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Confronto em mesquita no Paquistão deixa nove mortos
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da Folha Online
Confrontos entre radicais islâmicos e forças de segurança na Mesquita Vermelha de Islamabad, capital do Paquistão, deixaram ao menos nove mortos nesta terça-feira, intensificando o clima de crise no país.
Pouco depois dos confrontos, simpatizantes da mesquita atacaram dois prédios do governo, incluindo o Ministério do Ambiente, incendiando os edifícios e vários carros que estavam estacionados no local.
Faisal Mehmood /Reuters |
Estudante paquistanês passa perto de chamas de carro no Ministério do Ambiente |
A violência aprofunda o impasse que já dura meses na Mesquita Vermelha (Lal Masjid), cujos clérigos linha-dura desafiaram o governo ao seqüestrar civis e policiais em uma campanha islâmica radical contra "vícios" da população.
Ao cair da noite, o chefe de segurança de Islamabad, Khalid Pervez, afirmou que um cessar-fogo foi acordado com os militantes armados. O vice-ministro do Interior Zafar Warriach disse que há quatro estudantes, três civis, um soldado e um jornalista entre os mortos.
Warriach afirmou também que ao menos 148 pessoas ficaram feridas nos confrontos. "O governo está considerando todas as opções", disse ele sobre as formas de acabar com o impasse.
O número de mortos foi contestado por clérigos da mesquita, que afirmam que ao menos dez de seus apoiadores morreram.
Ocupação
Segundo oficiais, os problemas de hoje começaram logo pela manhã, quando a polícia tentou impedir que estudantes ocupassem um prédio do governo.
Repórteres que estavam no local afirmaram que dezenas de estudantes, incluindo jovens armados e mulheres usando burcas negras, atacaram forças de segurança, que estavam destacadas a 200 metros da mesquita.
A polícia lançou gás lacrimogêneo e, segundo os repórteres, os estudantes começaram a atirar. Tiros foram ouvidos também partindo dos policiais. A área foi isolada com arame farpado, mas tiros ocasionais continuaram a ser ouvidos durante várias horas.
Um homem usou os alto-falantes da mesquita para pedir a terroristas suicidas que se posicionassem. "Atacaram nossa mesquita. A hora do sacrifício chegou", afirmou. Nenhum ataque suicida foi registrado até o momento.
O vice-líder da mesquita, Abdul Rashid Ghazi, culpou o governo pelo episódio. Segundo ele, os policiais iniciaram os problemas ao erguerem barricadas perto da mesquita. Ele disse que os homens armados que estavam no local são guardas da mesquita.
Protestos
A crise já se espalhou para fora de Islamabad. Na cidade de Quetta, ao oeste do país, cerca de 200 simpatizantes de um partido religioso radical queimaram pneus em protesto contra a ação policial contra a Mesquita Vermelha. Eles cantavam slogans contra o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, e contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que são aliados.
A crise entre a mesquita e as autoridades já dura meses e começou devido a uma disputa por terra e pela campanha para impôr uma versão dura da lei islâmica na capital.
Os clérigos da mesquita ordenaram seqüestros de policiais e supostas prostitutas --incluindo várias cidadãs chinesas-- e repetidamente ameaçam lançar ataques suicidas se as forças de segurança tentarem intervir.
Com Associated Press
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