As
bolsas nos Estados Unidos vivem mais um momento de turbulência.
Despencam com as notícias de que os resultados de importantes
empresas norte-americanas ficarão abaixo do esperado. Investimentos
estão em queda. Já se fala em recessão em alguns
setores da economia. Mas há indicadores contraditórios
sobre o desempenho futuro da produção lá no
Norte.
Existe
só um consenso: a principal economia do planeta está
reduzindo seu ritmo de crescimento, após os seguidos anos
de euforia financeira da era Clinton. O vigor dos EUA nos anos 90
superou até o da época da Guerra do Vietnã.
Está fundamentado na especulação financeira
desenfreada, nos papéis da chamada nova economia.
Depois
de solavancos em 97 e 98, agora essa pujança toda parece
desmoronar, ou perder muito o seu brilho. A locomotiva está
freando.
Espere.
Essa imagem não é boa. Transmite a idéia de
que existe uma máquina poderosa puxando o conjunto de vagões
_os outros países. Não é isso que acontece.
Muito
da exuberância nos Estados Unidos advém da relação
de poder _econômico, político, cultural_ que Washington
impõe aos demais países. Com essa força, os
EUA financiam seus gastos e conseguem vantagens nas trocas comerciais.
Os outros "vagões" (países) ajudam _e até
explicam_ o excelente resultado da máquina maior. Não
é por outra razão que a tão glorificada "globalização"
só amplia a concentração de riqueza no mundo.
É
claro que uma turbulência maior lá provocará
estragos por aqui. Ainda mais que o Brasil está mergulhado
num modelo que multiplica a vulnerabilidade do país em relação
ao exterior.
Há
um clima estranho no ar. Fim de ano e de milênio com muitas
interrogações. Quase lembra a virada para o nosso
século. Naqueles tempos, as revoluções tecnológicas
também armavam instabilidades financeiras. Os antigos impérios
coloniais estavam em crise _econômica e até "existencial".
Outros estavam em expansão, em disputa. Vieram guerras e
a crise de 29.
Hoje,
o mundo ocidental tem apenas um império. Mas ele está
cercado pela incerteza. Muita incerteza.
Só
é possivel fazer votos de bom 2001.
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