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  19 de agosto
  Novos tempos na ESG
  Depois de muitos anos, voltei à ESG (Escola Superior de Guerra) para cobrir, como repórter, uma palestra do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga. Para os que não conhecem a ESG, trata-se de um centro de formação do Exército, que tam­ bém admite civis em seus cursos. Funciona no aprazível bairro da Urca, no Rio de Janeiro, dentro do Forte São João.
Me surpreendi com os militares, que eram maioria na turma. A ESG não admite que jornalistas acompanhem a fase de debates, mas fez uma exceção naquele debate, autorizada pelo ministro.
Depois de ouvirem uma exposição burocrática do ministro sobre metas, investimentos e previsões dos Correios, das empresas de telefonia e da radiodifusão, eles botaram lenha na fogueira com perguntas inesperadas para um ambiente militar e mostraram estar muito bem informados e com visão crítica do assunto.
A primeira pergunta já colocou o ministro contra a parede. Um coronel perguntou se era verdade que as empresas que compraram as telefônicas estatais no leilão de privatização da Telebrás estão descontando o ágio do Imposto de Renda. O ministro teve que admitir que é verdade, mas não aprofundou muito o assunto.
O fato é que o governo fez grande propaganda dos bilhões de dólares que recebeu de ágio no leilão da Telebrás, mas não contou que tudo seria restituído aos compradores, sob a forma de redução do Imposto de renda. Mais de US$ 7 bilhões (incluindo teles e empresas de energia elétricas privatizadas) retornarão aos bolsos dos compradores. No caso das teles, a devolução se fará entre cinco e dez anos. No caso das elétricas, pode chegar a 30 anos.
Um outro militar comentou que os Estados Unidos querem barrar a entrada de companhias telefônicas estatais européias e perguntou se o Brasil cogita fazer o mesmo. "Os EUA pregam absoluta liberdade de mercado para os outros, mas protegem seu território. Não devemos criticá-los, mas adotar política semelhante’’, respondeu Pimenta da Veiga.
Ele nega, mas quem acompanhou a privatização da Telebrás interpreta a declaração como uma autocrítica do governo. O monopólio estatal deu lugar a um rápido processo de desna­ cionalização, que tende a se acelerar ainda mais a partir de 2.002, quando estarão liberados as fusões e incorporações entre empresas do setor.
Um outro coronel foi mais além e cobrou do ministro o motivo da manutenção das tarifas altas do serviço telefônico e da invasão de executivos estrangeiros no país. Pimenta da Veiga quase perdeu as estribeiras diante da pergunta e disse que o preço de instalação da linha caiu de R$ 1.117,63 para R$ 50,00 na maior parte dos Estados.
É verdade que o preço da linha caiu, mas o coronel tem razão ao queixar-se das tarifas altas. Pode ter ficado mais barato comprar o telefone, mas tornou-se muito caro usá-lo. Quem vive de salário ou de soldo, não se deixa convencer por discurso.


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