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06/04/2008 - 23h04

Partido de ditador exige nova recontagem de votos no Zimbábue

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da Folha Online

O partido do ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, tentava se prender este domingo ao poder com a exigência de uma recontagem de votos, rejeitada pela oposição, afirmando que o homem que governa o país há 28 anos foi derrotado nas eleições de 29 de março. Dessa forma, rejeitou a mão estendida pela oposição ao se negar a participar num governo de união nacional.

Um jornal estatal anunciou que a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF) havia pedido à Comissão Eleitoral uma recontagem dos votos das eleições do final de semana passado.

O Movimento pela Mudança Democrática (MCD), de oposição, classificou imediatamente de "ilegal" essa exigência.

"É ilegal, é irrealizável pedir uma nova contagem", declarou à agência de notícias France Presse o porta-voz do MDC, Nelson Chamisa.

"Só se pode pedir uma nova recontagem 48 horas depois da primeira e, de acordo com informações que obtivemos, a recontagem foi realizada no domingo (30 de março) e uma nova contagem teria que ter sido exigida na terça-feira", explicou Chamisa.

O candidato do MDC, Morgan Tsvangirai, afirmou no sábado que obteve uma clara vitória e pediu que Mugabe inicie negociações para uma "transição pacífica".

A Comissão Eleitoral não divulgou até agora um resultado oficial das eleições presidenciais, realizadas há oito dias em meio a eleições gerais.

Parlamento

A Comissão já anunciou que o partido de Mugabe perdeu pela primeira vez sua maioria na Câmara dos Deputados, mas o ZANU-PF anunciou no sábado sua intenção de questionar essa derrota no tribunal eleitoral, alegando irregularidades em diversas circunscrições.

Neste domingo, o partido governista questionou também as eleições presidenciais.

"O ZANU-PF pediu à Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC) a verificação de todo o material eleitoral da eleição presidencial da semana passada porque foram detectados erros e cálculos errôneos na apuração dos resultados", afirmou o porta-voz do governo.

Devido a estas anormalidades, "o partido pediu à Comissão o adiamento do anúncio do resultado da eleição presidencial".

Anteriormente, a imprensa oficial havia afirmado que Mugabe se preparava para enfrentar um segundo turno, embora Tsvangirai tenha afirmado que não seria necessário, porque obteve mais da metade dos votos.

"Guerra"

Tsvangirai acusou também o partido de Mugabe de preparar uma "guerra contra o povo" com o objetivo de ignorar os resultados das eleições.

"O resultado é conhecido, o MCD venceu as eleições presidencial e legislativas. O presidente Mugabe e o ZANU-PF devem aceitar os resultados", disse Tsvangirai à imprensa.

"O MCD venceu as eleições e não aceitará que a vontade do povo seja suprimida", acrescentou.

"O ZANU-PF está preparando uma guerra contra o povo zimbabuano, como a que vimos em 2000', disse Tsvangirai, em referência à onda de violência desencadeada quando uma proposta de reforma constitucional apoiada por Mugabe foi derrotada em um referendo.

Tsvangirai prometeu que caso Mugabe, no poder há 28 anos, aceite sua derrota, terá sua segurança garantida.

As eleições gerais foram realizadas em 29 de março, mas até agora a Comissão Eleitoral não revelou dado algum sobre as eleições presidenciais. Em compensação apresentou os resultados das legislativas, nas quais o partido de Mugabe perdeu pela primeira vez a maioria na Câmara dos Deputados para o MCD.

 

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