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A Gourmet

Tendências gastronômicas mundo afora

Um jantar vale R$ 1.220?

ALEXANDRA FORBES

Hoje, quanto mais ambicioso o chef, maior a chance de oferecer menu-degustação

Nada como uma conta de R$ 1.220 por 13 pratos e cinco copos de vinho para fazer repensar o valor de um menu-degustação. Foi o que gastei, na semana passada, no Frantzén/Lindeberg, em Estocolmo, para me sujeitar a quatro horas de um sem fim de bocados elaboradíssimos, explicados pelo chef-proprietário, Björn Frantzén, em pessoa.

É muito dinheiro. É muito tempo para passar sentada, comendo e bebendo. E é muita fé em uma equipe que nunca vi antes. Não pude escolher o que comer, tampouco me contaram qual seriam os vinhos. Para muitos, um investimento estúpido.

Neste mês, a "Vanity Fair" publicou controvertida reportagem sobre a "tirania" em restaurantes de chefs famosos onde, cada vez mais, é tudo (longuíssima sucessão de pratinhos "autorais") ou nada. Diz o autor: "A reserva foi quase impossível de conseguir. A refeição irá custar centenas de dólares. O chef é um gênio culinário. Mas, na era do menu-degustação de 40 serviços que dura quatro horas, há um ingrediente faltando: qualquer interesse no que (ou quanto) o cliente quer comer".

Hoje, quanto mais ambicioso o chef, maior a chance de oferecer menu-degustação (no 41º, de Albert Adrià, em Barcelona, são 41; no Eleven Madison Park, em Nova York, 16), sem opção à la carte, cobrando caro.

Quem quer comer tanto? Apaixonados como eu, para quem esses jantares equivalem à apresentação do Coldplay ou do Bolshoi. Ninguém vai obrigado ou sem saber o que lhe espera: pelo espetáculo, paga quem quer (e no Alinea, em Chicago, é literalmente um ingresso que se compra).

Se tais menus existem -e continuam se alongando- há demanda.

A resposta para a pergunta que sempre me fazem ("mas compensa?!") é simples. Em casos como o Frantzén/Lindeberg -comida muito boa, altos e baixos nos vinhos e certa frieza no serviço-, o ardido da conta marca a memória com mais força do que o resto. Mas quando acerta-se no alvo e tudo transcorre maravilhosamente, as horas voam, os pratos não pesam, flutuo de tão feliz. Aí, sim, vale cada centavo.


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