, depois que o país ameaçou dar uma "resposta severa" aos repetidos lançamentos de foguetes. A ministra israelense de Relações Exteriores, Tzipi Livni, disse que os palestinos "causaram" os ataques aéreos contra si mesmos.

"É preciso mandar uma mensagem aos palestinos, a de que o terror tem um preço. O governo palestino divide a responsabilidade pelas ações agressivas, já que não as controla".

Revolta

O ministro palestino da Informação, Mustapha Barghouti, disse que os palestinos estão "muito bravos" com o fato de que "os israelenses tentaram tirar vantagem da disputa interna". "Israel decidiu escalar a violência, e isso pode ser desastroso", afirmou ele.

Após o início dos bombardeios aéreos, o Hamas ameaçou retomar as ações suicidas contra alvos de Israel. "O inimigo sionista [Israel] lançou uma guerra aberta contra o Hamas. Por isso, nossas opções de represália estão abertas, e incluem as ações que exigem o auto-sacrifício", afirmou o porta-voz do braço armado do Hamas, Abu Obeida. "Nós avisamos ao inimigo que volte imediatamente para sua base, porque nossos foguetes não pouparão nenhum deles".

Jim Hollander/EFE
Tanque israelense patrulha fronteira norte da faixa de Gaza; palestinos temem invasão
Tanque israelense patrulha fronteira norte da faixa de Gaza; palestinos temem invasão
Em visita a Sderot, perto da fronteira com Gaza, o premiê israelense, Ehud Olmert, prometeu manter a pressão para que os palestinos cessem os lançamentos de foguetes.

"Estou lidando com esta crise para demover a ameaça a vocês", disse ele à população israelense. "O governo fará tudo o que for certo para vocês e para a segurança do Estado de Israel", disse.

Na noite de ontem, tanques e soldados da infantaria das Forças de Defesa de Israel avançaram dentro da faixa de Gaza, mas o Exército israelense descartou a organização de uma operação militar em larga escala em Gaza, segundo o jornal "Haaretz".

As tropas se posicionaram a oeste de Sderot, cidade atingida por vários foguetes lançados por grupos palestinos nos últimos dias.

Origem da crise

Mais de 50 pessoas já morreram desde sexta-feira (11), quando teve início a onda de violência entre os movimentos palestinos Hamas e Fatah em Gaza. Grande parte dos cerca de 1,5 milhão de moradores da faixa permanecem dentro de casa desde que os confrontos eclodiram nas ruas.

Sebastian Scheiner/AP
Israelense observa estragos causados por foguete em Sderot
Israelense observa estragos causados por foguete em Sderot
A continuidade dos conflitos ameaça cada vez mais a existência do frágil governo de união, que iniciou suas atividades em março último. Um dos objetivos da aliança era justamente pôr um fim a meses de violência entre as facções, mas o acordo de unidade nunca resolveu uma área sensível: o controle das forças de segurança palestinas.

A atual onda de violência foi detonada na última semana, depois que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah, destacou milhares de policiais para deter uma série de crimes em Gaza. O destacamento não foi aprovado pelo Hamas, que reagiu se voltando contra as forças leais a Abbas.

A maioria dos 80 mil homens destacados na Cisjordânia e em Gaza são leais a Abbas. No ano passado, o Hamas montou a sua própria milícia, que conta com cerca de 6.000 integrantes.

Com "Haaretz", Associated Press e Reuters

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