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17/03/2010 - 12h20

Irã pede oportunidade para diplomacia e oferece troca de urânio

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da Folha Online

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, defendeu nesta quarta-feira uma saída diplomática para a polêmica em torno do programa nuclear do Irã. Já o diretor da Agência de Energia Atômica iraniana, Ali Akbar Salehi, reiterou que o país está disposto a trocar, de uma só vez, como pedem as potências, 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear.

Em entrevista a jornalistas em Teerã, capital do Irã, o político conservador alertou que não existe consenso mundial sobre as sanções contra seu país e insistiu que elas serão inúteis para impedir os avanços do programa nuclear.

"Não existe acordo sobre as medidas punitivas contra o Irã porque há diversas opiniões na cena internacional. As sanções são completamente inúteis", ressaltou Larijani. "O Irã acredita na capacidade da diplomacia para resolver o assunto".

Os Estados Unidos lideram uma campanha por uma quarta rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), mas enfrentam resistência da China, que conta com poder de veto por ser membro permanente.

As declarações do presidente do Parlamento coincidiram com as palavras de Salehi, que reiterou a oferta do Irã de trocar seu urânio pouco enriquecido por combustível nuclear.

Em declarações divulgadas pelo jornal local "Javan", Salehi indicou que seu país "está disposto a ceder os 1.200 quilos de urânio empobrecido em troca do combustível enriquecido para o reator de Teerã desde que a troca seja feita em nosso território".

A proposta já havia sido feita meses atrás, mas foi rejeitada pelas grandes potências mundiais.

"O que dizemos agora é que estamos preparados para enviar todo o urânio de uma vez, sob condição de que a troca seja feita no Irã e de forma simultânea. Podemos entregar 1.200 quilos de urânio empobrecido e receber 120 de urânio enriquecido a 20%", reiterou.

Esta é a primeira vez que o Irã se mostra disposto a uma troca, em uma única etapa, do urânio levemente enriquecido por combustível mais enriquecido, necessário para o funcionamento de um reator de pesquisas médicas em Teerã.

A questão das reservas de urânio é o grande obstáculo da polêmica entre Teerã e as potências ocidentais, que suspeitam de uma tentativa iraniana de desenvolver armamento atômico. Para fabricar uma bomba nuclear é necessário combustível enriquecido a 90%.

"O Irã tem o direito de enriquecer urânio em até 100%, mas não vai fazê-lo porque não precisa", disse Salehi.

Segundo o último relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã tinha no fim de janeiro 2.065 quilos de urânio levemente enriquecido, do qual o país produz pouco mais de 100 quilos por mês.

O Irã recusou um projeto de acordo apresentado em outubro do ano passado com a mediação da AIEA. O projeto previa que a entrega por parte do Irã à Rússia de 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5% para o enriquecimento a 20%, antes de ser transformado pela França em combustível para o reator de pesquisas de Teerã, que fabrica isótopos para produtos médicos.

Teerã justificou a recusa com a afirmação de que o projeto de acordo não apresentava as garantias necessárias para a entrega do combustível.

Depois disso, o país apresentou uma contraproposta para um intercâmbio gradual.

Com a paralisação das negociações, o Irã começou a enriquecer o urânio a 20% em fevereiro, ao mesmo tempo que anunciou a disposição de interromper o processo se as grandes potências aceitassem a troca com as condições iranianas.

"O Irã propôs entregar urânio em lotes de 400 quilos, mas os países que devem produzir o combustível nos disseram que a produção desta quantidade não é interessante do ponto de vista econômico", afirmou Salehi.

Ele disse ainda que a AIEA poderia lacrar os 1.200 quilos de urânio para preparar o intercâmbio e ter o material sob controle até a troca.

Com Efe e France Presse

 

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