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20/07/2007 - 12h17

Israel liberta 255 palestinos; Haniyeh critica "suborno político"

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da Folha Online

Israel libertou nesta sexta-feira cerca de 250 prisioneiros palestinos, a maioria ligados ao movimento Fatah, em cumprimento a um acordo entre o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para fortalecer seu governo na Cisjordânia. Abbas, do Fatah, afirmou hoje que as libertações são "só o começo" e que novos prisioneiros deverão sair de prisões palestinas em breve.

Ammar Awad/Reuters
Palestino libertado hoje abraça família após chegada a Ramallah, na Cisjordânia
Palestino libertado hoje abraça família após chegada a Ramallah, na Cisjordânia

"Nosso trabalho deve continuar até que todos os prisioneiros retornem a suas casas", disse ele durante uma cerimônia festiva para receber os palestinos libertados.

"Vocês não podem imaginar o quanto estamos felizes por recebê-los de volta. Mas falta algo em nossa felicidade, porque queremos que todos os 11 mil prisioneiros palestinos voltem para suas famílias", completou, citado pelo jornal "Haaretz".

Vários dos prisioneiros libertados beijaram o chão quando saíram dos ônibus israelenses que os levaram até um posto militar perto de Ramallah, na Cisjordânia. Eles foram transferidos para ônibus palestinos e levados para uma cerimônia com Abbas na sede do governo palestino.

Hamas x Fatah

Um dos presos que estava na lista dos libertados foi mantido em uma prisão israelense por uma decisão de última hora. Segundo a agência Efe, a mudança de planos ocorreu depois que Israel descobriu que o palestino havia recentemente abandonado o movimento Fatah, de Abbas, e entrado para o grupo islâmico Hamas.

Khalil Hamra/AP
Seguidores do Hamas protestam na passagem de Rafah; Israel se diz pronto para invadir
Seguidores do Hamas protestam na passagem de Rafah; Israel se diz pronto para invadir

A informação foi dada por uma rádio local, que afirmou que o prisioneiro em questão foi detido em 2002, quando era membro do Fatah, mas atualmente militava pelo Hamas. O dado teria chegado aos ouvidos do SIP (Serviço Israelense de Prisioneiros), que checou a informação rapidamente e impediu a saída do palestino, disse a Efe.

Hamas e Fatah, que possuem braços armados e políticos, dividiam o poder no governo de coalizão palestino até o último mês, mas romperam o acordo após uma onda de violência que deixou mais de cem mortos em Gaza.

Após o Hamas expulsar o Fatah da faixa para a Cisjordânia, Abbas destituiu o grupo islâmico do governo e formou um novo gabinete, apoiado pela maior parte da comunidade internacional --incluindo Israel e Estados Unidos.

Suborno político

Entre os 255 palestinos libertados hoje, 85% eram membros do Fatah e 15% de frentes populares pela libertação da Palestina (dos grupos FPLP e FDLP).

O premiê palestino destituído, Ismail Haniyeh, do Hamas, alertou contra "subornos políticos" por parte de Israel. "Ficamos felizes pela libertação de qualquer prisioneiro palestino. Mas alertamos contra o uso dessas questões como subornos políticos e armadilhas no caminho das 'boas intenções' de Israel", afirmou.

A libertação dos palestinos é mais um passo para isolar a liderança do Hamas. Ehud Olmert afirmou que a decisão era um "gesto de boa vontade" para com o governo de Abbas na Cisjordânia.

Os prisioneiros libertados eram considerados pouco perigosos e muitos tinham sentenças relativamente curtas para cumprir. Aos críticos dentro de Israel Olmert garantiu que não libertaria prisioneiros "com sangue nas mãos". Ainda há mais de 10 mil prisioneiros palestinos em prisões israelenses.

Invasão de Gaza

Ao lado da melhoria das relações entre Israel e a Cisjordânia, a situação de Gaza parece se complicar. Ontem, foi divulgado que as forças israelenses estão preparadas para invadir a faixa de Gaza e encerrar o conflito com o Hamas, segundo teria afirmado um alto comandante do Exército de Israel. A informação é da agência Reuters.

Arte Folha Online

Israel se retirou da faixa de Gaza em 2005 após 38 anos de ocupação. Em 14 de junho, o território foi tomada pelo grupo radical islâmico Hamas, deixando Israel temeroso de um aumento de ataques vindos do território.

"Israel já traçou bem seus planos, as tropas foram treinadas e só aguardam o sinal verde. Se decidirmos lançar a operação, saberemos o que fazer", disse o comandante israelense a jornalistas, segundo a Reuters. "Também haverá um preço a pagar. As Forças de Defesa israelenses estão preparadas para pagar esse preço."

O comandante teria dito que agora é um bom momento para lançar a ofensiva, já que "o mundo ainda não se acostumou com a existência do novo Hamas, e o Hamas ainda não terminou de reforçar suas capacidades militares".

A Reuters teve acesso a uma cópia da transcrição da entrevista e uma fonte militar identificou o comandante como um alto general. Um porta-voz do governo disse que a opinião da autoridade não era necessariamente compartilhada pelo gabinete e se recusou a dar mais detalhes.

Embora alguns defendam uma ação rápida de Israel, o governo parece relutante após a derrota no ano passado na guerra contra o grupo guerrilheiro libanês Hizbollah.

Calmaria temporária

Na entrevista, o general teria afirmado que o Hamas tem um "Exército bem armado e bem treinado" em Gaza graças ao contrabando de armas e a manobras de recrutamento.

Apesar de o Hamas ter diminuído o número de ataques de foguetes contra Israel, principalmente após derrotar o rival Fatah em confrontos no último mês, o comandante israelense teria classificado isso como apenas uma calmaria temporária usada pelo grupo para expandir seu arsenal.

18.jul.2007/AP
Para Mahmoud Abbas, libertação de mais de 200 palestinos é só o começo
Para Mahmoud Abbas, libertação de mais de 200 palestinos é só o começo

O Hamas, que ganhou as eleições palestinas no ano passado, rejeita acordos assinados por líderes do Fatah que reconhecem o direito de existência do Estado de Israel, mas afirma aceitar uma trégua de longo prazo. O grupo não esconde ter uma força de cerca de 20 mil homens, que afirma ser uma forma de defender Gaza.

O Hamas também acusa o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, do partido rival Fatah, de dar um discreto sinal verde para os ataques israelenses à Gaza ao dissolver o governo liderado pelos islâmicos.

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Com Reuters, Efe, "Haaretz" e Associated Press

 

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