Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Comida

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

A Gourmet

Tendências gastronômicas mundo afora

ALEXANDRA FORBES

O segundo Can Roca

Restaurante dos pais dos irmãos Roca cobra meros € 10 por almoço na mesma rua do dos filhos famosos

Atire a primeira pedra quem nunca foi a um restaurante só por sua fama, com a intenção de riscá-lo de sua lista de experiências até então inatingidas. Pronto! Já dá para contar aos amigos como foi comer no número um no ranking ou guia tal. Tive essa sensação de missão cumprida quando almocei no lendário Noma, em Copenhague.

Este ano, o El Celler de Can Roca, em Girona, na Catalunha, ultrapassou o Noma, tomando a primeira posição no mais influente de todos os rankings, a lista britânica dos 50 melhores restaurantes do mundo.

Jantei lá uns dias atrás (€ 140) e, embora tenha sido absolutamente uma noite de sonho, minha grande epifania veio só no dia seguinte, almoçando em outro restaurante na mesma rua: uma bodega, praticamente, servindo um menu curto e simples, a € 10 (cerca de R$ 30).

Mergulhei na Catalunha: comecei com fideuà, um macarrãozinho típico, com intenso sabor de camarões. O prato principal --gordos nacos de vitela com cogumelos-- tinha gosto de comida de mãe. Arrema-tei com crema catalana, sua cros- ta caramelada perfeitamente quebradiça. Dez euros?!

A bodega chama-se Can Roca e é tocada pelos pais dos celebrados irmãos Roca do El Celler.

Ali cresceram, pegados à barra da saia da mãe, aprendendo o negócio. Ali segue ela, dona Montserrat Fontané, 77, dando expediente diariamente, sorriso no rosto. "O importante é ter saúde para trabalhar", explica. "Não aumento o preço porque meus clientes não têm culpa que meus filhos sejam famosos."

Na ida anterior, havia passado meras cinco horas em Girona, comendo no Celler. Desta vez, dormi duas noites na cidade.

Quem persegue experiências gastronômicas não deve se esquecer de olhar para os lados pelo caminho.

Quando fui a Copenhague, acabei gostando mais da comida do despojado Relae do que a do Noma, por exemplo. Um ditado americano diz: "Não se esqueça de parar e cheirar as rosas". Em viagens gastronômicas, não há conselho mais valioso.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página