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12/11/2004
-
11h55
da Folha Online
Depois de uma tumultuada chegada a Ramallah, Cisjordânia, o corpo do líder palestino Iasser Arafat, 75, que morreu ontem na França, foi enterrado em um caixão de mármore e pedra dentro da Mukata [complexo do governo palestino], onde o líder palestino ficou confinado durante quase três anos pelo governo de Israel.
A polícia teve muita dificuldade para controlar a multidão que se debatia para tentar tocar o caixão de Arafat, assim que o corpo foi retirado do helicóptero militar egípcio que fez o traslado do Cairo [Egito] para a Cisjordânia.
Para conter a multidão e conseguir retirar o caixão do helicóptero, ação que levou cerca de 25 minutos, a polícia palestina deu tiros para o alto. Mas não adiantou. Após o caixão de Arafat ter sido colocado sobre um carro, para que fosse levado até a entrada de seu QG, militantes de grupos radicais palestinos, portando armas, subiram sobre o caixão e gritavam, acompanhados pela multidão: "Com seu sangue e nossa alma, nós vamos te resgatar, Iasser Arafat".
Palestinos armados também deram tiros para o alto para homenagear Arafat. Há relatos de pessoas que ficaram feridas durante as salvas de tiros. Outras teriam se ferido quando a multidão se espremia para tentar chegar o mais próximo possível do caixão.
Invasão
Durante várias horas, antes da chegada do corpo de Arafat, milhares de palestinos enfrentaram policiais e seguranças que tentaram, sem sucesso, impedir o acesso das pessoas ao complexo da Mukata --cercada por um muro de três metros de altura, que é coberto por arames farpados.
Antes de pousar em Ramallah, o helicóptero que levava o corpo de Arafat sobrevoou a faixa de Gaza, simbolizando o adeus do líder palestino à região.
Além da emoção da população palestina devido à perda de seu principal líder, outro ponto aumenta a comoção na despedida de Arafat: o funeral coincide com a última sexta-feira do Ramadã [mês sagrado dos muçulmanos, época em que comer, beber e manter relações sexuais são atividades proibidas entre a alvorada e anoitecer, que acontece no nono mês do calendário islâmico].
A mulher de Arafat, Suha Tawil, 42, que acompanha o corpo de seu marido desde sua saída da França, não pôde ser vista durante as cerimônias fúnebres, nem no Cairo nem na Cisjordânia, como manda o costume islâmico.
Homenagem
A cerimônia fúnebre no Cairo contou com a participação de mais de 70 líderes mundiais, mas a população não teve acesso ao caixão. O ministro José Dirceu (Casa Civil) viajou ao Cairo no avião presidencial brasileiro. Ele representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia.
No Cairo, o xeque Mohammed Sayed Tantawi conduziu as orações de homenagem à memória de Arafat.
Mohammad Abdel Rauf Arafat al Qudwa al Husseini, mais conhecido como Iasser Arafat, morreu às 3h30 de ontem (0h30 de Brasília) devido à falência múltipla dos órgãos, após passar 14 dias internado [oito deles em estado de coma] no hospital militar Percy, em Clamart, a sudoeste de Paris.
Causa da morte
A causa da morte de Arafat não foi divulgada, e nem sua mulher, Suha Tawil, 42, nem o clérigo Taissir Dayut Tamimi, responsável pelas orações no leito de morte do líder palestino, na França, permitiram que fosse feita uma autópsia para determinar a causa da morte, alegando que a prática é proibida pelas leis islâmicas.
A cerimônia fúnebre foi realizada no Cairo por indicação de Hosni Mubarak, presidente do Egito, com a intenção de facilitar a presença de líderes do mundo árabe na homenagem final a Arafat.
A idéia original era que a cerimônia fúnebre de Arafat acontecesse na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém --terceiro local mais sagrado para os islâmicos depois das cidades de Meca e Medina, ambas na Arábia Saudita.
A polêmica em torno da Esplanada das Mesquitas deve-se ao fato de o local também ser sagrado para os judeus. Lá, existiu um grande templo judeu, destruído no ano 70 pelos romanos, do qual restou apenas o Muro das Lamentações, mais importante ponto de peregrinação do judaísmo.
Com agências internacionais
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Oleg Popov/Reuters |
Seguranças palestinos sobem sobre caixão de Iasser Arafat em Ramallah |
Depois de uma tumultuada chegada a Ramallah, Cisjordânia, o corpo do líder palestino Iasser Arafat, 75, que morreu ontem na França, foi enterrado em um caixão de mármore e pedra dentro da Mukata [complexo do governo palestino], onde o líder palestino ficou confinado durante quase três anos pelo governo de Israel.
A polícia teve muita dificuldade para controlar a multidão que se debatia para tentar tocar o caixão de Arafat, assim que o corpo foi retirado do helicóptero militar egípcio que fez o traslado do Cairo [Egito] para a Cisjordânia.
Para conter a multidão e conseguir retirar o caixão do helicóptero, ação que levou cerca de 25 minutos, a polícia palestina deu tiros para o alto. Mas não adiantou. Após o caixão de Arafat ter sido colocado sobre um carro, para que fosse levado até a entrada de seu QG, militantes de grupos radicais palestinos, portando armas, subiram sobre o caixão e gritavam, acompanhados pela multidão: "Com seu sangue e nossa alma, nós vamos te resgatar, Iasser Arafat".
Palestinos armados também deram tiros para o alto para homenagear Arafat. Há relatos de pessoas que ficaram feridas durante as salvas de tiros. Outras teriam se ferido quando a multidão se espremia para tentar chegar o mais próximo possível do caixão.
Invasão
Durante várias horas, antes da chegada do corpo de Arafat, milhares de palestinos enfrentaram policiais e seguranças que tentaram, sem sucesso, impedir o acesso das pessoas ao complexo da Mukata --cercada por um muro de três metros de altura, que é coberto por arames farpados.
Antes de pousar em Ramallah, o helicóptero que levava o corpo de Arafat sobrevoou a faixa de Gaza, simbolizando o adeus do líder palestino à região.
Além da emoção da população palestina devido à perda de seu principal líder, outro ponto aumenta a comoção na despedida de Arafat: o funeral coincide com a última sexta-feira do Ramadã [mês sagrado dos muçulmanos, época em que comer, beber e manter relações sexuais são atividades proibidas entre a alvorada e anoitecer, que acontece no nono mês do calendário islâmico].
A mulher de Arafat, Suha Tawil, 42, que acompanha o corpo de seu marido desde sua saída da França, não pôde ser vista durante as cerimônias fúnebres, nem no Cairo nem na Cisjordânia, como manda o costume islâmico.
Homenagem
A cerimônia fúnebre no Cairo contou com a participação de mais de 70 líderes mundiais, mas a população não teve acesso ao caixão. O ministro José Dirceu (Casa Civil) viajou ao Cairo no avião presidencial brasileiro. Ele representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia.
No Cairo, o xeque Mohammed Sayed Tantawi conduziu as orações de homenagem à memória de Arafat.
Mohammad Abdel Rauf Arafat al Qudwa al Husseini, mais conhecido como Iasser Arafat, morreu às 3h30 de ontem (0h30 de Brasília) devido à falência múltipla dos órgãos, após passar 14 dias internado [oito deles em estado de coma] no hospital militar Percy, em Clamart, a sudoeste de Paris.
Causa da morte
A causa da morte de Arafat não foi divulgada, e nem sua mulher, Suha Tawil, 42, nem o clérigo Taissir Dayut Tamimi, responsável pelas orações no leito de morte do líder palestino, na França, permitiram que fosse feita uma autópsia para determinar a causa da morte, alegando que a prática é proibida pelas leis islâmicas.
A cerimônia fúnebre foi realizada no Cairo por indicação de Hosni Mubarak, presidente do Egito, com a intenção de facilitar a presença de líderes do mundo árabe na homenagem final a Arafat.
A idéia original era que a cerimônia fúnebre de Arafat acontecesse na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém --terceiro local mais sagrado para os islâmicos depois das cidades de Meca e Medina, ambas na Arábia Saudita.
A polêmica em torno da Esplanada das Mesquitas deve-se ao fato de o local também ser sagrado para os judeus. Lá, existiu um grande templo judeu, destruído no ano 70 pelos romanos, do qual restou apenas o Muro das Lamentações, mais importante ponto de peregrinação do judaísmo.
Com agências internacionais
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