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04/04/2005 - 16h14

Após cerimônia reservada, abre-se a basílica para velório público

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RICARDO FELTRIN
Enviado especial da Folha Online a Roma

Cerca de 150 mil fiéis aguardam do lado de fora da Basílica de São Pedro para prestar a última homenagem ao papa João Paulo 2º, morto no último sábado (2). O velório foi aberto ao público às 19h50 (14h50 em Brasília), após ritos fúnebres celebrados pelo camerlengo, o cardeal Eduardo Martinez Somalo, na cerimônia reservada "De Corporis Summi Pastoris Ioannis Pauli Secundo Translatione in Basilicam Vaticanam" (Traslado do corpo do sumo pastor João Paulo Segundo para a basílica vaticana). O ritual da cerimônia está descrito em um livro de 47 páginas que inclui cânticos, suas partituras e ladainhas.

AP
Cardeais prestam homenagem ao papa João Paulo 2º, na capela Clementina
A Folha Online foi um dos 26 veículos do mundo que pôde acompanhar com exclusividade a cerimônia. A escolha dos jornalistas foi feita por sorteio.

Antes mesmo das 17h17, quando teve início o rito solene, um coral de tenores e barítonos entoava emocionado cânticos sacros em latim seguindo o som do órgão de tubo que vibrava no interior da basílica ainda sombria. Abriram-se as pesadas folhas de bronze da porta Filarete, a principal da catedral, e começaram a entrar religiosos de todo o mundo, preenchendo cada uma das cadeiras, do fundo para a frente, fileira a fileira. A basílica exalava incenso, cheirando a mirra.

Seguindo a hierarquia da igreja, entraram primeiro os padres, que se acomodaram nos últimos lugares, seguidos por bispos, arcebispos e cardeais, esses sentando-se nas cadeiras mais próximas do altar. Funcionários do Vaticano vestidos de preto começaram a se movimentar nervosos, antecipando a chegada do corpo.

Alastair Grant/AP
Corpo do papa João Paulo 2º é levado para a basílica de São Pedro, no Vaticano
Às 17h30 (12h30 em Brasília), adentra o cortejo que conduzia o pontífice, carregado por seus auxiliares mais próximos, vestindo fraque preto. Vinham ladeados por membros da Guarda Suíça, com seus tradicionais trajes em vermelho, amarelo e azul, carregando lanças e portando chapéus com pluma carmim.

O primeiro grupo era formado por três religiosos --um deles carregando um turíbulo, que despejava mais fumaça de incenso. Nesse momento, o coro de vozes masculinas começou a entoar o "Supplicatio ad Deum" (Súplica a Deus) em um crescendo que ressaltava os timbres mais graves.

Lentamente João Paulo 2º foi carregado até o final da nave principal e depositado sobre a laje de mármore em que ficará exposto até quinta-feira à noite, à frente do altar papal. Cerradas as portas da basílica, inicia-se a cerimônia com corpo presente.

Os cânticos em latim, naquele momento resumidos a frases com entre cinco e sete sílabas acompanhados pela música em lá menor, passaram a ser respondidos em uníssono "Ora Pro Eo" (Rogai por ele) pelos religiosos que, com suas vestes, formavam um mar branco e vermelho no interior da catedral.

O camerlengo, líder interino do Vaticano, aproximou-se dos pés do papa, benzeu seu corpo e orou por ele uma oração inaudível, mesmo diante do silêncio absoluto que tomou conta da igreja. Só se podia ouvir ao longe o coro dos milhares de fiéis que, do lado de fora, batiam palma e gritavam "Giovanni Paolo".

AP
O cardeal Eduardo Martinez Somalo, camerlengo do Vaticano, incensa o papa durante cerimônia reservada
Ao final, o cardeal dirigiu-se para beijar a parte frontal do altar papal enquanto acendiam-se centenas de luzes brancas, iluminando lentamente a enorme cúpula da basílica até atingirem sua potência máxima. Ao refrão de "Supplicatio pro Variis Necessitatibum" (Súplica para as diversas necessidades), os religiosos sempre respondiam "Te rogamus, audi nos" (Rogamos-te, ouça-nos).

Auxiliares que acompanharam o cortejo do corpo levaram duas velas para juntar-se às seis que já brilhavam ao redor do corpo de João Paulo 2º. Outra vela com mais de um metro, estava sobre um enorme pedestal ao lado direito da cabeça do pontífice.

Às 17h55, encerrou-se o rito, e os jornalistas foram conduzidos para fora da basílica, que então se preparava para receber os fiés em fila desde a Via della Conciliazione, que conduz à praça São Pedro.

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