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Al Qaeda reivindica ataque suicida contra Parlamento iraquiano
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da Folha Online
Um grupo insurgente ligado à rede terrorista Al Qaeda reivindicou nesta sexta-feira por meio de um comunicado publicado na internet a responsabilidade pelo ataque suicida contra o Parlamento iraquiano em Bagdá, que matou um legislador e feriu outras 22 pessoas ontem.
O ataque ao prédio do governo ocorreu na Zona Verde, área de segurança máxima que abriga representações diplomáticas, como a Embaixada dos Estados Unidos. A ação contra o Parlamento foi uma das mais ousadas contra a área ultraprotegida --e controlada pelos americanos-- em Bagdá desde que os EUA invadiram o Iraque, em março de 2003.
AP |
Imagem de TV mostra iraquianos em fuga em meio à fumaça após explosão no Parlamento |
Não ficou claro como o suicida conseguiu furar os postos de controle da região.
"Um guerreiro do Estado do islã (...) atingiu o coração da Zona Verde (...) a sede temporária do Parlamento infiel, e se explodiu entre uma multidão de líderes infiéis", afirmou a organização Estado Islâmico no Iraque no comunicado divulgado na internet.
"Os infiéis no Parlamento gritavam horrorizados após verem o guerreiro invasor, o herói do Estado Islâmico (...) se infiltrando entre eles para detonar seu cinto de explosivos entre os apóstatas reunidos no Parlamento".
"Pela sua mão, Deus destruiu um grupo de infiéis e apóstatas", diz ainda o anúncio.
O instituto Site, organização americana privada que rastreia atividades de militantes, afirmou que a mensagem aparentemente é autêntica.
Segundo o comunicado, o ataque "revela as mentiras sobre a operação de segurança em Bagdá", que vem sendo mostrada como "marketing à mídia internacional". Em um segundo anúncio, o grupo diz que escolheu o Parlamento após analisar "vários alvos em potencial".
O grupo afirma ainda que esperou um dia para reivindicar a ação para dar tempo para que seus membros deixassem a área do atentado, e prometeu realizar ações similares no futuro.
Vítimas
Nesta sexta-feira, os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira que a única vítima fatal do ataque foi o legislador Mohammed Awad, membro da Frente Sunita pelo Diálogo Nacional.
Nesta quinta-feira, o porta-voz do Exército americano no Iraque, William Caldwell, havia reportado oito mortes no atentado.
Após a explosão na cafeteria, mais explosivos foram encontrados perto da sala de reuniões do Parlamento e desativados, segundo o legislador Iman al Asadi.
De acordo com Hadi al Amiri, chefe do comitê de segurança e defesa do Parlamento, a explosão atingiu o prédio pouco depois do encerramento da principal reunião dos legisladores. "Alguns colegas estavam na cafeteria no momento do ataque", disse Al Amiri à rede de TV Al Arabiya. "Mas se ela ocorresse na sala de reuniões, seria uma catástrofe", afirmou ele.
O Parlamento convocou uma sessão especial para esta sexta-feira em repúdio ao ataque.
A sessão teve início ao meio-dia (5h de Brasília), com a presença de poucos dos 275 membros.
Segurança
Autoridades iraquianas afirmaram que irão revisar os procedimentos de segurança no prédio do Parlamento. Há suspeitas de que o suicida tenha recebido ajuda de funcionários.
Três funcionários do Parlamento foram detidos para interrogatório mas não foram acusados formalmente, segundo Hasan al Senaid, legislador da coalizão xiita que lidera o Parlamento.
Segundo ele, seguranças do prédio também foram interrogados, mas não foram detidos.
Os explosivos teriam que passar por postos de controle de forças dos EUA e do Iraque.
A revisão na segurança irá analisar a permissão para a passagem livre dada a alguns parlamentares e seus seguranças para entrar no prédio sem serem revistados.
A entrada na sala de reuniões é restrita a legisladores e suas equipes, seguranças e jornalistas. O acesso à cafeteria também é restrita a parlamentares, policiais e funcionários.
Ataques
A ação no Parlamento é a mais recente indicação de que insurgentes conseguem se infiltrar na fortificada Zona Verde para realizar atentados. Recentemente, o Exército dos EUA informou que dois cinturões com explosivos foram encontrados dentro da área protegida.
No mês passado, um morteiro atingiu a área, matando quatro pessoas. Dias antes, outro morteiro acertou o prédio onde o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, realizava uma coletiva de imprensa. Não houve relato de feridos no incidente.
O mais grave atentado ocorrido dentro da Zona Verde ocorreu em 14 de outubro de 2004, quando insurgentes detonaram explosivos em um mercado e em um café, matando seis pessoas. Foi a primeira vez que houve registro de um ataque dentro da área.
Em 25 de novembro de 2004, um morteiro matou quatro funcionários de uma empresa britânica e feriu outras 12 pessoas dentro da Zona Verde.
Em 29 de janeiro de 2005, insurgentes atacaram a Embaixada dos EUA em Bagdá com um foguete, matando dois cidadãos americanos --um civil e um membro da Marinha.
Ponte
A explosão no Parlamento ocorreu horas depois que um suicida com caminhão-bomba destruiu uma importante ponte de Bagdá, matando dez pessoas e ferindo outras 26.
Hadi Mizban/AP |
Veículo militar bloqueia ponte destruída em Bagdá; caminhão-bomba mata dez pessoas |
O atentado destruiu grande parte da estrutura de ferro e interditou dois grandes trechos da ponte Sarafiya, que liga as regiões leste e oeste de Bagdá. Ao menos cinco veículos foram lançados dentro do rio Tigre com a força da explosão, segundo a polícia.
Entre os mortos estavam quatro policiais que se afogaram depois que o veículo onde estavam caiu no rio e foi levado pela correnteza, de acordo com informações da polícia.
A destruição da ponte deve prejudicar o tráfego de veículos no norte de Bagdá. Outras duas pontes que atravessam o rio Tigre na mesma região foram interditadas por precaução.
Dezenas de pontes cruzam o rio Tigre em Bagdá, ligando o leste ao oeste da cidade. A maioria dos sunitas vive no oeste da cidade, e grande parte dos xiitas vive no leste.
"Há uma conspiração para isolar as duas metades de Bagdá", afirmou o porta-voz do Parlamento, o sunita Mahmoud Mashhadani, após o ataque à ponte nesta quinta-feira.
Com agências internacionais
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