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Outro dia, achei que alguma rádio pirata tinha invadido a sintonia da Gazeta FM. É que de repente, sem mais nem menos, estava ouvindo "Imagine", de John Lennon. Que estranho! A emissora de tendência popular toca samba, pagode e sertanejo o dia inteiro. Fui lá falar com o Beto Rivera, superintendente das Gazetas (FM e AM). E eu não estava ouvindo coisas. Com a estação consolidada entre as 5 primeiras há anos, Rivera não tem medo de arriscar e, às vezes, inclui clássicos no play-list. Achei que era uma veiculação pra lá de esporádica, mas novamente me enganei. A canção, um verdadeiro hino, é repetida 2, 3 vezes ao dia. Louis Armstrong e Roberto Carlos foram outros que figuraram em programas do tipo "Máquina do Tempo" ou "Disco de Ouro" e acabaram remetidos para a programação do dia-a-dia. Boa! Quem não gosta de recordar um grande sucesso?
E por falar em pirataria, Rivera adianta o procedimento que está
tomando para driblar a interferência e resgatar maior audiência.
Daqui a 3 meses, inaugura o novo transmissor que dobrará a potência.
Hoje a Gazeta opera em 200 kilowatts de antena, portanto passará
a 400. Com isso, resolve outro problema: a transmissão para a zona
norte, prejudicada por conta da serra. A nova estrutura da torre
pode alterar significativamente os números. Quer um exemplo? Na
zona norte, a Cidade FM atinge 1,76 enquanto a Gazeta apenas 0,36.
Em segundo lugar na zona sul e ABC, a meta é alcançar os ouvintes
de todos os cantos.
Apesar da forte campanha que em breve anunciará a novidade, Rivera ressalta que será difícil entrar de cara na zona leste, domínio da Transcontinental. A emissora, segmentada em pagode, soma 22,2% do universo de rádio. Muito por causa de sua localização. Em Mogi das Cruzes, a Transcontinental é lider e pega muito bem em toda a região leste, concentrando quase um quarto dos ouvintes.
Ao tocar no assunto, confabulamos acerca do pagode. Rivera acha que o estilo continua emplacando e não está em decadência nem mesmo com o último resultado do Ibope, repassando a Transcontinental de primeira para terceira posição no ranking. Muito pelo contrário, segundo ele, o pop é que está em baixa. "O pop? Um abraço!", enfatiza. Se pensarmos em termos de audiência, o fato das 7 primeiras rádios serem exclusivamente nacionais, está confirmado. Só a partir do oitavo posto é que a música internacional começa a vislumbrar com as emissoras dirigidas aos jovens (89, seguida da Jovem Pan e Mix).
Quanto ao avanço das rádios na Internet, Rivera é categórico: "computador
entrou na casa de 4 a 5% da população. E meu público é 70% classe
C, D e E". Está antenado com os tempos modernos, mas prefere continuar
dando suas arriscadas com os velhos hits de todos os tempos. Aumenta
o volume no máximo que sua máquina comporta e cantarola com os Beatles.
Deve estar escolhendo o próximo clássico que pretende incluir no
meio dos sambões. Yes! Continue assim, ao menos tenta criar gosto
sofisticado no seu cativo público.
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