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Uma guerra ao narcotráfico e à guerrilha será desencadeada em breve no sul da Colômbia, na região do rio Putumaio, a cerca de mil quilômetros da fronteira com o Brasil.
Esta região é responsável hoje por metade da cocaína produzida no país vizinho. São 50 mil hectares de plantio e nada menos do que 13 mil famílias camponesas envolvidas no cultivo da droga.
Para colocar mais combustível no caldeirão, existem, naquela área, cerca de 1.800 guerrilheiros e pelo menos dois grupos de paramilitares.
Pelas informações que chegaram até agora à Polícia Federal, o governo colombiano mobilizará para aquela área perto de quatro mil homens, que receberam treinamento militar do Comando Sul dos Estados Unidos.
A Polícia Federal a quem cabe, constitucionalmente, a tarefa de reprimir o narcotráfico teme que o sul da Colômbia possa se transformar em um novo Vietnã. Que reflexos um conflito desta natureza poderá ter no Brasil?
O governo não acredita que o conflito possa ser estendido ao território brasileiro, mas isto não significa que não sofreremos os efeitos de um confronto prolongado tão próximo de nossa fronteira.
O plano de ação da Polícia Federal prevê dez tipos de impacto sobre a região amazônica, entre eles, a imigração clandestina e desordenada na faixa de fronteira e confrontos com a população indígena.
O rio Putumaio entra no território brasileiro, onde recebe o nome de rio Içá, o qual, por sua vez, deságua no Solimões.
Trata-se, como se sabe, de uma região de floresta densa, pouco habitada e sem estradas. As únicas possibilidades de acesso são por água ou pelo ar.
Estive na região do rio Içá no final do ano passado e me surpreendi ao encontrar, ali, uma seita chamada Ordem da Santa Cruz. Trata-se de um grupo religioso fanático, que fez seguidores entre os índios ticuna e os caboclos ribeirinhos.
As autoridades policiais com as quais conversei sobre o Plano Colômbia estão convencidas de que levas de camponeses colombianos fugirão para o Brasil depois que for deflagrado o confronto na região do Putumaio. Muito provavelmente, eles se juntarão aos imigrantes peruanos que já vivem clandestinamente no lado de cá da fronteira.
Para os que temem a transposição dos plantios de coca da Colômbia para o Brasil, reproduzo uma avaliação tranquilizadora da Polícia Federal. Segundo ela, o plantio de coca não é economicamente viável no Amazonas. Há uma espécie de coca que cresce na floresta brasileira, que se chama epadu e é o consumida pelos índios em seus rituais.
Seriam necessárias 4 toneladas de folhas de epadu para a produção de l kg de cocaína pura, enquanto a espécie plantada nas regiões altas da Colômbia, Peru e Bolívia dão o mesmo resultado com 320 Kg de folhas. Ainda bem que temos baixa produtividade nesta área.
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