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HQ explora dimensões filosóficas e místicas da existência humana
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DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO
"As coisas caem para baixo."
Parte dessa frase pode parecer supérflua. Afinal, cair para cima é que não dá, conforme ensina a experiência cotidiana e os escritos de cientistas como Galileu Galilei e Isaac Newton.
Mas, no universo fictício do gibi "Homem Gravidade Zero" (ed. Jaboticaba, R$ 39, 152 págs.), a física não funciona necessariamente do jeito que ela é ensinada nas escolas e universidades. É que a HQ, apesar de partir do mundo real, explora as dimensões filosóficas e místicas da existência humana.
O livro tem um tom místico do início ao fim, com direito a um protagonista (Jacques Henri Boj) explorando a floresta amazônica e conversando com gurus indígenas sobre coisas enigmáticas como ouvir o silêncio.
Nos bate-papos, pululam frases poéticas, a exemplo de "Se não fosse pelas pedras no seu leito, o rio não teria canção". Em alguns casos, a poesia é tanta que beira o "nonsense" --ou um significado que, de tão profundo, fica um pouco raso: "O mistério para desvendar a gravidade está na essência humana".
Nesse contexto, o próprio nome do protagonista entra na atmosfera de misticismo exagerado. Na floresta, em vez de Boj, ele passa a se chamar "O Vento que Sopra nas Árvores".
Reprodução | ||
RUMO AOS EUA
"Homem Gravidade Zero" é, em diversos aspectos, um trabalho incomum para o mercado brasileiro. Além da temática filosófica e ambiental, há o quesito investimento editorial. Publicado em papel couché, com 152 páginas coloridas, tem direito também a capa com quinta cor (efeito em que parte da ilustração brilha).
No primeiro semestre de 2011, o título deve chegar aos EUA, em inglês, em esforço de internacionalizar a produção.
O roteiro é assinado por Leo Slezynger, formado em literatura e filosofia pela Universidade de Boston (EUA) e conselheiro do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo). Filippo Croso, empresário ambiental, entra como co-autor.
O traço fica por conta de Kris Zullo, diretor de arte da revista "Recreio" (ed. Abril), cujos desenhos impressionam pelo bom uso do espaço narrativo da história em quadrinhos --há variação do tamanho dos quadros e da posição, mostrando domínio da técnica. As cores e o estilo de rabiscar lembram os trabalhos do mercado europeu, tipo "Astérix".
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