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Diante de escândalo de pedofilia, papa lembra caráter sagrado do celibato
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da France Presse
da Folha Online
O papa Bento 16 reiterou nesta sexta-feira o caráter sagrado do celibato para os sacerdotes, após o debate gerado pela acusação de que este seria responsável pelos recentes escândalos de pedofilia na Igreja Católica na Europa --e que chegaram a envolver até mesmo o irmão do papa.
"O celibato é o sinal de uma consagração inteira ao Senhor e aos assuntos do Senhor, uma expressão da entrega a Deus e aos outros", declarou o papa, ao receber no Vaticano os participantes de uma conferência teológica sobre "Fidelidade a Cristo e fidelidade do sacerdote".
Bento 16 confirmou "o valor sagrado do celibato, que na Igreja católica é exigido para a ordenação e também é considerado positivo nas Igrejas orientais".
As afirmação do papa ocorre após a onda de escândalos de pedofilia que vem afetando a Igreja Católica da Europa, o que abriu um grande debate sobre o celibato, uma tradição milenar que o Vaticano defende a todo custo.
A Igreja Católica da Irlanda foi criticada por ocultar, segundo relatório de uma investigação oficial publicado em novembro passado, os abusos sexuais cometidos por padres da região de Dublin envolvendo centenas de crianças durante várias décadas.
O documento, de mais de 700 páginas, fala sobre a atitude da hierarquia católica no arcebispado de Dublin entre os anos 1975 a 2004. Acusa, principalmente, quatro arcebispos por não terem denunciado à polícia que sabiam dos abusos sexuais, cometidos a partir dos anos 60.
Já na Holanda, a Igreja Católica recebeu 350 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.
Na Alemanha, as denúncias de pedofilia chegam a 120 e teriam ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas locais. O caso envolveu até mesmo o sacerdote Georg Ratzinger, irmão do papa Bento 16, que liderava os rapazes do coro da catedral de Regensburg. O sacerdote negou saber dos casos de abusos e foi inocentado pelo Vaticano.
Questionamento
Importantes teólogos, como o suíço Hans Kung e o alemão Eugen Drewermann (ambos destituídos pelo Vaticano), qualificam de "desumana" a obrigação de privar os clérigos católicos de uma vida sexual e a acusam de ser uma das causas da pedofilia.
Sem chegar a pedir sua abolição, o arcebispo de Viena (Áustria), o cardeal Christopj Schonborn, pediu que a Igreja Católica "se interrogue sobre as razões" que levaram os religiosos a cometerem atos de pedofilia.
Ele pede ainda que se leve em conta na formação e na educação dos sacerdotes as consequências na sociedade da "revolução sexual de 1968", assim como do "celibato" no desenvolvimento pessoal do religioso.
Já o arcebispo de Ratisbona (Alemanha), Gerhard Ludwig Muller, cuja diocese recebeu denúncias de abusos sexuais, qualificou de "besteira" afirmar que o celibato é a causa da pedofilia nos religiosos.
O cardeal brasileiro Claudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, também defendeu na quinta-feira o celibato como um "dom" que "precisa ser vivido com gozo e plenitude".
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