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22/03/2004
-
02h58
Cantoria no ônibus, guerra de travesseiro, muita bagunça. Quem nunca se divertiu assim com os amigos quando era criança ou adolescente? Leika Ejiri, 16, e os colegas do Colégio Bandeirantes voltaram da Amazônia no ano passado entoando no avião, entre outras canções, a irritante "Um elefante incomoda muita gente..." Certamente a turma de Leika incomodou muita gente e até entendeu por que os companheiros de vôo se recusaram a fazer uma ola no fim da trajeto.
"O adolescente é barulhento por natureza e não tem noção do volume da sua voz", diz Paulo Marcos Ragnole Silva, dono da operadora Quíron, que sempre tenta manter os estudantes isolados dos outros hóspedes ao fazer a reserva de um hotel.
A solução adotada por alguns colégios para manter os alunos na linha é formular junto com eles as regras de convivência antes da viagem. E, segundo as escolas, o esquema dá certo. "Quando a gente combina junto, fica tudo mais fácil", comenta Cecília Lennan, do colégio Madre Alix. "Trata-se de um exercício de democracia." A orientadora direciona o debate a partir de sugestões feitas pelas próprias crianças, que nem sempre são acatadas. Segundo ela, muitos levantam a possibilidade de levar televisão ou bateria.
Também faz parte das leis da viagem ressarcir o hotel ou a empresa de ônibus quando se quebra algo. "Eu detecto na hora o responsável e vou com ele pedir desculpas para o proprietário", diz Cecília. Nem sempre alguma coisa se quebra por causa do mau comportamento de um aluno. Uma vez um gordinho quebrou uma cadeira de plástico numa viagem organizada pela Uggi, e o grupo fez uma vaquinha para pagá-la, lembra a proprietária da empresa, Ana Lucia Ugrinovich.
Decisão da escola
Seja qual for o problema relacionado a comportamento, as operadoras especializadas em viagens pedagógicas costumam deixar a decisão sobre o que fazer com o aluno indisciplinado a cargo da escola, pois os professores que acompanham os grupos conhecem os estudantes. Na opinião de Paulo César Ardison Oliveira, dono da Meeting Way, o apoio da escola é fundamental. "Já ouvi muito a frase "meu filho não mente", diz, referindo-se a alunos que não assumem seu mau comportamento para os pais.
"Disciplina e segurança estão intimamente ligadas", comenta Demian Topel, da Terra Nativa. Oliveira concorda. Para ele, quem põe em risco a sua vida ou a do colega tem que voltar para casa. Em viagens organizadas pela empresa, isso já aconteceu com um garoto prestes a jogar suco em pó na caixa-d'água de um acampamento e com outro que tirou o estrado da cama do amigo mantendo o colchão na posição normal, podendo machucá-lo.
Numa saída coordenada pela Chão Nosso, um estudante encheu a bagagem de fogos de artifício e foi suspenso pela escola. "Os fogos poderiam ter estourado e todo mundo podia ter morrido", lembra Thiago Vidigal Cavalcanti de Lacerda, um dos proprietários da empresa, espécie de braço pedagógico da operadora Biotrip.
Nem sempre o comportamento indisciplinar pode ter conseqüências tão graves. Certa vez o dono de um hotel de uma viagem organizada pela Quíron fechou o quarto de alguns estudantes por causa do caos existente lá dentro, segundo Silva, incluindo paredes imundas. "Os alunos pediram desculpas, arrumaram tudo e deixaram o quarto até melhor do que estava antes", lembra o proprietário da operadora.
Para resolver problemas de comportamento, não adianta medir forças com os alunos, na opinião de Oliveira, da Meeting Way. "O grande lance é conversar. A queda de braço não leva a nada."
Às vezes a própria forma como os monitores e os professores tratam os alunos influi no seu comportamento. Bruno Villamea Santos, 16, que viajou para as escolas do Objetivo de Angra dos Reis e de Manaus, diz que "o pessoal é tão legal que você fica com pena de bagunçar".
Professores e monitores ficam em vigília quase o tempo todo. Segundo as escolas e as operadoras, eles dormem depois dos alunos, levantam-se antes deles e mal têm tempo de comer.
Quando não existe algum professor da escola por perto, a coisa pode desandar. Como aconteceu há alguns anos numa viagem organizada pela Ambiental na qual se assistiu a um "recorde de jogar controles remotos na piscina do hotel", segundo um dos donos da operadora, Israel Waligora. "A gente nunca mais trabalha com essa escola."
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Quem apronta pode voltar para casa
da Folha de S.PauloCantoria no ônibus, guerra de travesseiro, muita bagunça. Quem nunca se divertiu assim com os amigos quando era criança ou adolescente? Leika Ejiri, 16, e os colegas do Colégio Bandeirantes voltaram da Amazônia no ano passado entoando no avião, entre outras canções, a irritante "Um elefante incomoda muita gente..." Certamente a turma de Leika incomodou muita gente e até entendeu por que os companheiros de vôo se recusaram a fazer uma ola no fim da trajeto.
"O adolescente é barulhento por natureza e não tem noção do volume da sua voz", diz Paulo Marcos Ragnole Silva, dono da operadora Quíron, que sempre tenta manter os estudantes isolados dos outros hóspedes ao fazer a reserva de um hotel.
A solução adotada por alguns colégios para manter os alunos na linha é formular junto com eles as regras de convivência antes da viagem. E, segundo as escolas, o esquema dá certo. "Quando a gente combina junto, fica tudo mais fácil", comenta Cecília Lennan, do colégio Madre Alix. "Trata-se de um exercício de democracia." A orientadora direciona o debate a partir de sugestões feitas pelas próprias crianças, que nem sempre são acatadas. Segundo ela, muitos levantam a possibilidade de levar televisão ou bateria.
Também faz parte das leis da viagem ressarcir o hotel ou a empresa de ônibus quando se quebra algo. "Eu detecto na hora o responsável e vou com ele pedir desculpas para o proprietário", diz Cecília. Nem sempre alguma coisa se quebra por causa do mau comportamento de um aluno. Uma vez um gordinho quebrou uma cadeira de plástico numa viagem organizada pela Uggi, e o grupo fez uma vaquinha para pagá-la, lembra a proprietária da empresa, Ana Lucia Ugrinovich.
Decisão da escola
Seja qual for o problema relacionado a comportamento, as operadoras especializadas em viagens pedagógicas costumam deixar a decisão sobre o que fazer com o aluno indisciplinado a cargo da escola, pois os professores que acompanham os grupos conhecem os estudantes. Na opinião de Paulo César Ardison Oliveira, dono da Meeting Way, o apoio da escola é fundamental. "Já ouvi muito a frase "meu filho não mente", diz, referindo-se a alunos que não assumem seu mau comportamento para os pais.
"Disciplina e segurança estão intimamente ligadas", comenta Demian Topel, da Terra Nativa. Oliveira concorda. Para ele, quem põe em risco a sua vida ou a do colega tem que voltar para casa. Em viagens organizadas pela empresa, isso já aconteceu com um garoto prestes a jogar suco em pó na caixa-d'água de um acampamento e com outro que tirou o estrado da cama do amigo mantendo o colchão na posição normal, podendo machucá-lo.
Numa saída coordenada pela Chão Nosso, um estudante encheu a bagagem de fogos de artifício e foi suspenso pela escola. "Os fogos poderiam ter estourado e todo mundo podia ter morrido", lembra Thiago Vidigal Cavalcanti de Lacerda, um dos proprietários da empresa, espécie de braço pedagógico da operadora Biotrip.
Nem sempre o comportamento indisciplinar pode ter conseqüências tão graves. Certa vez o dono de um hotel de uma viagem organizada pela Quíron fechou o quarto de alguns estudantes por causa do caos existente lá dentro, segundo Silva, incluindo paredes imundas. "Os alunos pediram desculpas, arrumaram tudo e deixaram o quarto até melhor do que estava antes", lembra o proprietário da operadora.
Para resolver problemas de comportamento, não adianta medir forças com os alunos, na opinião de Oliveira, da Meeting Way. "O grande lance é conversar. A queda de braço não leva a nada."
Às vezes a própria forma como os monitores e os professores tratam os alunos influi no seu comportamento. Bruno Villamea Santos, 16, que viajou para as escolas do Objetivo de Angra dos Reis e de Manaus, diz que "o pessoal é tão legal que você fica com pena de bagunçar".
Professores e monitores ficam em vigília quase o tempo todo. Segundo as escolas e as operadoras, eles dormem depois dos alunos, levantam-se antes deles e mal têm tempo de comer.
Quando não existe algum professor da escola por perto, a coisa pode desandar. Como aconteceu há alguns anos numa viagem organizada pela Ambiental na qual se assistiu a um "recorde de jogar controles remotos na piscina do hotel", segundo um dos donos da operadora, Israel Waligora. "A gente nunca mais trabalha com essa escola."
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