Corte do Paquistão restaura cargo de juiz afastado pelo governo

Em um novo golpe para o governo, a Suprema Corte do Paquistão restaurou nesta sexta-feira o cargo do chefe de justiça Iftikhar Chaudhry, afastado pelo presidente do país, Pervez Musharraf, por acusações de abuso de poder há quatro meses. O afastamento do juiz desencadeou violentos protestos no Paquistão com dezenas de mortos.

Chaudhry se tornou um símbolo da resistência ao general Musharraf, no poder no Paquistão desde um golpe de Estado em 1999. O juiz se recusou a deixar o cargo apesar da pressão do presidente e de seus chefes de inteligência.

12.mai.2007/Reuters

Iftikhar Mohammed Chaudhry (acima) teve o cargo restituído

A resistência de Chaudhry criou o maior desafio a Musharraf desde que ele subiu ao poder, e seu retorno poderá causar problemas para o presidente --que planeja tentar ser eleito para um mandato de cinco anos em uma eleição nos próximos meses.

Advogados presentes na Suprema Corte hoje aplaudiram de pé quando a decisão foi divulgada. O afastamento do juiz havia sido combatida por advogados em todo o país que lutavam pela defesa da independência do Poder Judiciário.

Protestos pró-Chaudhry se tornaram violentos em diversas ocasiões. Uma passeata em 12 de maio em Karachi terminou com mais de 40 mortos quando ativistas pró-governo se chocaram com os defensores do juiz.

Na última terça-feira (17), um ataque suicida durante outro protesto pró-Chaudhry deixou ao menos 15 mortos e 44 feridos em Islamabad.

Chaudhry foi acusado pelo governo de usar sua influência para conseguir um emprego para seu filho, perseguir juízes e abuso de autoridade, entre outros. Para críticos, no entanto, a razão real de Musharraf para tentar se livrar de Chaudhry foi a possibilidade de o juiz permitir desafios constitucionais ao plano do presidente de se reeleger por seus legisladores atuais antes de dissolver a Assembléia para uma eleição geral em 2008.

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Com Reuters