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15/10/2002 - 06h34

"Tivemos muita sorte", diz brasileiro em Bali

MARIA BRANT
da Folha de S.Paulo

Vários brasileiros foram testemunhas do atentado que deixou 181 mortos em Bali no sábado. Pouco antes do ataque, ocorrido às 23h30, teve início a inauguração de uma filial da loja carioca Sandpiper a cerca de 100 m de onde ficava a casa noturna Sari Club, destruída pela explosão.

"Passei as últimas 48 horas na internet", disse ontem à Folha de S.Paulo Roberto Saboya, 38, que tem uma importadora de móveis, a Indoásia, e passa de um a dois meses por ano em Bali, onde tem um escritório e muitos amigos.

Ele afirmou acreditar que grande parte dos cerca de 50 brasileiros que vivem na ilha estivesse na loja, na avenida principal da praia de Kuta, a Jalan Legian, na hora da explosão, mas disse que não ficou sabendo de nenhum brasileiro que tenha tido ferimentos graves.

Segundo ele, muitos ficaram apavorados e decidiram passar a noite na praia, temendo haver outras bombas em outros edifícios.

Saboya, que morou em Bali de 1992 a 1994, repassou à Folha de S.Paulo algumas mensagens de e-mail que recebeu de seus amigos na ilha.

Um deles veio de Renato Vianna, dono da filial da Sandpiper inaugurada no sábado.

"Tivemos muita sorte", diz Vianna. De acordo com ele, a loja teve suas vitrines quebradas, mas não houve feridos entre os cerca de cem convidados brasileiros e estrangeiros da inauguração.

Um dos convidados brasileiros, o designer de móveis Reynaldo Maldonado, o Zapp, lamenta a falta de infra-estrutura da ilha. "Não havia nenhuma força policial desviando o trânsito e ajudando a organizar aqueles que tentavam sair da área", afirma.

O brasileiro Gui Gama, que vive há 15 anos em Bali, é casado com uma indonésia e tem dois filhos, afirma que "a ilha de sonhos" não será mais a mesma, e que está considerando voltar ao Brasil. "Meu pensamento agora é decidir entre o risco de eventuais ataques do terrorismo (agora comprovadamente atuante na Indonésia) ou o cotidiano armado do Comando Vermelho, da Falange Jacaré ou da ADA (Amigos dos Amigos!) que 'paralelamente' governam o Rio de Janeiro".

"Não surpreendente"
Para Saboya, o atentado foi horrível, mas não surpreendente. "Sempre achamos que poderia haver um atentado em Bali, até pensamos que podia acontecer algo na escola que os filhos de estrangeiros frequentam", disse ele, por telefone, de seu escritório em São Paulo.

Para ele -e para outros brasileiros que enviaram e-mails da ilha-, o ataque é uma tentativa de grupos extremistas islâmicos de desestabilizar o governo da presidente da Indonésia, Megawati Sukarnoputri.

"Bali sempre foi motivo de inveja e recalque por parte dos muçulmanos que, embora sejam 90% da população indonésia, lá são minoria", afirmou Saboya. "Eles não vêem nem a cor dos US$ 5 bilhões que entram todo ano em Bali, fica tudo na mão de chineses indonésios, hindus e principalmente investidores estrangeiros".

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