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Ducasse serve piquenique de luxo em jantar em Mônaco

Na falta de relva, a praça no Hôtel de Paris foi coberta por grama artificial

Mote foi comemoração dos 150 anos da empresa da família do príncipe Albert 2º, a Monte-Carlo SBM

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA, EM MÔNACO

Vinte e cinco anos depois de assumir o restaurante que o projetaria para o topo da gastronomia mundial --o Le Louis 15, no Hôtel de Paris (principado de Mônaco)-- e enquanto planeja abrir uma casa no Brasil, Alain Ducasse protagonizou no último dia 5 um jantar marcante na praça diante do seu restaurante.

O mote foi a comemoração dos 150 anos da empresa da família do príncipe Albert 2º, a Monte-Carlo SBM, que, entre seus inúmeros negócios, tem o hotel e o cassino que emolduram a praça onde Ducasse fez seu show.

Foi um "dîner sur l'herbe", citando o quadro "Le Déjeuner sur l'Herbe" (o almoço na relva), de Édouard Manet, concluído em 1863.

Na falta de relva, a praça foi coberta por grama artificial. Para surpresa dos mais de 500 convidados, o que os garçons trouxeram à mesa (ou melhor, ao chão, ao lado de cada um) foram cestas de piquenique.

Dentro delas, latinhas, potes e vidros com as iguarias de Ducasse --os dez itens incluíam camarões de San Remo en gelée, culatello italiano com melão, peito de pato com foie gras e trufas, ossobuco com nhoque de batatas, queijos, morangos silvestres com sorbet de mascarpone...

"Este menu representa a cozinha do futuro", comentou Ducasse horas antes do jantar. O chef monegasco (ele abdicou da cidadania francesa) conseguiu pela primeira vez as três estrelas do guia Michelin no Louis 15 --então com 56 anos, foi o mais jovem a alcançar o posto.

Mas de lá para cá montou um império com mais de 20 restaurantes, três deles com a cotação máxima Michelin (em setembro, assume mais um, o do Le Meurice de Paris). No sul da França e na Itália, ele faz uma cozinha "ítalo-mediterrânea". Em Paris ou Londres, cozinha francesa com ares contemporâneos. E nos últimos anos, cozinha mais básica nos bistrôs que vem comprando.

Mas sempre em torno de uma cruzada: mudar os padrões de alimentação.

"O mundo está despertando para um interesse maior pela comida; numa sociedade frenética, começa a se valorizar os momentos de parar, se reunir, compartilhar momentos à mesa."

E prossegue: "no entanto, é preciso comer diferente: menos proteína animal, menos gordura, menos sal, menos açúcar. É preciso comer mais cereal, mais legumes e mais produtos locais. É mais barato, viável e saudável."

No passado, mais crítico à cozinha de vanguarda capitaneada pelos espanhóis, hoje ele ameniza as invectivas: "É sempre bom ter novas visões, colocar questões; são reflexões que sempre deixam algo, ajudam a compreender o que se passa no mundo."

Mas, pessoalmente, ele caminha para longe das experimentações. Cada vez mais agrega bistrôs tradicionais a seu portfólio --o mais conhecido é o velho Benoit, de Paris, agora com filiais em Nova York e Tóquio, e o mais recente, o também parisiense Allard, de 1932.

As investidas nos bistrôs de Paris não significam que para aqui sua expansão pela alta gastronomia ou pelo mundo.


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