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22/03/2004 - 03h24

Polêmica, Porto Seguro se agita até as 5h

da Folha de S.Paulo

Amada pelos jovens e rejeitada por alguns operadores especializados em viagens para estudantes, Porto Seguro, na Bahia, vira "point" de formandos ao longo do ano, promovendo festas que rolam até as cinco da manhã.

"Eu dormia no máximo uma ou duas horas por noite", conta Alex Eijito, 18, ex-aluno do colégio Arquidiocesano que visitou a cidade com os amigos no ano passado para comemorar a formatura. Ele diz que não participou do único city tour histórico oferecido para a turma porque perdeu a hora.

Também os formandos de 2003 do Colégio Stockler foram para a cidade, como Marina Racz, 18. Ela afirma que passava o dia nas barracas de praia dançando axé e tomando cerveja. "Cada noite eu ia para uma balada diferente."

Ela se refere às festas noturnas organizadas pela empresa Portonight (www.portonight.com.br), que incluem shows e luaus e cada dia da semana acontecem num local específico, que pode ser uma boate ou uma barraca de praia.

Os ingressos para tais festas variam de R$ 20 a R$ 30, de acordo com as atrações, e incluem transporte entre o hotel e a festa, segundo Anderson Guilherme Quaresma, o Geléia, gerente da Portonight. De acordo com ele, as casas vistoriam todos os clientes antes da sua entrada e proíbem a entrada de drogas e bebidas alcoólicas. Mas, dentro de ambientes tão grandes --a Barramares, por exemplo, tem capacidade para 10 mil pessoas--, nem sempre é possível controlar tão bem a venda de bebidas alcoólicas para menores.

Por esse e outros motivos, empresas como a Ambiental e a Quíron não operam viagens para a cidade. "Ali tudo é permitido, e o consumo de álcool é estimulado", diz Paulo Marcos R. Silva, da Quíron. "Porto Seguro é um exemplo de investimento errado em turismo", completa, citando ainda problemas ambientais causados pela grande quantidade de turistas. Demian Topel, da Terra Nativa, complementa: "É uma irresponsabilidade [levar o aluno] a um local que tem a passarela do Álcool como atrativo".

A Meeting Way organiza viagens para a cidade, mas as atividades e a hospedagem são fora do centro, em Arraial d'Ajuda ou Coroa Vermelha, para fugir do apelo do álcool, segundo o proprietário da empresa, Paulo Cesar Oliveira.

Porém o juiz da vara da infância e da juventude de Porto Seguro, Álvaro Marques de Freitas Filho, afirma que, desde que assumiu o cargo, no ano passado, tem aumentado a fiscalização nas casas e nas barracas da passarela do Álcool para multar e eventualmente fechar locais que vendam bebida alcoólica para menores.

Ele diz ter aumentado o número de plantões e diligências, dispensado alguns comissários da infância que não apresentavam autuações e enxugado o comissariado para ter condições de cobrar resultados. "Os empresários da noite me procuraram e tentei conscientizá-los sobre o problema."

Freitas Filho afirma que o combate ao consumo de álcool entre menores é uma das prioridades do seu trabalho, ao lado do combate à prostituição infantil e à atuação de menores infratores.

"Em São Paulo você vê muito mais brigas e drogas do que lá", diz Marina Racz, do Stockler. "Em Porto Seguro, há pessoas alegres e tortas, mas é bem sossegado." Segundo ela, os três adultos que acompanharam a turma não pegavam no pé da garotada, mas ficavam por perto se alguém precisasse de algo. "Cada um tem consciência do que está fazendo."

A viagem foi organizada pela Sampa Tour, que também faz programas educacionais com passeios pelo centro histórico e pelos mangues do rio João de Tiba. Para Jaime Minhoto, dono da empresa, os jovens não costumam ter problemas quando a viagem é organizada pela escola.

Neste ano, o terceiro ano do ensino médio do Magister fará uma viagem para Porto Seguro que aliará lazer ao estudo. "Eles sabem que se saírem do limite comprometerão toda a viagem", diz o diretor pedagógico Walter Armellei Junior, quando questionado sobre possível consumo de álcool e drogas.

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