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16/02/2006 - 16h16

Haitianos comemoram vitória de Préval; derrotado contesta decisão

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da Folha Online

Os haitianos saíram às ruas de Porto Príncipe nesta quinta-feira para comemorar a vitória de René Préval nas eleições presidenciais do último dia 7, enquanto o segundo colocado na apuração, o candidato Leslie Manigat, contestou o resultado das urnas em meio a denúncias de fraude no processo eleitoral.

Préval, 63, um ex-aliado do presidente deposto Jean-Bertrand Aristide, foi declarado vitorioso pela Comissão Eleitoral Provisória (CEP) por meio um acordo que desconsiderou os votos em branco no cômputo final. Com a mudança nas regras anunciada nesta madrugada em um comunicado divulgado na rádio haitiana, o candidato do partido Lespwa foi declarado vitorioso com 51,15% dos votos.

Reuters
René Préval, declarado presidente do Haiti
Manigat, 75, denunciou que Préval impôs sua vitória e criticou a comunidade internacional pela postura adotada na apuração dos votos. O candidato classificou a decisão que declarou Préval presidente eleito como "a imposição de uma vitória".

"A violência foi recompensada", ressaltou após saber que as autoridades eleitorais modificaram a forma de contabilizar os votos em branco.

Manigat ressaltou que a possibilidade de enfrentar Préval em um segundo turno foi roubada dele. "Damos boa sorte ao país", acrescentou.

"Nós não estamos sendo perdedores inconformados, mas nós somos seres humanos", declarou Manigat, que não disse se fará uma queixa formal pelo resultado. "O direito a um segundo turno nas eleições consta nas regras eleitorais", reclamou.

Euforia

Milhares de pessoas começaram a se concentrar diante do Palácio Presidencial em Porto Príncipe para comemorar a proclamação de René Préval como presidente eleito do Haiti após sua vitória nas eleições.

Multidões vindas dos bairros mais populares da capital haitiana chegaram pacificamente à sede da Presidência exibindo cartazes com o rosto de Préval e cantando.

Em breve comunicado transmitido por rádio e televisão, o CEP declarou o líder do partido Lespwa vencedor das eleições com 51,15% dos votos, depois de apurar e validar 96% das cédulas.

A aclamação de Préval foi aprovada por oito dos nove membros do CEP, através de um acordo com o primeiro-ministro interino, Gérard Latortue, informaram fontes governamentais.

O acordo determinou que os votos em branco fossem distribuídos proporcionalmente entre todos os candidatos presidenciais para garantir a maioria absoluta para Préval, que já foi primeiro-ministro e presidente do país.

No entanto, a lei eleitoral haitiana obriga que os votos em branco sejam considerados uma opção de voto.

Em meio a uma série de denúncias de fraude e protestos populares, a validação dos votos apurados foi paralisada na segunda-feira (13) em 90,02%, com 48,76% da preferência para Préval.

Com o resultado parcial, em segundo lugar aparecia o ex-presidente Leslie Manigat, com 11,83% dos votos, seguido pelo independente Charles Baker, com 7,93%.

A proposta de declarar Préval como eleito, sugerida pelo governo brasileiro, aconteceu em meio à onda de violência que tomou o país depois que o candidato favorito condenou a "fraude massiva" do pleito de 7 de fevereiro. Milhares de partidários de Préval foram às ruas exigindo que sua vitória fosse declarada no primeiro turno.

A exclusão das 85 mil cédulas em branco --que eram suspeitas de terem sido fraudadas-- aumentou a porcentagem de votos de Préval para 51,15%, acima do número necessário para evitar um segundo turno em 19 de março.

Embora votos em branco possam ser uma maneira de protesto do eleitor, poucos haitianos acreditam que um número tão grande de pessoas tenham optado por não registrar seu voto nas primeiras eleições no país desde a deposição de Aristide. Por isso, as urnas com votos em branco se tornaram suspeitas.

Oposição

Em 7 de fevereiro, ocorreram no Haiti eleições presidenciais e legislativas para as quais se apresentaram 35 candidatos à Presidência, 1.300 para disputar 30 cadeiras no Senado e 99 na Câmara dos Deputados.

As eleições foram convocadas pelo governo provisório instalado depois que uma revolta popular levou, em fevereiro de 2004, o então presidente Jean Bertrand Aristide a sair do poder e do país e se exilar na África do Sul.

Préval --que conta com a oposição da elite haitiana que ajudou na deposição de Aristide, mas é apoiado pelas populações mais pobres do país-- deve assumir a Presidência em 29 de março.

Com agências internacionais

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