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Igreja cubana diz esperar "medidas transcendentais" de Raúl Castro
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da Folha Online
A Igreja Católica cubana afirmou esperar que o novo Conselho de Estado (Executivo) cubano e seu presidente, Raúl Castro, adotem "medidas transcendentais" para satisfazer as "ânsias e inquietações expressadas pelos cubanos".
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira em Havana, a Conferência de Bispos Católicos de Cuba anunciou que está rezando para que a Assembléia Nacional, o Conselho de Estado e seu presidente levem adiante "com decisão essas medidas transcendentais, que sabemos que devem ser progressivas".
Ismael Francisco/AP |
Raúl Castro, irmão mais novo de Fidel, foi eleito presidente de Cuba pela Assembléia Nacional no domingo (24); igreja pede mudanças |
Os sacerdotes dizem confiar que tais medidas "possam começar a satisfazer a partir de agora as ânsias e inquietações expressadas pelos cubanos".
"Queremos também agora renovar nossos votos de confiança, e com a esperança cristã, formular estes desejos ao novo presidente Raúl Castro, ao Conselho de Estado e à Assembléia Nacional do Poder Popular, tendo sempre diante de nossos olhos o bem comum do povo cubano, ao qual servimos", afirma o comunicado.
Os bispos afirmaram ainda que, depois que o líder cubano Fidel Castro delegou provisoriamente seus cargos, em julho de 2006, a seu irmão Raúl, pediram a Deus "que nada perturbasse o bem superior da paz", voto que dizem estar renovando.
Desafio das reformas
Nomeado sucessor de Fidel Castro na Presidência de Cuba pela Assembléia Nacional, Raúl Castro, 76, deve enfrentar a partir desta segunda-feira o desafio das reformas esperadas pelos cubanos, depois de quase meio século de mandato de seu irmão mais velho.
O general já governava Cuba interinamente desde julho de 2006, devido aos problemas de saúde de Fidel, que culminaram em sua renúncia ao cargo na última terça-feira (19).
Considerado favorito para suceder Fidel, Raúl tornou-se o virtual novo presidente quando encabeçou a uma lista única de candidatos apresentada à Assembléia, que ratificou a cédula e o elegeu novo mandatário da ilha.
Neste domingo, durante o discurso de posse, ele prometeu fazer reformas, mas disse que manterá a economia "dentro do socialismo", e fez uma série de referências ao irmão Fidel.
Marcelo Katsuki/Arte Folha |
No discurso, Raúl disse que não desviará a ilha do socialismo, e que seu irmão continuará a ser consultado sobre questão importantes. "Fidel é Fidel. Ele é insubstituível", disse Raúl.
O novo presidente prometeu, no entanto, "eliminar proibições" na ilha, mas reconheceu o legado de seu irmão, que ficou mais de 49 anos a frente do poder.
"Nas próximas semanas, começaremos a eliminar as [proibições] mais simples, já que muitas delas tiveram como objetivo evitar o surgimento de novas desigualdades em um momento de escassez generalizada", declarou durante seu discurso de posse.
Ele não detalhou quando e quais serão as proibições que serão anuladas.
O general também afirmou que vai rever o tamanho do Estado cubano, tendo por objetivo tornar sua gestão "mais eficiente".
Mudanças
Para analistas, as mudanças implementadas por Raúl devem ser "cautelosas". "Acredito que Raúl fará algumas reformas modestas no futuro próximo", disse Archibald Ritter, especialista em Cuba da Universidade de Carleton, em Ottawa (Canadá), à agência de notícias Reuters.
No entanto, a primeira medida anunciada por Raúl foi a nomeação de José Ramon Machado Ventura, 77, um comunista linha-dura, para ser seu vice, afastando o vice de Fidel Carlos Lage, 56, que era mais identificado com as pequenas mudanças econômicas dos anos 90.
Raúl, que já foi um comunista linha-dura que supervisionava as execuções de inimigos da revolução, vem encorajando o debate moderado nos últimos meses, e pediu que os cubanos expressem publicamente suas preocupações a respeito da vida na ilha caribenha.
"Ele abriu a caixa de Pandora", disse o cubano Carmelo Mesa-Lago, professor da Universidade de Pittsburgh, à agência Reuters.
"Se introduzir apenas mudanças pequenas e cosméticas, a frustração apenas crescerá".
Com Efe, Associated Press e France Presse
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