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29/09/2009 - 12h16

Irã oscila entre provocação e cooperação antes de reunião

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HIEDEH FARMANI
da France Presse, em Teerã

O Irã se mostrou cooperativo nesta terça-feira, a dois dias de uma reunião crucial que discutirá seu polêmico programa nuclear, anunciando uma data para a próxima inspeção de sua usina de enriquecimento de urânio, após ter elevado as tensões na véspera com testes de mísseis de longo alcance.

Ao mesmo tempo, 239 dos 290 deputados do Parlamento iraniano advertiram as grandes potências envolvidas nas negociações sobre o programa nuclear iraniano que não deixem passar a 'oportunidade histórica' representada pela reunião da próxima quinta-feira em Genebra.

Com a intenção de demonstrar a boa vontade do Irã, o diretor do programa nuclear do país, Ali Akbar Salehi, afirmou que seu país informará a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em breve sobre o calendário das inspeções de sua segunda usina de enriquecimento de urânio em Fordoo, sul de Teerã.

A tensão aumentou consideravelmente na última sexta-feira (25), após anúncio da existência da nova usina. Os países ocidentais, que mantêm profundas suspeitas sobre as reais ambições nucleares do Irã, responderam com novas ameaças de sanções contra Teerã.

Em uma tentativa de acalmar os ânimos, os iranianos anunciaram no dia seguinte que abririam a usina para a supervisão da AIEA. Há anos Teerã insiste que seu programa nuclear possui apenas fins pacíficos e que não pretende desenvolver armamento atômico.

Reuters
Imagens divulgadas pelo governo do Irã mostram preparação e lançamento de míssil Shahab-3, nesta segunda
Imagens divulgadas pelo governo do Irã mostram preparação e lançamento de míssil Shahab-3, nesta segunda

Na segunda-feira, porém, os iranianos deixaram o Ocidente irritado com o lançamento de mísseis capazes de alcançar Israel, executado por suas tropas de elite. Foram usados mísseis Ghadr-1, uma versão melhorada dos Shabab-3, cujo alcance chega a 1.800 km, e um míssil de duas fases, o Sejil, que pode chegar a até 2.000 km de distância.

Na mesma linha, lideranças militares iranianas anunciaram nesta terça-feira a produção de uma nova geração "melhorada e ultradesenvolvida" do Sejil.

Para os Estados Unidos, que ameaçaram com novas sanções caso as discussões de Genebra fracassem, as manobras iranianas foram uma provocação. O chefe da delegação nuclear iraniana, Said Khalili, discutirá com representantes do grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Rússia, Reino Unido e Alemanha) sobre o novo pacote de propostas apresentadas por Teerã.

O pacote, que segundo o Irã tem como objetivo regular o problema da proliferação nuclear, não menciona nem o polêmico programa iraniano nem a questão sensível do enriquecimento de urânio.

Teerã quer discutir uma série de questões que interessam o mundo, e afirma que há muito o que oferecer para a segurança de uma região na qual o exército americano está presente em duas frentes, Iraque e Afeganistão.

As autoridades iranianas se negam a abrir mão do que consideram seu "direito inalienável" a enriquecer urânio para alimentar as futuras centrais nucleares. Em Genebra, Teerã pedirá às grandes potências autorização para importar urânio enriquecido a 20%, para um reator de pesquisas.

O grupo 5+1 já fez uma série de propostas ao Irã, entre elas um aprimoramento das relações diplomáticas e uma cooperação tecnológica em troca da suspensão de seu programa nuclear, mas os iranianos, de maneira geral, as ignoraram. Após 14 meses de incerteza, o Irã já contabiliza três resoluções da ONU com sanções.

A insistência americana sobre o endurecimento destas sanções, no entanto, tem na Rússia e na China reações tímidas. Moscou fez um apelo à comunidade internacional para que não "ceda à emoção", e Pequim diz esperar por uma "distensão da situação".

Comentários dos leitores
J. R. (1256) 30/01/2010 08h52
J. R. (1256) 30/01/2010 08h52
Seria até possível forçar o Irã às inspeções caso Israel também se submeta a inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em todas as suas instalações de Dimona e militares. Assim o mundo ficaria mais tranquilo ao saber que não estão escondendo armas de destruição em massa, do mesmo modo que o Irã. Obviamente a comissão da AIEA tem que ser formada por representantes de todas as partes, não apenas os escolhidos a dedo pelos U-S-A. A paz exige sacrifício e determinação. sem opinião
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eduardo de souza (628) 24/01/2010 19h07
eduardo de souza (628) 24/01/2010 19h07
Não acredito que por em risco sua própria gente será barreira para os "adoradores do caos". A Espanha acena que esta fora dos conflitos pesados, a China só vai obeservar, outros países também terão lucidez e cairão fora. Sobrará a batata quente para aqueles que a "fornaram", e terão que arcar com seus atos, pois o que enfrentarão já derrotou outros impérios no passado. O Irã não é qualquer um não. Quem viver verá. 3 opiniões
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J. R. (1256) 20/01/2010 07h29
J. R. (1256) 20/01/2010 07h29
O assassinato do físico nuclear iraniano Masud Ali Mohammadi, engajado ao movimento nacionalista iraniano, obviamente foi obra da Cia e Mossad, pelas caracteristicas, embora neguem até o fim como sempre fazem. Com esse ataque terrorista agora deverá ocorrer uma espécie de "caça às bruxas" na Universidade de Teerã, e talvez esse seja, além de
assassinar o professor, o objetivo final da ação, que é dividir internamente o Irã. Como os U-S-A divulgaram recentemente, o que está ocorrendo de fato agora é uma aceleração do programa nuclear do Irã. Pelo andar da carruagem os U-S-A sabem que já não podem mais promover uma guerra convencional contra o Irã, pois poriam em risco suas tropas.
Agora só resta uma saída: tentar minar e derrubar o atual governo iraniano através de ações de terrorismo e sabotagem, o que parece ser algo impossível e só serviria para massacrar ainda mais a oposição. O lider religioso Khamenei fala abertamente que "Todas as partes com tendências diferentes devem se distanciar claramente dos inimigos, em particular as elites influentes, que devem também se abster de fazer comentários ambíguos", o que não deixa de ser o início do combate à influência dos U-S-A sobre a classe média iraniana, e uma nova revolução está em curso para solidificar a atual.
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