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02/11/2006
-
09h21
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Terra do Fogo
Sem cassino, sem shows, sem noite de gala com o capitão e sem piscina ao ritmo de "olha a onda", o cruzeiro a bordo do Via Australis é feito sob medida para o passageiro, ou melhor, para o "expedicionário", como é tratado pela tripulação.
O embarcado tem de preferir sessões de documentários a noites na discoteca do navio e curtir palestras sobre história e geografia da Terra do Fogo e da Patagônia, que irá ver in loco.
Saindo de Ushuaia, na Argentina, em cruzeiro de três ou quatro dias rumo a Punta Arenas, no Chile, ou vice-versa, a embarcação navega por canais, baías, pelo estreito de Magalhães etc. Todos os dias, os hóspedes tomam os botes zodiac e, nas águas dos canais, têm uma atividade: ver glaciares, caminhar por bosques até mirantes ou por entre pingüins ou elefantes-marinhos.
É preciso ter um kit básico para poder fazer todos os passeios tranqüilamente, sem sentir frio: gorro, luvas, calças e casaco impermeáveis. O navio disponibiliza botas e capas de plástico. No caso das botas, é preciso ser rápido no primeiro dia.
Quem calça um daqueles números mais comuns corre o risco de ficar sem o seu par e ter de se virar com um número maior ou um menor. Caso tenha se esquecido de levar algo, lojas em Ushuaia vendem os itens necessários a preços nada extravagantes.
Prepare-se para marear no primeiro dia. O balanço em direção ao cabo Horn é forte. Não hesite em ir para cama. E, durante a refeição, recuse qualquer líqüido --até mesmo os vinhos chilenos que integram a carta. Empanturre-se de massa e pãezinhos --dicas do garçom, altamente eficientes.
A bordo, a rotina começa cedo. Há desembarques em que é preciso estar pronto para receber instruções às 7h. Para ver a avenida dos glaciares, num dos braços do Beagle, desperta-se às 6h para o desfile de Holanda, França, Itália, Alemanha e Romanche, nomes das geleiras.
Dica: hóspedes de cabines pares no sentido Ushuaia-Punta Arenas os vêem da cama. Após o passeio, toma-se o café da manhã. Enquanto o barco segue navegando, há momentos para tudo.
Para ler, tirar uma soneca, se encostar no bar, bater papo, participar das palestras, assistir a uma aula meio sem graça de decoração da centolla --tipo de caranguejo das terras austrais, famoso e aguardado prato. Após o jantar, há aula de coquetelaria e sessão de cinema, em que se exibem documentários como a "Marcha do Imperador".
Com decoração sóbria tanto na área comum quanto nas amplas cabines e um bar onde não faltam coquetéis, como piña colada, pisco e até caipirinha, o clima no Via Australis é de descontração. Não há como ser diferente, já que, depois de alguns passeios, volta-se desgrenhado.
Como a capacidade do barco de 2005, que ainda não completou 20 viagens, é para 136 passageiros, a interação é natural.
Mesmo que os expedicionários sejam de diversos países (16 no cruzeiro em que a Folha participou) e tenham idades variadas --a faixa dos 40 se sobressaiu-, todos conversam nessa "torre de Babel".
A paisagem também promove o romance. Sete casais de italianos e espanhóis comemoravam a lua-de-mel. A saber: quem não tiver completado o enlace pode receber a bênção do capitão do navio, que, aliás, já foi requisitado para a tarefa.
Margarete Magalhães viajou a convite do companhia Cruceros Australis
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MARGARETE MAGALHÃESEnviada especial da Folha de S.Paulo à Terra do Fogo
Sem cassino, sem shows, sem noite de gala com o capitão e sem piscina ao ritmo de "olha a onda", o cruzeiro a bordo do Via Australis é feito sob medida para o passageiro, ou melhor, para o "expedicionário", como é tratado pela tripulação.
O embarcado tem de preferir sessões de documentários a noites na discoteca do navio e curtir palestras sobre história e geografia da Terra do Fogo e da Patagônia, que irá ver in loco.
Saindo de Ushuaia, na Argentina, em cruzeiro de três ou quatro dias rumo a Punta Arenas, no Chile, ou vice-versa, a embarcação navega por canais, baías, pelo estreito de Magalhães etc. Todos os dias, os hóspedes tomam os botes zodiac e, nas águas dos canais, têm uma atividade: ver glaciares, caminhar por bosques até mirantes ou por entre pingüins ou elefantes-marinhos.
É preciso ter um kit básico para poder fazer todos os passeios tranqüilamente, sem sentir frio: gorro, luvas, calças e casaco impermeáveis. O navio disponibiliza botas e capas de plástico. No caso das botas, é preciso ser rápido no primeiro dia.
Quem calça um daqueles números mais comuns corre o risco de ficar sem o seu par e ter de se virar com um número maior ou um menor. Caso tenha se esquecido de levar algo, lojas em Ushuaia vendem os itens necessários a preços nada extravagantes.
Prepare-se para marear no primeiro dia. O balanço em direção ao cabo Horn é forte. Não hesite em ir para cama. E, durante a refeição, recuse qualquer líqüido --até mesmo os vinhos chilenos que integram a carta. Empanturre-se de massa e pãezinhos --dicas do garçom, altamente eficientes.
A bordo, a rotina começa cedo. Há desembarques em que é preciso estar pronto para receber instruções às 7h. Para ver a avenida dos glaciares, num dos braços do Beagle, desperta-se às 6h para o desfile de Holanda, França, Itália, Alemanha e Romanche, nomes das geleiras.
Dica: hóspedes de cabines pares no sentido Ushuaia-Punta Arenas os vêem da cama. Após o passeio, toma-se o café da manhã. Enquanto o barco segue navegando, há momentos para tudo.
Para ler, tirar uma soneca, se encostar no bar, bater papo, participar das palestras, assistir a uma aula meio sem graça de decoração da centolla --tipo de caranguejo das terras austrais, famoso e aguardado prato. Após o jantar, há aula de coquetelaria e sessão de cinema, em que se exibem documentários como a "Marcha do Imperador".
Com decoração sóbria tanto na área comum quanto nas amplas cabines e um bar onde não faltam coquetéis, como piña colada, pisco e até caipirinha, o clima no Via Australis é de descontração. Não há como ser diferente, já que, depois de alguns passeios, volta-se desgrenhado.
Como a capacidade do barco de 2005, que ainda não completou 20 viagens, é para 136 passageiros, a interação é natural.
Mesmo que os expedicionários sejam de diversos países (16 no cruzeiro em que a Folha participou) e tenham idades variadas --a faixa dos 40 se sobressaiu-, todos conversam nessa "torre de Babel".
A paisagem também promove o romance. Sete casais de italianos e espanhóis comemoravam a lua-de-mel. A saber: quem não tiver completado o enlace pode receber a bênção do capitão do navio, que, aliás, já foi requisitado para a tarefa.
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