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01/10/2007 - 20h45

Promotoria diz que erros levaram à morte de Jean Charles

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da Folha Online

A promotoria londrina argumentou que falhas de planejamento e um verdadeiro caos na central da Scotland Yard (Polícia Metropolitana de Londres) resultaram na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes --morto por policiais ingleses, que o confundiram com um terrorista em 2005 no metrô de Londres-- durante o primeiro dia do julgamento da instituição policial pela Justiça britânica nesta segunda-feira.

Em entrevista à Folha Online hoje, o irmão de Jean Charles disse esperar que a polícia seja condenada, mas também afirmou não ter grandes esperanças em receber tal notícia.

22.julho.2007/Facundo Elarriz/EFE
Altar improvisado com foto de Jean na estação de metrô Stockwell, em Londres
Altar improvisado com foto de Jean na estação de metrô Stockwell, em Londres

A Polícia Metropolitana diz ser inocente das acusações de violação de regras de saúde e segurança do público na operação que matou Jean Charles com sete tiros na cabeça.

Segundo a acusação, o corpo policial violou durante a operação a norma 1974, que obriga as forças de ordem a zelar pela integridade inclusive de quem não é seu funcionário.

A pena para as acusações é uma multa, cujo teto é indefinido.

"Nós afirmamos que a polícia planejou e realizou a operação tão mal que colocou as pessoas em risco sem necessidade e Jean Charles foi morto como um resultado [do procedimento]", afirmou a promotora Clare Montgomery no tribunal.

"Se Menezes fosse um homem-bomba, que levasse explosivos em sua mochila com uma intenção criminosa, ninguém tinha um plano estabelecido para lidar com ele, porque os atiradores ainda não haviam chegado [no momento em que o brasileiro saía de casa, quando já era vigiado pela polícia]", disse Montgomery ao júri de seis homens e seis mulheres na Corte Criminal Central de Londres.

No dia da morte de Jean Charles, na sala de controle da Scotland Yard imperava uma cena de "barulho e caos", nas palavras da promotora. Um policial encarregado de ouvir as mensagens não conseguia identificar o que estava sendo dito por colegas porque oficiais não envolvidos no caso provocavam ruído ao tentar saber o que acontecia, segundo a promotora.

A promotora afirmou que os oficiais nunca confirmaram Jean Charles como um suspeito.

O júri e os membros da família de Jean Charles que acompanhavam o julgamento assistiram a gravação do circuito interno de TV com os eventos que se passaram após o tiroteio: um homem vestindo uma jaqueta, uma camiseta preta e calças jeans no chão, com os braços para trás e as pernas afastadas.

Se Jean Charles fosse realmente um terrorista suicida, ele teria detonado seus explosivos ao ver os policiais com armas e seu uniforme com a insígnia de "polícia" aparente naquele 22 de julho de 2005, segundo a promotora.

Quando os policiais armados entraram no vagão, um oficial com o nome fantasia de Ivor apontou para Jean Charles e gritou: "É ele!". Os policiais o renderam e disparam suas pistolas Glock 9mm contra o brasileiro, narrou a promotora no tribunal.

A promotora também disse que não há uma boa razão para a polícia ter falhado em impedir um possível suicida de entrar na rede de metrô. Duas equipes de policiais vigiavam o brasileiro desde que ele havia deixado seu apartamento e transitado por dois ônibus antes de entrar no metrô.

O brasileiro era vigiado por morar no mesmo prédio que dois suspeitos de cometerem atentados à bomba que mataram 52 pessoas nos metrô de Londres cerca de duas semanas antes.

"O desastre [a morte de Jean Charles] não é resultado de uma operação que se tornou subitamente difícil. Foi uma falha fundamental em levar a cabo uma operação com segurança e de maneira razoável", afirmou a procuradora.

Com Reuters e France Presse

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Comentários dos leitores
Lisandra Borges (4) 10/12/2009 14h50
Lisandra Borges (4) 10/12/2009 14h50
tive q ler o comentário da tal "ellen" ... mas que mente tacanha e revoltada, heim?! senti vergonha alheira por "habitar" o mesmo mundo que essa senhora!
primeiro: o cara era ilegal... e aí acabou!!!
sem opinião
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Lisandra Borges (4) 10/12/2009 14h44
Lisandra Borges (4) 10/12/2009 14h44
ahhhhhh para tudo!!! sinceramente tem horas que não dá pra acreditar nas coisas que leio... monumento? fala sério!!! sem opinião
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Como disse a Ellen, agora somos ilegais. Tudo muito conveniente, entretanto nossas riquezas naturais são extremamente legais para os interesses ingleses, sempre foram.
A Inglaterra cometeu um papelão tão ridículo que fica difícil argumentar. O caso de Jean Charles é uma grande vergonha para uma das polícias com o maior ego do mundo, a britânica. É, ego misturado com racismo não vence o terrorismo internacional.
Compreendo o cansaço do pai de Jean com isso tudo,
certamente ele agora quer ser deixado em paz.
O que fica é a vergonha para os ingleses.
Enquanto em filmes hollywoodianos o James Bond salva o mundo, na vida real Mister Blair e seu sucessor Brown afundam tudo.
Onde está a "eficiência britânica"? Seus "valores civilizados"? 7 tiros na cabeça? Pelas costas? Sobre a "civilidade" britânica os indianos tem muito a dizer, assim como a família de Jean Charles.

P.S: Sobre as questões coloniais levantadas pela Ellen, quem tiver interesse leia "Holocaustos Coloniais" de Mike Davis.
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