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05/02/2006 - 08h05

Nepal realiza eleições em meio a boicotes e violência

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DANIELA LORETO
da Folha Online

O Nepal realiza eleições municipais nesta quarta-feira (8) para escolher representantes de 58 cidades, em um processo boicotado pelos partidos de oposição, rejeitado pelos nepaleses e cercado pela violência dos rebeldes.

Desde 1º de fevereiro de 2005, quando o rei Gyanendra, alegando motivos de segurança, dissolveu o governo, declarou estado de emergência, prendeu líderes de partidos e assumiu praticamente sozinho o poder, o país vive sob as tensões causadas pela pressão da população --que exige mais liberdade e democracia-- e da violência da guerrilha maoísta, que atua desde 1996.

As eleições locais são vistas pelo rei como uma preparação para as eleições gerais de abril de 2007, que diz querer levar o país a uma "democracia multipartidária".

No entanto, a principal aliança política do país --composta pelos sete principais partidos-- boicotou o processo porque o considera uma "farsa", já que Gyanendra detém o poder absoluto há um ano após o golpe de Estado. Candidatos se registraram para menos da metade das 4.146 vagas para os governos locais.

Embora afirme que deseja trazer democracia ao país, em seu discurso exibido pela TV em 1º de fevereiro--primeiro aniversário do golpe- Gyanendra deixou claro que continuará exercendo o poder absoluto, e não deu indícios de abrir um diálogo com a oposição que, assim como os rebeldes maoístas, exigem a formação de uma Assembléia Constituinte.

Violência

Além do boicote da maior aliança política, outra dificuldade enfrentada pelo rei são os ataques rebeldes [cada vez mais freqüentes], que ameaçam a teoria governista de que o país está mais "seguro".

Os rebeldes maoístas --que controlam grande parte do território do Nepal-- intensificaram seus ataques nas últimas semanas, depois de suspender uma trégua unilateral de quatro meses, no dia 2 de janeiro último. Eles ameaçam cometer atos violentos contra os que participarem da disputa eleitoral e são acusados de assassinar um dos candidatos e seqüestrar um segundo.

Na última quarta-feira (2), quando o golpe de estado completou um ano, a guerilha admitiu ter assassinado 45 agentes das forças de segurança e seqüestrado outras 25 pessoas, entre elas policiais, soldados e administradores locais.

Protestos

Gyanendra também passou a adotar medidas como toques-de-recolher e cortes freqüentes do sistema de comunicações para desarticular manifestações contra seu governo e contra as eleições.

O controle da comunicação é também uma tentativa de deter os rebeldes maoístas e de prejudicar o diálogo entre os partidos políticos.

Sob o pretexto de combater a guerrilha maoísta, a censura à imprensa também foi instituída no país. Há restrições às notícias e prisões de jornalistas, líderes políticos e estudantis são freqüentes.

Golpe

Durante um longo período de sua história, o Nepal foi comandado por governos absolutos. Em 1990, o país se tornou uma monarquia constitucional. No entanto, desde 1996, há intensa ação da guerrilha maoísta, que tenta derrubar a monarquia para instituir um regime socialista.

Em junho de 2001, o príncipe Dipendra promoveu um massacre no palácio real, matou seus pais e primos e tentou se matar em seguida. Mesmo internado e em estado de coma, ele foi proclamado rei. Em 4 de junho, após sua morte, seu tio Gyanendra assumiu o trono.

Em outubro de 2002, o novo rei demite o primeiro-ministro e seu gabinete por "incompetência", depois de eles terem dissolvido o Parlamento e não conseguiram realizar eleições devido à insurgência.

Em junho de 2004, Gyanendra reinstala o primeiro-ministro, que forma um governo de coalizão com outros quatro partidos.

Em 1º de fevereiro de 2005, dizendo-se "insatisfeito" e "preocupado com a segurança" do Nepal, Gyanendra dissolve o governo e assume a chefia do governo.

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