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12/04/2007 - 00h00

Atentado suicida mata ao menos oito em Parlamento em Bagdá

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da Folha Online

Um ataque suicida contra o restaurante do Parlamento iraquiano matou ao menos oito pessoas --duas delas parlamentares-- e feriu outras dez nesta quinta-feira. O edifício-alvo fica na Zona Verde, área de segurança máxima que abriga, além do governo iraquiano, representações diplomáticas, além da Embaixada dos Estados Unidos.

O atentado ocorreu perto da caixa registradora do café, em um momento em que membros do Parlamento, que estava em sessão hoje, almoçavam no local.

A ação contra o Parlamento foi uma das mais ousadas contra a área ultraprotegida --e controlada pelos americanos-- em Bagdá desde que os EUA invadiram o Iraque, em março de 2003. Não ficou claro como o suicida conseguiu furar os postos de controle da região.

Ali Haider/Efe
Helicópteros militares sobrevoam Zona Verde; explosão em Parlamento mata 2 legisladores
Helicópteros militares sobrevoam Zona Verde; explosão em Parlamento mata 2 legisladores

Segundo o porta-voz do Exército dos EUA, William Caldwell, relatos iniciais dão conta de que oito pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas na explosão. Ele atribuiu o atentado à rede terrorista Al Qaeda no Iraque, mas lembrou que o caso está sendo investigado.

Mohammed Awad, membro da Frente Sunita pelo Diálogo Nacional, morreu na explosão, de acordo com Saleh al Mutlaq, líder do partido, que possui 11 cadeiras no Parlamento. Um segundo parlamentar, membro de um partido xiita, também morreu no atentado.

Ao menos três legisladores estariam entre os 20 feridos no ataque.

Após a explosão na cafeteria, mais explosivos foram encontrados perto da sala de reuniões do Parlamento e desativados, segundo o legislador Iman al Asadi.

De acordo com Hadi al Amiri, chefe do comitê de segurança e defesa do Parlamento, a explosão atingiu o prédio pouco depois do encerramento da principal reunião dos legisladores.

"Alguns colegas estavam na cafeteria no momento do ataque", disse Al Amiri à rede de TV Al Arabiya. "Mas se ela ocorresse na sala de reuniões, seria uma catástrofe", afirmou ele.

O porta-voz do Parlamento, Mahmoud al Mashhadani, convocou uma reunião de emergência para a manhã desta sexta-feira para demonstrar que o ataque "não irá deter os legisladores"

Ponte

A explosão no Parlamento ocorreu horas depois que um suicida com caminhão-bomba destruiu uma importante ponte de Bagdá, matando dez pessoas e ferindo outras 26.

Hadi Mizban/AP
Veículo militar bloqueia ponte destruída em Bagdá; caminhão-bomba mata dez pessoas
Veículo militar bloqueia ponte destruída em Bagdá; caminhão-bomba mata dez pessoas

O atentado destruiu grande parte da estrutura de ferro e interditou dois grandes trechos da ponte Sarafiya, que liga as regiões leste e oeste de Bagdá. Ao menos cinco veículos foram lançados dentro do rio Tigre com a força da explosão, segundo a polícia.

Entre os mortos estavam quatro policiais que se afogaram depois que o veículo onde estavam caiu no rio e foi levado pela correnteza, de acordo com informações da polícia.

A destruição da ponte deve prejudicar o tráfego de veículos no norte de Bagdá. Outras duas pontes que atravessam o rio Tigre na mesma região foram interditadas por precaução.

Dezenas de pontes cruzam o rio Tigre em Bagdá, ligando o leste ao oeste da cidade.

A maioria dos sunitas vive no oeste da cidade, e grande parte dos xiitas vive no leste.

'Há uma conspiração para isolar as duas metades de Bagdá', afirmou o porta-voz do Parlamento, o sunita Mahmoud Mashhadani, após o ataque à ponte nesta quinta-feira.

EUA

O governo americano condenou o ataque contra o edifício do Parlamento, e afirmou que as forças de coalizão investigam como o suicida conseguiu se infiltrar na Zona Verde.

"Nós sabemos que há um problema de segurança em Bagdá", afirmou a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice. "É um processo que ainda está no início, e não esperamos que não haja tentativas dos terroristas de minar a presença das forças de segurança".

O porta-voz da Casa Branca Scott Stanzel afirmou que as forças de coalizão no Iraque tomarão medidas para 'reforçar a segurança e garantir que tais ações não se repitam'.

O presidente americano, George W. Bush, condenou com veemência o ataque e afirmou: "Minha mensagem ao governo iraquiano é: 'Nós estamos ao seu lado'".

Ataques

A ação é a mais recente indicação de que insurgentes conseguem se infiltrar na fortificada Zona Verde para realizar atentados. Recentemente, o Exército dos EUA informou que dois cinturões com explosivos foram encontrados dentro da área protegida.

No mês passado, um morteiro atingiu a área, matando quatro pessoas. Dias antes, outro morteiro acertou o prédio onde o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, realizava uma coletiva de imprensa. Não houve relato de feridos no incidente.

O mais grave atentado ocorrido dentro da Zona Verde ocorreu em 14 de outubro de 2004, quando insurgentes detonaram explosivos em um mercado e em um café, matando seis pessoas. Foi a primeira vez que houve registro de um ataque dentro da área.

Em 25 de novembro de 2004, um morteiro matou quatro funcionários de uma empresa britânica e feriu outras 12 pessoas dentro da Zona Verde.

Em 29 de janeiro de 2005, insurgentes atacaram a Embaixada dos EUA em Bagdá com um foguete, matando dois cidadãos americanos --um civil e um membro da Marinha.

Operação

Forças americanas e iraquianas lançaram uma operação de segurança na capital há dois meses. A ação diminui os crimes cometidos por esquadrões da morte, mas explosões com carros-bomba e caminhões-bomba continuam a atingir a capital e outras regiões do país.

A nova ação, idealizada pelos EUA, tenta evitar a derrocada final da violência sectária entre xiitas e sunitas para uma guerra civil total.

O porta-voz do Exército americano, William Caldwell, afirmou ontem que, pelo terceiro mês consecutivo, o número de mortes caiu em Bagdá, mas admitiu que no mesmo período a violência aumentou em outras áreas do Iraque.

"Os serviços de inteligência iranianos estão ativos aqui no Iraque tanto provendo fundos quanto armas e munição aos insurgentes", disse o porta-voz, que afirmou ainda que alguma ajuda também estava sendo dada a sunitas (e não apenas aos xiitas).

Caldwell disse também que insurgentes estavam sendo treinados no Irã para o uso de um tipo de bombas que são colocadas em estradas e já mataram mais de 170 soldados americanos.

Irã

A acusação americana aconteceu em meio a renovadas pressões do Irã ao governo do Iraque pela libertação de cinco iranianos detidos por forças dos EUA no país árabe.

O Irã ameaçou se retirar de uma conferência internacional sobre o Iraque no próximo mês caso o impasse não se resolva, segundo a mídia iraniana.

Teerã afirma que os cinco, que foram detidos em uma operação no nordeste do Iraque em janeiro, são diplomatas. Washington os acusa de terem ligações com a Guarda Revolucionária do Irã, que segundo os EUA está treinando os insurgentes no Iraque.

Os EUA acusam Teerã de tentar desestabilizar o Iraque e afirmam que armas feitas no Irã estão cada vez mais sendo usadas em ataques no país árabe. O Irã nega as acusações.

Com agências internacionais

 

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