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Ataques matam 175 em dia mais sangrento do ano no Iraque
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da Folha Online
Em um dos piores ataques no Iraque, terroristas explodiram de forma sincronizada quatro caminhões carregados com combustível no norte do país, causando a morte de ao menos 175 pessoas, além de deixar mais de 200 feridos, segundo a agência de notícias Reuters. Redes de TV locais pedem doação de sangue devido ao grande número de vítimas.
Inicialmente, Stephen Bomar, primeiro-tenente e porta-voz da 25º Divisão de Infantaria disse anteriormente que os ataques haviam feito 30 mortos e 60 feridos.
Helicópteros do Exército dos Estados Unidos ajudam a remover os feridos. O ataque desta terça-feira é o mais mortífero desde 23 de novembro de 2006, quando 215 pessoas morreram em ataques com disparos e cinco carros-bomba na região de Sadr City, em Bagdá.
Os ataques ocorreram por volta das 20h (13h de Brasília), quando quatro suicidas, conduzindo caminhões lotados de combustível, explodiram seus veículos em diferentes pontos a oeste de Mossul. Ao mesmo tempo, insurgentes seqüestraram o vice-ministro do Petróleo, Abd al Yabur Al Wakaa, na mesma região.
Dhakil Qassim, prefeito de Sinjar, cidade que fica na região dos ataques, acusou a rede terrorista Al Qaeda pelos ataques.
Aparentemente, o alvo dos ataques era a etnia Yazidi, uma pequena comunidade majoritariamente curda, que se concentra nos arredores de Mossul e, dentro de sua cultura, adoram o anjo Melek Taus, considerado o Demônio para alguns muçulmanos e cristãos.
A etnia vive no norte do Iraque, fala dialeto curdo e possui cultura e religião próprias. Seus integrantes crêem em um Deus criador do mundo e respeitam os profetas da Bíblia e do Alcorão --em particular, Abraão-- mas veneram principalmente Malak Taus, que dirige os arcanjos e é com freqüência representado por um pavão. A população Yazidi é estimada em 500 mil pessoas.
Membros do grupo são alvos freqüentes de violência no norte do Iraque. Em abril último, uma adolescente yazidi, Duaa Khalil Aswad, 17, foi morta por estar apaixonada por um muçulmano. O vídeo de seu linchamento foi divulgado na internet. No mesmo mês, 23 membros da minoria foram mortos a tiros.
Estratégia no Iraque
Os Estados Unidos enviaram recentemente um reforço de 30 mil homens ao Iraque e as distribuiu em pequenas bases, e não em complexos grandes como vinha sendo feito, para tentar reduzir a violência sectária no país do Oriente Médio. Em agosto, o contingente americano no Iraque atingiu seu recorde.
O envio reforços ao Iraque foi criticado pelo Parlamento britânico. A política americana para o Iraque também gera críticas e controvérsias nos EUA.
Testemunhos
Pelo menos 30 casas foram destruídas pelas explosões. Testemunhas afirmam que os helicópteros chegaram em massa para levar os feridos para os hospitais de Dahuk e Sinjar.
Khadir Samu, 30, funcionário público yazidi disse que ele e um amigo estavam descansando no centro de Tal Azir, local de duas das explosões, quando as chamas terminaram com a tarde tranqüila.
"Meu amigo e eu fomos jogados pelos ares. Eu ainda não sei o que aconteceu com ele. Algum tempo depois, eu pude sentir que estava sendo carregado para uma ambulância", disse o funcionário público.
Ele afirmou que, no veículo de resgate, havia mais 12 pessoas, incluindo uma que perdera as duas pernas. "Dentro do carro, havia somente gritos de dor durante uma hora e meia, até chegarmos ao hospital", afirmou.
Ghassan Salim, 40, professor yazidi, foi a um hospital local para doar sangue após ver filas de ambulâncias e carros levando feridos ao hospital de Sinjar. "Nós fomos ao hospital e os feridos nos contaram sobre os ataques. Eu doei sangue. Eu vi muitos mutilados, sem pernas nem mãos. Muitos dos feridos foram deixados no estacionamento ou nas ruas porque o hospital é pequeno", disse ele.
Operação em Diyala
Hoje 16 mil soldados americanos e iraquianos lançaram uma nova operação contra insurgentes no norte do Iraque.
O general Benjamin Mixon, comandante das forças americanas no norte do Iraque, afirmou que as tropas tentam capturar células da rede Al Qaeda que se esconderam na região após ofensivas anteriores.
"Nosso principal objetivo é eliminar as organizações terroristas (...) e mostrar a elas que não há local seguro --especialmente em Diyala", disse Mixon em um comunicado.
Helicóptero
Também hoje, cinco soldados dos EUA morreram após a queda de um helicóptero americano perto da base aérea de Taqaddum, a oeste de Bagdá, de acordo com comunicado militar.
O helicóptero CH-47 Chinook realizava um vôo de teste quando foi atacado na Província de Anbar, segundo o porta-voz da Corporação dos Marines, Shawn Mercer.
O local foi cercado pelo Exército e as causas do acidente estão sendo investigadas.
As mortes elevam para 3.700 o número de soldados dos EUA mortos desde o início do conflito no Iraque, em março de 2003, de acordo com a agência Associated Press.
Com Reuters, Associated Press e Efe
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