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Diego
Medina
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Simples
e claro: a seleção de Antonio Carlos Barbosa, medalha
de bronze em Sydney, não mostrou nada de mais.
Sua jogadora de referência esteve longe de brilhar. Janeth
foi a cestinha da competição, mas na verdade disputou
uma Olimpíada irregular. Basta lembrar que, carregada de
faltas, pouco atuou na única exibição convincente
das brasileiras, a vitória sobre a Rússia nas quartas-de-final.
O time entrou e saiu da Austrália com uma pendência:
a definição das armadoras titulares. Testaram-se todas
as combinações entre Claudinha, Helen e Adriana. Nenhuma
convenceu.
Talvez por conta desse vaivém na armação, o
ataque jamais mostrou inspiração e pontaria. O aproveitamento
parou em 44,5% nos arremessos de quadra _nada animador. E não
passou de 29,2% nos tiros de três pontos _bastante desanimador.
Na marcação, a equipe também não sobressaiu.
Sofreu 65,9 pontos por jogo, a sexta defesa mais vazada entre as
12 participantes.
Aliás, escolha qualquer fundamento. O Brasil não se
destacou em nenhum. Assistências? Ficou em quinto (12,5).
Rebotes? Em quarto (32). Desarmes? Em oitavo (5,4). Tocos? Em nono
(1,9). Bolas perdidas? Em quinto (13,8).
Como um time tão mediano (ou medíocre) pôde
ter chegado ao pódio?, você pode perguntar.
É que um torneio rápido e competitivo como o da Olimpíada
não deixa mesmo alternativas para uma equipe de nível
técnico modesto. Não há tempo para testes.
Não há perdão para os erros.
O time pode apostar alto, no risco. Com muita velocidade, criatividade
e arremessos de longa distância, tentar pegar o adversário
desprevenido, no contrapé.
Ou pode apostar pingado. Deixar a partida fluir naturalmente,
evitando as falhas e explorando as oportunidades que o adversário
oferecer.
Este foi o caminho que o Brasil adotou em Sydney.
O técnico Barbosa teve a modéstia de não blefar,
de jogar no seguro, de implantar a tática da simplicidade.
E Janeth, Claudinha, Adriana, Helen, Marta, Cíntia Tuiú
e Alessandra, a competência para executá-la.
A craque do time não resolve a parada? Divida o ônus
do ataque.
As armadoras estão pouco inspiradas na transição?
Pise no freio e faça a bola rodar.
Os tiros de longe não caem? Arremesse de perto. Ou recupere
a bola e chute de novo.
As infiltrações não resultam em cestas? Busque
cavar faltas e acumular pontos em lances livres.
Lembre-se, o Brasil classificou-se à semifinal com um arremesso
debaixo da tabela _e não com um tiro de longe ou um drive
de improviso.
E passou pelas sul-coreanas no duelo pelo terceiro lugar porque
carregou as adversárias de faltas e pôde construir
seu placar na prorrogação com lances livres.
Enfim, o Brasil teve sucesso porque valorizou a posse de bola, pegou
rebotes ofensivos (foi o melhor nesse quesito) e chutou lances livres
(o segundo nesse ranking).
É um jogo tedioso, que mexe com porcentagens baixas de emoção
(erro) e altas de bocejo (acerto). Mas, na Austrália, o sem-graça
virou com-medalha. Para o basquete do Brasil, tão combalido,
basta. E sobra.
NOTAS
0%
Na próxima terça-feira, uma análise sobre
o desempenho da seleção dos EUA na Olimpíada.
Prometo fugir do lugar-comum _ ganhou, mas não encantou,
Time dos Sonhos é só o original, são
um bando de arrogantes...
50%
Depois da rateada na semana passada, a versão eletrônica
(e turbinada) desta coluna retorna à normalidade. Agradeço
aos leitores que entenderam o estresse (coisa
de babaca, nas palavras do técnico Barbosa) e a brincadeira
que pendurei no site.
100%
Os destaques da Olimpíada na minha opinião foram
Yolanda Griffith (EUA) e Sarunas Jasikevicius (Lituânia).
1000%
Mas o melhor de Sydney foi uma enterrada do norte-americano Vince
Carter contra a França. O cidadão voou por cima
de Frederic Weis, como estivesse brincando de pular sela,
antes de cravar a bola. O pivô francês tem só
2,18 m.
E-mail:
melk@uol.com.br
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