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23/06/2003 - 05h15

Barreirinhas brota vários olhos-d'água no deserto maranhense

VALMIR SANTOS
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Barreirinhas (MA)

Os chavões dos folhetos turísticos não abrem todas as portas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, mas uma boa dica de entrada é pelo município de Barreirinhas, que permite vislumbrar parte daquele deserto peculiar esculpido pela natureza.

Em meio à vastidão de dunas de areia branca, encontram-se lagoas e olhos-d'água formados pelas chuvas e com níveis estáveis durante todo o ano. Suas águas passeiam das tonalidades verde-claro ao azul mais intenso.

Com área de 1.550 metros quadrados, Barreirinhas abriga cinco lagoas dos Lençóis: a Azul, a Bonita, a dos Peixes, a da Lua e a da Esperança.

Um mergulho na lagoa Bonita, por exemplo, envolta em silencioso mundo branco, pode ser uma experiência mística ou espiritual, conforme a disposição do visitante, que não passará indiferente. É fechar os olhos e deixar a alma ir ao longe.

A alta temperatura local, que atinge facilmente a casa dos 40C, pede roupas leves (além dos trajes de banho), chapéu ou boné e, claro, protetor solar com fator dos mais elevados.

Há quem prefira passar a noite no deserto, e aqui a recomendação se inverte por causa do frio.

Para chegar a Barreirinhas, a 260 km de São Luís, um avião permitirá avistar as dunas e as lagoas. Pela estrada, porém, o passeio é precedido de uma aventura digna de trilha antes de alcançar a paisagem paradisíaca.

A partir de Barreirinhas, que lembra uma vila de pescadores, o único acesso é por uma estrada acidentada, entrecruzada pelo rio Preguiças e ladeada por uma vegetação irregular.

O trajeto de 22 km é percorrido a bordo de uma jardineira, como são chamadas as Toyotas com tração nas quatro rodas, devidamente adaptadas com bancos nas carroçarias abertas.

Os passageiros enfrentam solavancos, desviam de galhos e, em alguns momentos, têm seus pés alagados nos trechos do rio. É preciso ainda atravessar uma balsa durante alguns minutos.

"Nos pontos alagados, eu já sei onde a areia está mais fofa e procuro evitá-los para não atolar o carro", diz o motorista Valério Souza da Luz, 26.

Para ter idéia do isolamento, no início do ano um grupo de turistas de São Paulo (14 pessoas), com destino à lagoa Azul, teve o carro atolado na estrada, em pleno pôr-do-sol, e ainda por cima foi atacado por um enxame. O motorista correu 7 km para localizar um trator e rebocar o veículo.

Por conta da movimentação de turistas, sobretudo nos últimos três anos, já chega a 80 o número de jardineiras em Barreirinhas. O serviço gera emprego para jovens como Abel de Oliveira, 19, e Uziel Cantanhede Sarmento, 18, que ajudam Luz no transporte e também fazem as vezes de guia.

Oliveira conhece as cinco lagoas "como a palma da mão". Ele faz curso de inglês e de espanhol e revela consciência ecológica quando pede ao motorista que pare. Ele desce da jardineira e recolhe uma garrafa atirada na estrada. A Ecotrilhas (tel. 0/xx/98/349-0372) é uma das empresas que fazem o passeio e cobra R$ 35 por pessoa ou R$ 280 por grupo.

Antes de contemplar a lagoa Bonita, o visitante sobe um morro íngreme de cerca de 40 metros, já formado pela areia branca. No sopé, a barraca do casal Izeli, 26, e Eleonis Cabral Garcia, 28, é o único sinal do que se entende por civilização. Pode-se bebericar água-de-coco, comer castanha de caju ou até pratos como macarrão com galinha caipira.

A família fica reunida na barraca somente nos finais de semana. De segunda a sexta, dona Izeli permanece em Barreirinhas por conta da escola dos filhos. Em sua simplicidade, o casal e os filhos espelham o esforço de parte dos moradores que tenta melhorar as condições de vida depois que os Lençóis viraram até cenário de novela para atrair turistas.


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