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A gourmet

Tendências gastronômicas mundo afora

Para os fortes, não há crise

Quando os tempos estão bicudos, o paulistano não para de comer fora, apenas não arrisca cair em roubada

ALEXANDRA FORBES

Este jornal publicou recentemente reportagem sobre como está mais caro comer fora, mas que mesmo assim "a maioria dos paulistanos (...) não deixou de ir a restaurantes nos últimos seis meses".

Acabo de passar cinco semanas em São Paulo --comendo fora quase toda noite-- e ouvi falar o tempo todo da controvérsia dos preços altos. Comparações com Nova York e Londres, pesquisas, restaurateurs defendendo-se nos jornais e amigos reclamando de contas altas.

Cansei do assunto, mas antes de varrê-lo para longe, pergunto: não estaríamos testemunhando a lei de Darwin se impondo? A questão resume-se assim: os restaurantes, por motivos variados, aumentaram os preços e com isso --além de outros fatores como a nascente recessão e os arrastões-- muitos esvaziaram-se. Mas como explicar que tantos outros continuem cheíssimos?

Fui ao japonês Ohka, no Itaim, em uma segunda-feira (conta de R$ 300 por pessoa). Caro? Sim, mas tinha espera. Jantei no (também caro) Fasano na noite seguinte: lotado! Testemunhei salões cheios também no Maní, no Attimo, no Piselli, no Tappo Trattoria, no Parigi, no 348, no Gero, no Dalva e Dito e no D.O.M. --mesmo em julho, mês de férias.

Também vi restaurantes às moscas: Fisherman's Table, Nakka e Gusto, todos no Itaim --só para citar alguns. Culpa dos preços? Não acho. Simplesmente, não acertaram no alvo, não acharam clientela, fizeram algo errado.

Quando os tempos estão bicudos como agora, o paulistano que tem dinheiro no banco não para de sair para jantar fora: apenas não arrisca cair em roubada.

Estou falando de um microcosmo, é claro: restaurantes relativamente caros, do eixo Itaim-Jardins, frequentados por um público rico que de modo geral tarda mais a ser afetado por crises financeiras. Mas dentro desse microcosmo está claro: os perdedores estão sentindo o baque enquanto para os queridos do público não há temporal à vista --muito pelo contrário. Os fortes sobreviverão, como Darwin já dizia.


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