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17/07/2006 - 18h35

Grupo de brasileiros deixa o Líbano; Hizbollah recusa cessar-fogo

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da Folha Online

Israel intensificou nesta segunda-feira seus ataques ao Líbano, causando mais vítimas e danos à infra-estrutura do país. Com medo, vários turistas e estrangeiros que vivem no Líbano estão deixando o país. Hoje quatro ônibus transportando mais de cem brasileiros que estavam retidos no Líbano desde quarta-feira (12), quando os bombardeios de Israel tiveram início, deixaram Beirute, segundo o Itamaraty.

O grupo terrorista libanês Hizbollah rejeitou nesta segunda-feira uma proposta internacional de cessar-fogo apresentada por enviados estrangeiros, alegando que a trégua apresentava "condições israelenses".

AP
Míssil lançado por Israel atinge região residencial de Kfarshima, perto de Beirute
"Os enviados internacionais transmitiram as condições israelenses. Essas condições foram recusadas", afirmou Hussein Haj Hassan, parlamentar do Hizbollah. "Nós aceitamos o que garanta os interesses e a dignidade de nosso país e não nos submeta a condições israelenses", declarou ele à rede de TV árabe Al Jazira.

Hassan fez as declarações depois de discussões com enviados da ONU (Organização das Nações Unidas) e da União Européia (UE) com o governo do Líbano para pôr fim à escalada entre as tropas israelenses e o Hizbollah.

Israel exigiu que o grupo liberte dois soldados israelenses seqüestrados e se afaste da fronteira, como condições para um cessar-fogo.

A televisão Al Manar, do Hizbollah, acusou os enviados de ir ao Líbano com um "claro objetivo de dar mais tempo para a aviação inimiga promover mais destruição e devastação, até que alguém possa erguer a bandeira da rendição". O Hizbollah defendeu um cessar-fogo incondicional.

Autoridades libanesas informaram que cerca de 200 pessoas foram mortas no Líbano nos seis dias de combate. As últimas vítimas registradas --nove civis, incluindo duas crianças-- morreram nesta tarde (hora local) em um ataque aéreo perto de uma ponte na cidade de Sidon (sul). Ao menos 20 israelenses foram mortos até agora.

Os feridos somam 600, cerca de 300 em cada país. O casal de libaneses naturalizado brasileiro Akil Merhei, 34, e Ahlam Jabir, 28, e seus dois filhos nascidos no Brasil-- um menino de oito anos e uma menina de quatro-- estão entre os mortos dos ataques israelenses.

Avião brasileiro

De acordo com o Itamaraty, 122 pessoas [entre elas argentinos e libaneses] deixaram Beirute às 6h no horário local (0h de Brasília) e devem chegar a Adana, na Turquia, nas próximas horas. Anteriormente, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil havia divulgado uma estimativa de que 147 pessoas teriam deixado o Líbano nos ônibus, mas a informação foi retificada posteriormente.

AP
Equipes buscam vítimas após prédio residencial em Haifa ser atingido por foguete do Hizbollah
O grupo deve embarcar em um Boeing 707 da FAB (Força Aérea Brasileira) em Adana às 21h15 (horário de Brasília) e seguirá para o Brasil. O Itamaraty não informou em que cidade os passageiros desembarcarão.

Segundo a assessoria do ministério, a maior parte dos passageiros era de turistas em férias. Parte dos brasileiros permanecerá na Síria, esperando que a situação se acalme.

Além do Brasil, EUA e vários países da Europa se mobilizam para agilizar a retirada de seus cidadãos do Líbano.

Nova ofensiva

O braço armado do grupo terrorista libanês Hizbollah lançou novos foguetes contra a cidade israelense de Haifa, informou na noite desta segunda-feira Al Manar, o canal de televisão do partido libanês.

Anteriormente, uma fonte militar israelense indicou que as sirenes estavam soando em Haifa, a terceira maior cidade de Israel.

Um foguete lançado pelo grupo Hizbollah caiu perto de um hospital na cidade de Safed, no norte de Israel, nesta segunda-feira, ferindo ao menos seis pessoas, informaram fontes médicas.

O Exército israelense afirmou que a explosão lançou estilhaços nos prédios nas imediações do hospital, incluindo em uma sinagoga. Médicos registraram duas pessoas feridas dentro do hospital e outras quatro do lado de fora do prédio em razão do ataque, todos feridos levemente.

O Hizbollah lançou cerca de 500 foguetes no território israelense nos últimos seis dias, tendo como alvos cidades na região norte do país. Ao menos 12 civis de Israel foram mortos e centenas de pessoas ficaram feridas na escalada.

Um ataque aéreo israelense no Líbano destruiu ao menos um míssil de fabricação iraniana de longo alcance capaz de atingir a cidade de Tel Aviv nesta segunda-feira, de acordo com autoridades militares de Israel citadas pela agência Associated Press.

As fontes, que prestaram as informações sob a condição de anonimato, afirmaram que um avião de Israel destruiu o míssil --que teria capacidade de 120 km, segundo Israel, e de 200 km, de acordo com a mídia iraniana.

As autoridades israelenses afirmaram que emissoras de televisão libanesas mostraram as imagens do incidente descrevendo incorretamente o míssil destruído como um avião de Israel que havia sido derrubado.

Durante os seis dias de combate, membros do Hizbollah lançaram foguetes com alcance de aproximadamente 40 km dentro do território de Israel.

Só nesta segunda-feira, ações militares de Israel mataram cerca de 40 pessoas em 60 ataques. Dez civis morreram e sete se feriram quando aviões israelenses bombardearam um veículo que se locomovia pelo sul do Líbano. Nove dos dez mortos estavam em um veículo que cruzava a ponte Rmeileh.

Em outro ataque, outras sete pessoas da mesma família [entre elas uma mulher] morreram quando o carro em que viajavam foi atingido por mísseis israelenses, na mesma ponte.

Outros nove corpos de civis libaneses foram amontoados nesta segunda-feira em frente ao prédio em que estavam quando bombas lançadas por aviões de Israel atingiram o local, na cidade de Tiro. Segundo informações do jornal israelense "Haaretz", as nove pessoas eram da mesma família --seis delas crianças.

Israel destruiu dois postos militares na costa norte do Líbano, matando ao menos seis soldados libaneses. Casas pertencentes ao Hizbollah foram danificadas ao leste do país, matando 11 pessoas.

Segundo um porta-voz do Exército israelense, o Hizbollah lançou cerca de 20 foguetes durante a madrugada desta segunda-feira. Mais de cem foguetes atravessaram a fronteira de Israel nas últimas 24 horas.

Várias cidades libanesas já enfrentam problemas de falta de luz e água. De acordo com informações de autoridades, os hospitais estão lotados e não param de receber novas vítimas.

Proposta

Israel rejeitou uma proposta de formação de uma força internacional [feita pelo premiê britânico, Tony Blair, e pelo líder da ONU, Kofi Annan, durante o G8] para ajudar a pôr fim ao pior confronto na fronteira israelo-libanesa em mais de 20 anos.

Segundo Blair, uma força internacional seria "essencial" para fazer com que o Hizbollah suspenda os ataques com foguetes e para que Israel interrompa as ofensivas que já destruíram grande parte da infra-estrutura do sul do Líbano.

Annan pediu que ambas as partes concentrem os ataques contra alvos militares e poupem os civis. Segundo Blair, o Reino Unido estuda a possibilidade de retirar seus cidadãos do país.

No entanto, Israel afirmou que é "cedo" para formar uma força internacional. "Temos que garantir que o Hizbollah não se posicione em nossa fronteira", disse a porta-voz Miri Eisin.

Segundo ela, não há previsão para que os ataques sejam suspensos. De acordo com a rádio militar, Israel planeja estabelecer uma zona de segurança de 1,5 km em sua fronteira.

O Líbano fez um pedido de cessar-fogo a Israel, mas o país afirmou que a campanha só terá fim quando os dois soldados seqüestrados pelo Hizbollah forem libertados e quando os ataques com foguetes contra territórios israelenses tiverem fim.

Fuga em massa

Vários países continuam a realizar esforços para retirar seus cidadãos do Líbano. Ontem oito canadenses morreram e seis ficaram feridos durante bombardeios israelenses no sul do Líbano, assustando ainda mais os estrangeiros.

Um helicóptero dos EUA deveria remover cidadãos americanos de Beirute nesta segunda-feira, segundo o Departamento de Estado. Segundo autoridades, a previsão é que cerca de 15% dos 25 mil americanos no Líbano devem ser retirados nos próximos dias.

Um ônibus cheio de turistas alemães deixou um hotel de Beirute hoje, para tentar deixar o país por meio da fronteira com a Síria.

Um helicóptero britânico com 40 pessoas a bordo deixou o Líbano nesta segunda-feira a caminho de Chipre, segundo o porta-voz George Stylianou, da Embaixada britânica.

Neste domingo, a França enviou uma balsa de Chipre ao Líbano para auxiliar na retirada de seus cidadãos e de outros europeus. A embarcação tem capacidade para transportar 1.300 pessoas e deveria começar os trabalhos hoje, segundo a Embaixada francesa em Beirute.

Uma embarcação italiana também deveria chegar ao porto de Larnaca, em Chipre, nesta segunda-feira, levando turistas de Beirute.

Com agências internacionais

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