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30/11/2004 - 02h56

Nordeste: Einstein poderia ser pernambucano

Estanislau de Freitas
free-lance para a Folha de S.Paulo

O Ceará e Pernambuco têm dois dos melhores cursos de graduação e pós em física do país. Centro de excelência em tecnologia, a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco, www.ufpe.br) mantém, em Recife, o único curso de pós-graduação em física, fora do Sul e do Sudeste, com nota máxima da Capes. A UFC (Universidade Federal do Ceará, www.ufc.br), em Fortaleza, tem conceito 6 —o máximo é 7— para sua pós em física, único também fora do Sudeste.

Para o Fernando Feitosa, vice-coordenador da pós-graduação em oceanografia da UFPE, parte da excelência dos cursos deve muito ao grupo de professores formado nessas universidades. "Há também interdisciplinaridade. A excelência dos alunos de física e engenharia ajuda até no nosso curso", afirma Feitosa. Nas áreas de biologia e oceanografia, os alunos também são beneficiados pela rica biodiversidade local e pelos recursos do centro de pesquisa na praia de Tamandaré (a 120 km ao sul de Recife), que a UFPE mantém em parceria com o Ibama.

Os cursos tecnológicos pernambucanos receberam mais um incentivo em 2000, com a criação do Porto Digital (www.portodigital.org.br), em Recife, um projeto de desenvolvimento econômico com investimentos públicos e privados que hoje reúne 68 instituições, entre empresas, prestadores de serviços e órgãos de incentivo a informática.

Na Paraíba, a pós-graduação em engenharia elétrica da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande, www.ufcg.edu.br), com conceito 6, só perde para a UFRJ, cujo curso tem nota máxima. Matemática, estatística e letras também têm nota 6, e engenharia agrícola, informática e meteorologia, conceito 5.

Vânia Sueli Guimarães Rocha, pró-reitora de graduação da UFCG, atribui o sucesso das engenharias e da computação ao esforço da universidade em se manter atualizada e ao incentivo e ao mercado de trabalho criados pela Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (www.paqtc.rpp.br). Criada na década de 1980, a fundação gerencia a Incubadora Tecnológica de Campina Grande, responsável pela incubação de empresas que desde então se instalaram na região.

Na UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, www.ufrn.br) as vedetes são a pós-graduação em bioecologia aquática e os cursos de aqüicultura (criação de animais e plantas aquáticas) e de engenharia têxtil. "Biologia marinha e aqüicultura estão em ampla expansão no Estado", acredita o pesquisador da Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte) Alexandre José Ferreira da Nóbrega, 44, formado em biologia marinha. Para ele, a criação de camarão —um dos principais itens de exportação do Estado— é o principal incentivador desse processo. Atualmente, Emparn e UFRN, com financiamento do governo federal, estão montando uma fazenda de pesquisa e criação de camarões em Extremoz (município vizinho ao norte de Natal).

O curso de engenharia têxtil é o único em todo o Norte e Nordeste e também o único entre as 52 Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) de todo o país. "São hoje 220 alunos, que são disputados também por empresas da Bahia e do Ceará", diz o chefe do Departamento de Engenharia Têxtil, Rasiah Ladchumananandasivam, 58, um indiano radicado no Brasil há duas décadas. Desde 1997, o departamento oferece um pioneiro curso de mestrado. Em 2002, foi criado lá, por iniciativa dos alunos, o núcleo de moda.

A UFBA (Universidade Federal da Bahia, www.ufba.br) oferece, na pós-graduação, um dos três únicos cursos do país em saúde coletiva —e com conceito 6 da Capes. Mas é nas artes que a universidade se destaca: criou a primeira escola superior de dança do país, em 1956, e hoje oferece também artes cênicas e música. As escolas de dança e de teatro têm a mesma representação universitária que medicina e direito, por exemplo, "o que significa mais recursos e melhores laboratórios", segundo a coordenadora do curso de dança, Dulce Aquino.

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