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26/07/2004
-
02h47
da Folha de S.Paulo
HELOISA LUPINACCI
enviada especial da Folha de S.Paulo ao Rio de Janeiro
Países como EUA, França, Alemanha e Holanda "saíram do armário". Investem em campanhas oficiais para atrair viajantes GLS, tratando-os com prioridade, alegria e respeito. Têm escritórios de promoção de turismo com funcionários exclusivos para atender o mercado de gays e lésbicas e se autodenominam "gay-friendly", receptivos e de braços abertos para acolher esse turistas.
Embora imprecisos, os volumosos números sobre perfil, gastos e hábitos do turista GLS fazem brilhar os olhos de quem está atrás desse dinheiro dito "cor-de-rosa".
Nos EUA, uma pesquisa aponta que gays e lésbicas movimentam US$ 54,1 bilhões na indústria do turismo por ano. O turismo GLS cresce 20% ao ano em todo o mundo, segundo as empresas especializadas nesse segmento. Viajantes gays e lésbicas permanecem mais tempo nos destinos turísticos, o dobro de um hétero. Fazem de três a quatro viagens durante um ano e, além disso, gastam 30% a mais.
Para o diretor-adjunto do escritório de turismo da França na América Latina, Emmanuel Marcinkowski, o turismo GLS faz parte das cinco prioridades da Maison de la France no Brasil, órgão de fomento turístico da França, e de outros escritórios no mundo.
No Brasil, a Embratur não tem uma campanha para divulgar o país como destino GLS no exterior, e as iniciativas das secretarias de Turismo de Estados como Rio, São Paulo, Bahia e Amazonas dão os primeiros passos para fora do "armário".
Enquanto isso, as primeiras medidas são vistas numa iniciativa pioneira em São Paulo, com a recém-criada Abrat (Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes; www.abratgls.com.br), que reúne cinco agências especializadas e a rede Othon. O objetivo é qualificar o setor turístico através do treinamento, ensinando-o a lidar com gays e lésbicas de forma natural, sem "bas-fond" e com respeito, para que o Brasil seja reconhecido como um destino "gay-friendly".
A falta de habilidade no trato com o gay ou lésbica é comum.
Ao pedir um quarto para casal, o músico paulistano Bruno Tozzi, 37, ganhou um com duas camas de solteiro em Taubaté (SP), quando a recepção viu que seu acompanhante era um homem.
"As pessoas ainda ficam cheias de dedos", diz o presidente da Abrat, Nilton Paiva.
Na questão do turismo GLS, há quem o confunda com o turismo sexual, ou a "caçação". "É preciso acabar com o preconceito e entender que esse tipo de negócio não tem nada a ver com turismo sexual", diz Gilberto de Araújo, 37, diretor da Speedy Tour, que opera também pacotes GLS.
"Gay-friendly"
"Bombam" na lista das cidades queridinhas e receptivas para GLS São Paulo, Camboriú e Florianópolis (SC), Rio e Salvador, Juiz de Fora, Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais, e Parati, no Rio, essa última considerada super "friendly".
O Rio é mais procurado por estrangeiros, em busca não só de um destino GLS mas também das paisagens mundialmente famosas da cidade. O turista nacional ruma para outras paragens, já a noite gay do Rio é bem menor, por exemplo, que a de São Paulo.
No exterior, Miami Beach, Fort Lauderdale (Flórida) e San Francisco (Califórnia) dividem espaço em sites de turismo gay com Buenos Aires, Praga, Budapeste, além de Amsterdã e Londres, e de países como África do Sul e Austrália.
O que faz esses lugares "bombarem", segundo as pessoas ouvidas pela Folha, são ambiente democrático, diversidade, vida noturna agitada, artes, cultura, arquitetura e privacidade.
Porém para um lugar entrar na lista negra do turismo GLS não é preciso muito esforço. "A propaganda desse público é muito no boca a boca. Se um gay é maltratado em algum lugar, em pouco tempo a comunidade toda fica sabendo", explica Adriana Nunan, especialista nesse mercado.
Vale dizer que nem sempre o destino que agrada aos gays é de gosto das lésbicas. "A preferência [delas] é por um turismo artesanal, onde tenha mais natureza", diz Franco Reinaudo, diretor da agência Álibi Turismo.
Saber o que elas querem tanto é mais complexo que a Filadélfia, que lançou uma campanha de US$ 1 milhão a ser gasto em três anos para atrair o viajante gay e lésbica, esperará até 2006 para fazer promoções para as meninas.
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Turismo GLS decide "sair do armário"
MARGARETE MAGALHÃESda Folha de S.Paulo
HELOISA LUPINACCI
enviada especial da Folha de S.Paulo ao Rio de Janeiro
Países como EUA, França, Alemanha e Holanda "saíram do armário". Investem em campanhas oficiais para atrair viajantes GLS, tratando-os com prioridade, alegria e respeito. Têm escritórios de promoção de turismo com funcionários exclusivos para atender o mercado de gays e lésbicas e se autodenominam "gay-friendly", receptivos e de braços abertos para acolher esse turistas.
26.jun.2004/Reuters |
Ativista dos direitos homossexuais segura a bandeira do arco-íris durante parada gay de El Salvador |
Embora imprecisos, os volumosos números sobre perfil, gastos e hábitos do turista GLS fazem brilhar os olhos de quem está atrás desse dinheiro dito "cor-de-rosa".
Nos EUA, uma pesquisa aponta que gays e lésbicas movimentam US$ 54,1 bilhões na indústria do turismo por ano. O turismo GLS cresce 20% ao ano em todo o mundo, segundo as empresas especializadas nesse segmento. Viajantes gays e lésbicas permanecem mais tempo nos destinos turísticos, o dobro de um hétero. Fazem de três a quatro viagens durante um ano e, além disso, gastam 30% a mais.
Para o diretor-adjunto do escritório de turismo da França na América Latina, Emmanuel Marcinkowski, o turismo GLS faz parte das cinco prioridades da Maison de la France no Brasil, órgão de fomento turístico da França, e de outros escritórios no mundo.
No Brasil, a Embratur não tem uma campanha para divulgar o país como destino GLS no exterior, e as iniciativas das secretarias de Turismo de Estados como Rio, São Paulo, Bahia e Amazonas dão os primeiros passos para fora do "armário".
Enquanto isso, as primeiras medidas são vistas numa iniciativa pioneira em São Paulo, com a recém-criada Abrat (Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes; www.abratgls.com.br), que reúne cinco agências especializadas e a rede Othon. O objetivo é qualificar o setor turístico através do treinamento, ensinando-o a lidar com gays e lésbicas de forma natural, sem "bas-fond" e com respeito, para que o Brasil seja reconhecido como um destino "gay-friendly".
A falta de habilidade no trato com o gay ou lésbica é comum.
Ao pedir um quarto para casal, o músico paulistano Bruno Tozzi, 37, ganhou um com duas camas de solteiro em Taubaté (SP), quando a recepção viu que seu acompanhante era um homem.
"As pessoas ainda ficam cheias de dedos", diz o presidente da Abrat, Nilton Paiva.
Na questão do turismo GLS, há quem o confunda com o turismo sexual, ou a "caçação". "É preciso acabar com o preconceito e entender que esse tipo de negócio não tem nada a ver com turismo sexual", diz Gilberto de Araújo, 37, diretor da Speedy Tour, que opera também pacotes GLS.
"Gay-friendly"
"Bombam" na lista das cidades queridinhas e receptivas para GLS São Paulo, Camboriú e Florianópolis (SC), Rio e Salvador, Juiz de Fora, Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais, e Parati, no Rio, essa última considerada super "friendly".
O Rio é mais procurado por estrangeiros, em busca não só de um destino GLS mas também das paisagens mundialmente famosas da cidade. O turista nacional ruma para outras paragens, já a noite gay do Rio é bem menor, por exemplo, que a de São Paulo.
No exterior, Miami Beach, Fort Lauderdale (Flórida) e San Francisco (Califórnia) dividem espaço em sites de turismo gay com Buenos Aires, Praga, Budapeste, além de Amsterdã e Londres, e de países como África do Sul e Austrália.
O que faz esses lugares "bombarem", segundo as pessoas ouvidas pela Folha, são ambiente democrático, diversidade, vida noturna agitada, artes, cultura, arquitetura e privacidade.
Porém para um lugar entrar na lista negra do turismo GLS não é preciso muito esforço. "A propaganda desse público é muito no boca a boca. Se um gay é maltratado em algum lugar, em pouco tempo a comunidade toda fica sabendo", explica Adriana Nunan, especialista nesse mercado.
Vale dizer que nem sempre o destino que agrada aos gays é de gosto das lésbicas. "A preferência [delas] é por um turismo artesanal, onde tenha mais natureza", diz Franco Reinaudo, diretor da agência Álibi Turismo.
Saber o que elas querem tanto é mais complexo que a Filadélfia, que lançou uma campanha de US$ 1 milhão a ser gasto em três anos para atrair o viajante gay e lésbica, esperará até 2006 para fazer promoções para as meninas.
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