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03/12/2007 - 22h58

Ministro de Chávez diz que revolucionários devem crescer "na adversidade"

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da Folha Online

O ministro de Ciência e Tecnologia venezuelano, Héctor Navarro, disse nesta segunda-feira que após a derrota eleitoral ocorrida no domingo (02), os revolucionários a favor do governo do presidente Hugo Chávez devem agora "crescer na adversidade".

"Avançamos muito, mas ainda falta muito caminho a ser percorrido", disse Navarro ao canal estatal de televisão VTV.

Navarro destacou ainda a "demonstração de coragem, vontade política, verdadeiramente democrática" demonstrada por Chávez "ao reconhecer e respeitar os resultados".

A proposta de reforma constitucional com características socialistas impulsionada por Chávez obteve rejeição por parte de 4,5 dos 8,8 milhões de pessoas que votaram no referendo, que registrou abstenção de 7,2 milhões de eleitores, de um total de 16 milhões de venezuelanos, conforme números oficiais.

O ministro disse que nesta etapa após o referendo deve-se considerar que "uma das hipóteses com a qual a oposição e o império americano trabalham caiu", segundo a qual Chávez seria "um ditador, um tirano, que não seria capaz de reconhecer uma derrota".

"Temos que entender que há um revés com estes resultados, o que abre outros caminhos para o avanço das políticas, sobretudo no social", afirmou Navarro.

Ele disse também que com a derrota no referendo, caiu a tese segundo a qual o governo estaria buscando uma abstenção que supostamente poderia favorecê-lo.

Após reconhecer a derrota, Chávez colocou a culpa na abstenção e comparou os resultados com os das eleições presidenciais ocorridas há um ano, quando conseguiu o direito a governar durante o período 2007-2013 e a abstenção chegou a 25,3%.

Lembrou que enquanto seu então adversário, o opositor Manuel Rosales, obteve cerca de 4,3 milhões de votos, ele obteve a vitória com 7,3 milhões.

Navarro disse que a reflexão também deve indicar o caminho a ser percorrido para a transição do socialismo. "Para nós, socialistas, esta é uma tarefa que temos que continuar realizando, porque é vital em termos de uma projeção da espécie humana", acrescentou.

O ministro disse ainda que outro avanço deixado pelo referendo foi com relação à oposição, "que sempre tentou deslegitimar o Poder Eleitoral, agora dá credibilidade".

"Nós que impulsionávamos a proposta sofremos um revés, mas isto não significa que não seguiremos avançando, em primeiro lugar porque a oposição agora reconhece e apóia a atual Constituição, que em outra época não aceitava".

Navarro afirmou também que hoje em dia fala-se de socialismo no mundo todo, graças a Chávez que expôs o tema, que deixou de ser um tabu.

Chávez ressaltou que sua proposta de reforma sofreu uma derrota "por enquanto" e considerou que todo o processo eleitoral foi "um grande salto político" no caminho rumo ao socialismo.

"A abstenção nos venceu (...), por enquanto não conseguimos", afirmou, anunciando que a proposta continua, e pediu que seus seguidores não se sintam "tristes nem aflitos".

Oposição

Opositores à reforma --entre eles bispos católicos, grupos de defesa da liberdade de imprensa, defensores de direitos civis e empresários-- afirmam que, se fosse aceita, a proposta daria poder ilimitado a Chávez, e feriria os direitos básicos dos cidadãos.

Oposicionistas comemoraram o resultado, anunciado pouco depois da 0h (2h de Brasília).

"Esta disputa era entre a democracia e o socialismo totalitário, e a democracia venceu", afirmou o líder oposicionista Leopoldo Lopez em Caracas.

"Ao menos agora nós sabemos que Chávez deixará o poder", disse a estudante Valeria Aguirre, 22, que enfrentou bombas de gás lacrimogêneo durante manifestações.

A votação ocorreu em meio a um clima de calma, mas 45 pessoas foram detidas por crimes eleitorais, como a destruição de urnas e outros materiais, segundo o general Jesus Gonzalez, chefe militar que coordenou a segurança da votação.

Proposta

A proposta rejeitada criaria novos tipos de propriedades comunitárias, permitiria que Chávez escolhesse líderes locais para realizar um novo desenho do mapa político, e suspendesse os direitos civis durante prolongados estados de emergência.

Sem a reforma, ele não poderá concorrer à reeleição em 2012.

Outras mudanças seriam a diminuição da carga horária de trabalho de 8 para 6 horas diárias, a criação de um fundo de segurança social para os milhões de trabalhadores informais, e de conselhos regionais para que se decidisse como empregar os fundos do governo.

"É difícil aceitar isso, mas Chávez não nos abandonou, ele ainda estará lá por nós", disse a vendedora de rua Nelly Hernandez, 37, aos prantos após o anúncio do resultado.

"Ele é um homem que luta pelo povo, um homem que sofreu, que veio de baixo", afirmou o carpinteiro Carlos Orlando Vega, 47, ao sair de um centro de votação em Caracas.

Vega está entre as dezenas de milhares de venezuelanos que receberam casas providenciadas pelo governo de Chávez.

Com Efe, France Presse e Reuters

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