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28/08/2005 - 07h03

"Operação Cessar-Fogo" leva música a protestos contra a guerra

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SHIN OLIVA SUZUKI
da Folha Online

Assim como na década de 60, uma marcha antiguerra, como a marcada para 24 de setembro em Washington, não poderia abrir mão da música. Saem os hippies, entra a nova geração. Sob o nome de "Operation Cease-Fire" ["Operação Cessar-Fogo"], um festival pop dará apoio aos protestos contra a presença dos Estados Unidos no Iraque com bandas como a engajada Le Tigre e a lenda punk Jello Biafra.

A parte musical do evento está sendo organizada por Eric Hilton, metade da conceituada dupla eletrônica Thievery Corporation, também uma das atrações do "Operation Cease-Fire".

Em entrevista à Folha Online, por telefone, de Washington, Hilton contou que a previsão é de 50 mil pessoas para os shows de 24 de setembro, parte das manifestações que vão durar por mais dois dias e vão coincidir com encontros do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial na capital norte-americana. Ou seja, também não vão faltar na marcha os movimentos antiglobalização.

"Nós queremos chamar a atenção para o fato de que a maioria dos americanos querem que a guerra acabe e que as tropas voltem para casa", afirmou o músico, que pode ter sua fala respaldada em pesquisa publicada na última quarta-feira (24), do Instituto Harrys, em que a maior parte dos norte-americanos (59%) diz que o país está indo na direção errada, e que a guerra é o assunto que o governo deveria mais se preocupar (41%).

Uma outra figura importante que vai participar do festival é Wayne Kramer, do grupo MC5, que se apresentou no Brasil há algumas semanas. A banda foi uma das mais importantes vozes durante a efervescência política da década de 60 e protestou contra a ida dos soldados norte-americanos para lutar no Vietnã durante 1965-1972. Kramer irá tocar com os Bellrays, banda que tem clara influência musical do MC5 e uma cantora com estilo e potência vocal de Tina Turner.

Também participa Jello Biafra, ex-vocalista do grupo punk Dead Kennedys, que será o mestre-de-cerimônias do evento e provavelmente o mais forte orador contra a Guerra do Iraque do festival. O envolvimento de Biafra com a política é tão grande que ele concorreu à Prefeitura de San Francisco em 1979, ficando em quarto lugar entre dez candidatos.

"Eu me lembro de, quando garoto, ver os Dead Kennedys justamente no local que abrigará o "Operation Cease-Fire" [o National Monument de Washington, obelisco que é cartão-postal da cidade], e ficar impressionado com o discurso de Jello Biafra", diz Hilton.

Clima político

O músico do Thievery Corporation diz que o clima político nos EUA mudou se comparado há um ano e meio, quando o governo Bush obteve mais um mandato.

"Agora não nos sentimos tão marginalizados, no começo certamente era uma minoria que se posicionava contra a Guerra do Iraque, as pessoas estavam convencidas pela mídia que [o ex-ditador iraquiano] Saddam Hussein era uma ameaça para nós. Mas a mídia começou a informar o público sobre as mentiras e outras razões pelas quais estamos na guerra. Não é uma guerra, é uma ocupação. As pessoas estão cansadas disso."

Hilton afirma que o posicionamento do evento contra o republicano Bush não significa um apoio aos democratas. "Parte do problema nesse país é que nós temos dois partidos que são muito parecidos entre si e, é difícil dizer isso, nós não temos realmente uma opção. O tempo passa e os dois partidos se parecem cada vez mais", diz.

Quanto às comparações entre as manifestações programadas e o clima dos anos 60 --dos EUA mergulhados na Guerra do Vietnã--, Hilton aponta duas diferenças básicas: "A primeira é que atualmente não há o alistamento obrigatório para a população americana, então é muito fácil para todos dizerem "nós apoiamos as tropas". Quem está indo para a guerra é a população pobre, que segue carreira no Exército, e se há uma guerra deve haver recrutamento obrigatório, para ao menos ser um processo igualitário".

"A outra é que as coisas no Iraque são terríveis, mas no Vietnã era ainda pior, com um grande número de mortos, então a atual guerra sensibiliza menos. Não há grandes movimentos pela paz, digo, as pessoas querem paz, mas elas não estão ainda se movimentando, pelo menos ainda não", declara Hilton.

Ainda se apresentarão no "Operation Cease-Fire" artistas de country, hip hop e punk como Le Tigre, Ted Leo and the Pharmacists, Steve Earle e Head-Roc War Machine, The Coup, Bouncing Souls e MacheTres.

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